Nos últimos tempos o Burnout tem estado em evidência e, desde o início de 2022, passou a ser reconhecido como Doença Ocupacional pela OMS (Organização Mundial da Saúde), o que implica no reconhecimento da (co)responsabilidade das organizações/ empresas no processo de adoecimento.

A Síndrome de Burnout (também conhecida como Síndrome do Esgotamento Profissional) é caracterizada pelo esgotamento resultante do estresse excessivo e prolongado no local de trabalho. Embora relacionada ao estresse e apresentando muitos sintomas semelhantes, se diferencia deste e é caracteriza por três dimensões:

  • sentimentos de exaustão e fadiga emocional.
  • distanciamento emocional e sentimentos de negativismo relacionados ao trabalho e às pessoas.
  • perda de interesse no trabalho, diminuição da efetividade e desempenho.

Muitas pessoas acometidas pelo Burnout costumavam ser extremamente comprometidas e engajadas no trabalho. Quando surge a doença a pessoa se distancia emocionalmente, como se o trabalho perdesse o sentido. As pessoas que desenvolvem esta síndrome podem se sentir não realizadas profissionalmente, incompetentes e perder a motivação.

Além do ônus para as pessoas e a sociedade, as consequências para as empresas são inúmeras. Entre elas estão os prejuízos diretos e indiretos relacionados à baixa produtividade, alto absenteísmo, má qualidade das entregas, baixa criatividade, problemas de saúde física e aumento de custos com sinistralidade e processos trabalhistas.

Os seguintes fatores no local de trabalho são reconhecidos como estressores importantes e preditores precoces de Burnout, segundo Maslach & Leiter, 2008:

  • Conflito de papéis – pressões de várias demandas, muitas vezes incompatíveis.
  • Exigências de trabalho que excedem os limites humanos.
  • Recompensa insuficiente e falta de reconhecimento pelo trabalho executado.
  • Falta de apoio do gestor ou da equipe.
  • Demandas excessivas de trabalho e injustiça no trabalho.

E eu tomo a liberdade de acrescentar a esta lista a baixa segurança psicológica e o assédio moral.

“PREVENIR É MELHOR DO QUE REMEDIAR”

Ainda não temos consolidada e precisamos desenvolver uma cultura de prevenção em nosso país, principalmente em relação à saúde. As empresas e a sociedade são feitas de pessoas e sem saúde não há criação, produção e desenvolvimento. Constato que o ditado acima, a passos lentos, vem sendo cada vez mais assumido como verdadeiro pelas empresas. Existe no mercado um crescimento da busca por programas de Saúde Mental e Bem Estar para os colaboradores. Fundamental frisar que não basca atacar os sintomas e oferecer atendimento psicológico! As causas precisam ser compreendidas e contempladas para reduzir os riscos e contribuir para a possibilidade de recuperação das pessoas já adoecidas.

A prevenção da Síndrome do Burnout é complexa e não pode ser encarada como responsabilidade exclusiva de cada pessoa. Para a prevenção nas empresas o ideal é que se desenvolvam estratégias organizacionais (focadas na identificação e modificação dos principais estressores e fatores de risco e mapeamento do estresse e Burnout); estratégias individuais (a empresa deve criar programas que ajudem as pessoas a cuidar da saúde mental e desenvolver respostas adaptativas e funcionais ao estresse) e estratégias combinadas centradas na interação entre contexto ocupacional x indivíduo.

As empresas precisam, mais do que nunca, promover saúde mental e valorizar o ambiente e condições de trabalho saudáveis.

Desejo a todos um Saudável e Feliz 2022!

Rosalina Moura é Psicóloga Clínica, Organizacional e Coach. Sócio fundadora da Rumo Saudável, empresa que atua no segmento de bem-estar, saúde mental  e gerenciamento do estresse em Organizações. É um das Colunistas do RH Pra Você. Foto: Divulgação.