Nos últimos anos o conceito de onboarding ganhou força dentro dos RHs brasileiros. Na prática, ele remete, de forma simples, a todo o processo de integração de um novo colaborador à empresa. Já do outro lado da corda, sem o mesmo glamour e ainda caminhando para conquistar sua fama nas organizações do País, está o protagonista do nosso texto de hoje: o offboarding. Você já ouviu falar?

O “onboarding às avessas” ou, ao pé da letra, “desembarque”, para quem não faz tanta questão de se apegar a nomenclaturas do exterior, está, como o próprio nome diz, vinculado ao processo de desligamento de um empregado. E por que se atentar a isso? Criamos, como explica a psicóloga Flávia Ferreira, um “trauma de demissões tão poderoso quanto um trauma de morte”. 

A também especialista em recrutamento e seleção pontua que a demissão de um colaborador, seja por iniciativa do próprio ou da contratante, “parece o final de um casamento quando uma das partes trai a outra”. Há no mercado o estereótipo de que o desligamento é sinônimo de indiferença ou até mesmo de guerra.

Em outras palavras, quem, ao pedir demissão, nunca pensou que teria problemas com a liderança, seria tratado como vilão pelo RH e enfrentaria todas as dificuldades do mundo se precisasse de um simples documento ou recomendação por parte da empresa? E, para quem foi mandado embora, certamente em algum momento o sentimento de justiça ou de incompreensão já marcou presença, não é mesmo?

“Por essas e outras situações, empresas que têm legítima preocupação com o bem-estar dos trabalhadores estão dando ao desligamento atenção semelhante à dada na contratação. A humanização não só torna uma demissão menos desgastante para ambas as partes, como também fortalece uma cultura organizacional humana e que enxerga sua equipe de trabalho como pessoas e não só como profissionais. Além disso, o offboarding contribui para que todo o processo, desde a documentação até a comunicação, seja mais assertivo, esclarecido e com menos brechas para confusões e desencontros de informações”, afirma Flávia.

O offboarding na prática

Criada com o objetivo de desburocratizar os processos homologatórios realizados pela empresas, além de oferecer um desligamento mais humanizado entre empresas e ex-funcionários, a Medei foi fundada em 2011 pela empreendedora Fernanda Medei. A ideia da startup surgiu quando a advogada vivenciou na pele a dor de muitos funcionários no momento do desligamento: foram 120 dias até ser homologada.

A partir dessa experiência, desenvolveu uma plataforma que otimiza e facilita os processos de desligamento do começo ao fim, oferecendo uma melhor experiência para os gestores de RH ao garantir controle dos prazos estabelecidos por lei, gestão de documentos, homologações em qualquer lugar do Brasil por meio da tecnologia de videoconferência e diminuição de custos em até 95%. Além disso, a ferramenta também oferece economia de tempo na gestão: somente em 2019 foram 40 mil horas a menos.

os funcionários contam com informações claras, além de um atendimento personalizado e acolhedor, que possibilitam que se sintam confortáveis para tirar dúvidas.

“A experiência atual é muito negativa. O funcionário não entende os valores envolvidos no momento da homologação contratual (descrito no Termo de Rescisão de Contrato de Trabalho), tendo aquela sensação de que está sendo passado para trás. Já a área de Recursos Humanos, com um modelo totalmente manual, oferece uma gestão morosa de documentação e uma falta de controle na gestão de processos em locais distantes da sede, por exemplo”, explica Fernanda.

“Foi nesse cenário que vimos uma real necessidade de mercado por uma ferramenta, que suprisse problemas gerados ao final da jornada do colaborador nas empresas, muitas vezes esquecida, mas não menos importante”, complementa.

Entre os serviços oferecidos pela Medei estão a personalização da plataforma, com ferramenta altamente customizável para cada empresa; disponível em nuvem, oferece  todas as garantias de segurança e confiabilidade pela atual legislação e LGPD (Lei Geral de Proteção de Dados) e analytics disponível, em que a empresa analisa todos os dados do ex-funcionário, além de obter insights práticos.

“O atendimento inicia-se por meio da empresa contratante, que notifica a Medei sobre o desligamento de um colaborador. Cada caso será tratado como único, de maneira reservada, onde o núcleo de RH terá visão micro e macro sobre o processo de homologação. Por outro lado, a empresa contratante concede a Medei autorização dos dados do ex-colaborador, que autorizou o uso. Depois de repassados os dados a nós, há outro pedido de autorização que é feito no pré-agendamento da homologação, em que o ex-colaborador confirma sua participação no processo homologatório, com data, horário e liberação dos seus dados”, explica a CEO.

Humanização além das questões legais

Assim como o offboarding fortalece todo o processo legal de desligamento, ele oferece outras estratégias que podem contribuir para a empresa identificar como está o ambiente de trabalho, a dinâmica, processos internos de trabalho e, também, o relacionamento entre os colaboradores.

“Talvez o momento de maior familiaridade de alguns negócios com o offboarding seja a entrevista de desligamento, que é um dos principais ganchos da humanização por trás de uma demissão. Por meio da entrevista de desligamento, os papéis se invertem. Ao invés do gestor dar um feedback ao seu colaborador, é o ex-empregado quem levanta suas percepções sobre a liderança e a organização como um todo. Muitos empregadores ainda não se deram conta, mas essa entrevista tem um imenso potencial para ajudá-lo a compreender melhor a cultura de seu negócio”, salienta Flávia.

Durante a entrevista de desligamento, o ex-colaborador pontua todas as suas satisfações e insatisfações durante o período como empregado, além de ter a oportunidade de explicar de forma concreta o porquê de seu pedido de demissão ou de compreender melhor por qual razão está sendo desligado da companhia. 

“Nem toda demissão precisa ser um adeus. É possível que seja um até breve, pois nunca se sabe como estará o mercado no dia de amanhã. O desligamento humanizado é uma importante ferramenta para que as portas se mantenham sempre abertas. Além disso, é um momento em que toda a formalidade de uma demissão pode dar espaço ao emocional, ao humano. Empatia é a chave para uma entrevista de desligamento efetiva. Dê espaço para que a pessoa possa expressar os seus sentimentos, o que, infelizmente, ainda é um tabu dentro do ambiente corporativo”.

Demissão não é um fim, mas um novo começo

Reforçando que muitas empresas priorizam a saúde física e psicológica de sua equipe, por vezes a sua responsabilidade com o funcionário se dá até mesmo após a demissão. Em tempos de pandemia, especialmente, solidariedade e empatia não podem ser deixadas de lado. 

Nos últimos meses, empreendedores e empresários começaram a ceder aos impactos que o período da pandemia tem trazido aos negócios, o que levou à demissão de parte das suas equipes. Com isso, diversos movimentos de solidariedade surgiram para que esses profissionais sejam rapidamente realocados. Muitos deles partiram dos próprios gestores movidos pelo pesar da situação.

Para dar ferramentas às empresas que têm essa visão responsável no momento das demissões, o trampos.co, plataforma que conecta talentos de comunicação e tecnologia às empresas, desenvolveu o trampos Offboarding Kit, um pacote de serviços para que as empresas possam auxiliar os colaboradores na rápida recolocação no mercado de trabalho. Os serviços são oferecidos em três fases: consultoria para construção de currículos que atraiam mais recrutadores, priorização desses profissionais na lista de candidatos nas vagas disponíveis na plataforma e treinamentos online para atualização e recapacitação.

Como em qualquer processo seletivo, o currículo é a primeira impressão que a empresa tem do candidato. Para que esse primeiro contato seja o mais positivo possível, profissionais de recrutamento e seleção da empresa fazem a análise dos currículos e dão dicas para que eles fiquem mais atraentes e nos padrões ideias das empresas cadastradas. A funcionalidade para candidatos, trampos PRIME ajuda o profissional a ganhar destaque nos resultados das buscas feitas pelas empresas, além de ganhar mais visibilidade nas etapas dos processos de recrutamento. 

“Ao proporcionar um desligamento com esse suporte aos colaboradores, com consistência do início ao fim, as empresas reforçam a marca empregadora e tornam esse processo mais profissional e humano. Além disso, o cuidado mostra que a companhia não está fechando portas e podendo recrutar em outro momento”, afirma Tiago Yonamine (capa), especialista em recrutamento, CEO do trampos.co e criador do trampos Offboarding Kit.

Pensando na capacitação dos ex-colaboradores, cursos onlines também são fornecidos, como o Ponto de Partida, programa para ajudar o gerenciamento da vida pessoal e profissional de pessoas que passam por momentos incertos e dúvidas; Transition, uma série com dicas práticas para desbloquear o uso da língua inglesa no dia a dia, em currículos e entrevistas; Além do Gestão de Projetos, curso de preparação de otimização de processos.

Para saber mais

O offboarding também está em pauta na nova edição do anuário RH Premium. Você sabia que, segundo pesquisa do Distrito Dataminer, somente 0,3% das empresas oferecem soluções com enfoque em offboarding? Mas sera que isso se dá por alguma complexidade ou pela desinformação ainda existente sobre a importância da prática? Para saber isso e muito mais, acesse o RH Premium: Melhores Soluções