Os desafios corporativos em relação ao engajamento dos colaboradores vai muito além das estratégias para mantê-los felizes, motivados e dispostos a seguir no negócio. Segundo o relatório Trend Report C.I., da Comunica.in, realizado a partir da análise de comportamento de 270 mil profissionais, um dos grandes obstáculos para as empresas se conectarem melhor com os colaboradores está na comunicação. O estudo revela, por exemplo, que 6 a cada 10 funcionários não fazem a mínima questão de ler comunicados soltados pelas companhias.

Para o consultor e especialista em Recursos Humanos, Agnaldo Silva, isso se dá porque muitas organizações não tornam a sua comunicação menos burocrática, se apegando a métodos únicos para todos os funcionários e não focando em identificar o que funcionaria melhor para cada um e para cada setor.

“Será que a mesma forma de se comunicar com colaboradores no escritório, que usam celulares e computadores ao longo do expediente, é igualmente funcional para quem faz trabalhos braçais no chão de fábrica? Obviamente que não. Não adianta, então, mandar dezenas de e-mails, por exemplo. É necessário pensar estrategicamente não apenas para que a informação seja acessível a todos, mas também para que seja interessante”, diz.

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Comunicação tem que ser estratégica

Em artigo, a CMO do Comunica.in, Lana Wigand (capa), ressalta que a comunicação não pode ter excessos. Não é anormal que alguns comunicados cheguem às pessoas com textos grandes, linguagem extremamente formal, sem destaque dos pontos principais e também sem qualquer indicador de relevância. De tal modo, é fácil que passem despercebidos.

Comunicadores internos são curadores de conteúdo e responsáveis pelos comunicados que chegam até o colaborador. O primeiro passo é, então, fazer alguns autoquestionamentos: Como estamos estimulando a atenção do público interno?  Estamos contribuindo para a sobrecarga de informações que chegam até esses trabalhadores? É preciso bom senso, empatia e, quando possível, se utilizar das ferramentas e tecnologia disponíveis para se comunicar de forma mais inteligente e eficiente”, diz.

Silva corrobora que as organizações precisam ter a compreensão de que, quando 60% dos profissionais ignoram comunicados, o problema está nelas e não nos colaboradores.

“Os comunicados não têm que ser chatos. Eles devem ser objetivos, chamativos e, se possível, abordados de diversas formas e linguagens. Não se limite ao e-mail, use o WhatsApp, banners internos, canais de comunicação, o que facilitar para que chegue da base da empresa à alta gestão. Desapegue de preconceitos como ‘o brasileiro não gosta de ler’, pois esse tipo de estereótipo acomoda as empresas, que culpam os colaboradores por não se preocuparem com comunicados falhos”, orienta.

Outros pontos destacados no estudo da Comunica.in revelam que as ONGs conseguem alto engajamento com as suas comunicações, sendo vistas por 74,5% dos envolvidos. O setor de indústrias fica com o índice mais positivo entre as atividades de mercado, com 51,6% de taxa de abertura, enquanto o pior saldo é o do setor imobiliário, que não chega nem aos 24%. A recomendação de Lana é que as empresas busquem identificar o que é relevante e o que não para melhorar suas estratégias.

“É importante buscar equilíbrio entre o que deseja comunicar e o que as pessoas precisam/querem saber. O processo de escuta do público interno, por meio de pesquisas, é essencial para encontrar esse equilíbrio. Descubra as preferências em questão de conteúdo, o que é relevante de fato para cada público, os canais mais eficientes, horários, etc. Assim, é possível criar conteúdos cada vez mais relevantes e transparentes. Antes de se comunicar, defina qual é o objetivo da sua comunicação. Informar, parabenizar, educar sobre algum assunto, convidar para uma ação etc.”, finaliza.

Por Bruno Piai