A maior pesquisa sobre denúncias corporativas na América Latina, realizada anualmente Aliant, empresa especializada em soluções completas para Governança, Compliance, Ética, Privacidade e ESG, registrou aumento de 30% em 2022 quando analisado o número de relatos a cada mil colaboradores. A pesquisa foi baseada nos relatos de 630 grupos empresariais de diferentes portes e segmentos.

Trata-se de um recorde desde o início do estudo, que passou a ser realizado ano após ano desde 2007. Em 2021 foram registradas 5,4 denúncias a cada mil colaboradores e, em 2022, a pesquisa aponta 7 relatos por esse mesmo montante de profissionais, ou seja, um aumento de 30%. Já em relação ao volume total de denúncias, que atingiu 152 mil casos em 2022, o crescimento foi de 21,5% ante o ano anterior, que registrou 125 mil relatos.

“Consideramos que o aumento significativo dos relatos neste ano seja o resultado de uma conjunção de fatores: a conscientização do público em relação a comportamentos que não são mais aceitos; a multiplicação de canais nas empresas, seja por iniciativa própria ou por novas legislações; e a ampliação da confiança na eficácia dos canais, sendo considerado hoje a forma mais segura de relatar um tema de forma anônima e sem retaliações”, explica Fernando Fleider, CEO da ICTS, controladora da Aliant.

Uma das tipologias que segue crescendo anualmente, com exceção do período de pandemia, que registrou queda, é o relacionamento interpessoal, que envolve desvios de comportamento e práticas abusivas, como assédios moral e sexual, discriminação e agressões físicas. O volume de denúncias representou 54%, ou seja, 82 mil relatos. Somente os casos de práticas abusivas representaram 29% das denúncias, porém, os casos de assédio moral e sexual seguem crescendo e registraram aumento de 13%.

“Sobre esse crescimento, questões de diversidade e inclusão são cada vez mais pauta da nossa sociedade e, consequentemente, da agenda corporativa. Falar sobre estes assuntos oferece clareza para a identificação de irregularidades, que vêm sendo cada vez mais reportadas aos canais de denúncia”, complementa Fleider.

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Os casos de má-fé também tiveram aumento, chegando a 12% e, dentro dessa tipologia, roubo e furto registraram crescimento de 85%, o que reflete num retrato de crise e maior dificuldade financeira das pessoas. Já os casos de descumprimento de leis, normas e procedimentos registram queda de 20%, o que mostra maior difusão das políticas.

Líderes e gestores, pela responsabilidade intrínseca sobre liderados, suas rotinas e progressão de carreira, continuam sendo os mais denunciados, somando 63% dos perfis relatados.  Consequentemente, pela visão de ‘liderança pelo exemplo’, devem ser o foco de ação direcionada do programa de Ética e Compliance das organizações.

Canal de Denúncias

O modelo de denúncia anônima também segue na liderança, com 61% dos casos relatados e, em relação às ferramentas utilizadas para o relato, a plataforma eletrônica registrou aumento, sendo usado em 68% dos casos, enquanto o uso do telefone reduziu dez pontos percentuais em relação a 2021, chegando a 21%. Nota-se que ainda há necessidade de acolhimento e, sem sombra de dúvidas, este é o meio mais eficiente para se coletar os detalhes dos fatos, facilitando a apuração até sua constatação.

Também foi registrado aumento de 15% no tempo médio de apuração, passando de 47 para 54 dias, mostrando que as empresas estão se dedicando mais ao aprofundamento dos casos.

Por Redação