Presenteísmo é o fato de o trabalhador estar no trabalho de corpo presente, ou seja, batendo cartão, mas tendo a sua capacidade laborativa limitada em função de problemas físicos ou psíquicos que o tornam ausente, desconectado do trabalho, com os pensamentos longe das atividades que precisa desenvolver.

Trabalhadores que apresentam os sintomas de presenteísmo são um problema para ele próprio, para a família, para a organização à qual trabalha e para o governo, enfim, constrói-se uma rede de perdas que, se não tratada, poderá inclusive culminar com a incapacidade para o trabalho.

A prática do presenteísmo não tem nenhuma relação com mau-caratismo do trabalhador ou uma suposta má vontade. Fato é que inconscientemente o trabalhador é ‘obrigado’ a se abster do trabalho, em virtude de uma resposta inconsciente e automática da mente em função dele estar exposto por longo período a uma grande carga de estresse em seu local de trabalho.


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Muitas vezes é possível encontrar o presenteísmo associado à Síndrome Burnout, mas isso não é uma condição obrigatória. O RH deve, conjuntamente com o departamento de saúde e segurança do trabalhador, ficar em alerta.
Tal estado de vigilância é fundamental, pois hoje as organizações estudam e abordam em suas práticas os problemas relacionados ao absenteísmo, mas absolutamente nada tem sido feito para prevenir e combater o presenteísmo.

Pesquisa recente publicada pela International Stress Management Association no Brasil (ISMA-BR), que entrevistou 1.000 trabalhadores com idades entre 25 e 60 anos, apontou que 89% relataram que o comportamento presenteísta vinha com dores de cabeça acompanhadas de dores musculares, confirmando que o comportamento desencadeia no trabalhador sintomas físicos e emocionais, apresentando esgotamento físico e mental.

A pesquisa também apurou que aproximadamente 23% dos trabalhadores apresentam o comportamento presenteísta e que no setor industrial os números podem chegar à impressionante marca de 35%.

Interessante observar que a ‘cultura do presenteísmo’ nas organizações pode inclusive ocorrer pelo excesso de comprometimento, que é um comportamento estimulado pela forte competitividade. A presença assídua de certo modo evita o ‘absenteísmo’, mas provoca forte pressão mental na psique do trabalhador, que evita a todo custo o seu afastamento do local de trabalho, apesar de suas limitações.

O presenteísmo pode estar associado também a fatores externos à organização. Acumulados com os estressores organizacionais, estes levam o colaborador a exercer o comportamento presenteísta. Nesse contexto, obter informações da vida pessoal do trabalhador – com o seu consentimento, é claro! –, como a qualidade do seu sono, alimentação e prática de atividades físicas, pode ajudar o RH a mapear ações que visem à prevenção do presenteísmo.

Até porque fatores como insônia e incapacidade, quando medidos por fatores somáticos e psicológicos, apontam para uma relação direta entre a qualidade do sono e o comportamento presenteísta.

Nesse sentido, o desafio do RH tem sido o de identificar precocemente os casos de presenteísmo entre seus colaboradores, o que pode ser feito através do relato de queixas, do acompanhamento mais de perto realizado por profissionais do desenvolvimento humano nas organizações, como psicanalistas e psicólogos, e por diagnósticos especializados.

Uma vez realizados, tudo isso ajudará a direcionar as ações do RH no trato desta questão importante e urgente.

Presenteísmo: o prejuízo que o RH não vê

Por Renato Lisboa, neuropsicanalista, autor do best seller “3 Segundos: Escolhas que transformam a vida“, vice-presidente da Abrapcoaching e CEO do Instituto Lisboa.

 

 

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