Entre os dias 21 e 23 de junho aconteceu o CBTD 2023, maior evento focado em profissionais que desenvolvem pessoas nas organizações, sejam eles líderes ou profissionais da área de T&D.

Realizado em São Paulo, a 38ª edição do congresso trouxe conteúdos e experiências distribuídos em quatro áreas de conhecimento: Capital Humano, Desenvolvimento de Liderança, Metodologias e Processos de Aprendizagem e Planejamento e Avaliação de Programas de Treinamento.

Dentro do universo de capital humano, Marcelo De Elias, professor da FGV, Dom Cabral, Franklin Covey e palestrante, trouxe, em sua palestra no congresso, “os erros que até os melhores gestores de mudanças cometem”.

Segundo o palestrante, as mudanças são necessárias para todos os negócios. Se tem uma grande certeza da vida é de que as coisas mudam. “O mundo mudou, a sociedade muda, o cliente muda. É bom, é necessário. Faz parte do jogo. Vivemos num jogo chamado mudança”.

Porém, conforme explicou, nem todos os negócios são bem-sucedidos em situação de mudança. “A mudança precisa ser gerida. Nessa gestão, você precisa ter um plano, um projeto. 70% dos projetos de mudança falham, segundo uma pesquisa da McKinsey. Nas empresas, 85% falham por causas humanas”.

Nesse sentido, Elias sintetizou os 7 erros mais comuns na gestão de mudanças, são eles:

  1. Não considerar o impacto humano da mudança. “Identifique os formadores de opinião, priorize as ações de conscientização”;
  2. Subestimar a resistência a mudança. “Qual o melhor momento para mudar? Quando você não precisa da mudança. O objetivo é ganhar o coração e a mente das pessoas. A resistência é menor quando você cumpre o roteiro nessa ordem. Não existe mudança de comportamento se antes não houver mudança de pensamento”;
  3. Não prever efeitos colaterais e não ter plano de contingência;
  4. Não dar importância à cultura da empresa;
  5. Não envolver prioritariamente os líderes. “A empresa muda até o limite do engajamento dos líderes. Se ele não comprar (a mudança), ninguém compra”;
  6. Não fornecer uma comunicação clara e consistente para gerar conscientização;
  7. Não capacitar equipe com as habilidades necessárias.

CBTD 2023: Conversas difíceis

Patricia Capeluto, TEDx Speaker, palestrante e especialista em resolução de conflitos, negociação e comunicação, apresentou as “24 coisas que aprendeu com as conversas difíceis”. Dentro do pilar “Desenvolvimento de Liderança” no CBTD 2023, a palestrante apresentou um guia para a liderança vulnerável.

Em sua visão, nós temos uma humanidade compartilhada, os mesmos medos e caímos nas mesmas armadilhas. “Por que evitamos conversas difíceis? Temos medo das consequências, mas quando a gente evita há consequências. Achamos que as causas de conflitos estão nas diferenças de opinião, mas 90% estão na maneira de falar. Temos um modelo mental que falhou. Primeiro pensamos em: quem está certo, quem está errado e de quem é a culpa? Como vamos ter um diálogo saudável assim?”, completou.

A primeira armadilha, segundo Patrícia, está na dedução da verdade. No sentido de que, se tem alguém certo, tem alguém errado. E pensamos “o errado não sou eu”. “O que fazer para conhecer a história do outro? Mudar da certeza para a curiosidade. Trabalhe para compreender a história do outro. As duas histórias podem fazer sentido ao mesmo tempo”.

Para a palestrante, é necessário conceder o benefício da dúvida e trocar a culpa pela contribuição. “Aprendemos que para sermos profissionais precisamos negligenciar sentimentos. Aí as empresas se tornam lugares de violências invisíveis. Não precisa ser assim. Não se sabotem, se é importante precisa ser dito. O poder está na escuta e não na fala”, destacou.

Comunicação

A plenária de encerramento do último dia do CBTD contou com a participação da jornalista, apresentadora, produtora audiovisual e palestrante, Valéria Almeida, e do apresentador, jornalista e escritor Zeca Camargo. Para Valéria, a comunicação é uma habilidade desenvolvida com comunicação.

“Uma palavra pode construir uma ponte, mas também pode construir um muro. Por que não vou me preocupar com isso? Nossa comunicação é um reflexo do que somos. É um exercício de humildade e de constante transformação. É necessário praticarmos uma escuta ativa. Quando você for conversar, faça isso de uma forma inteira”, pontuou.

Divulgação CBTD 2023

Já Zeca destacou que uma coisa fundamental para pensarmos para o futuro é ter curiosidade. “Precisamos sempre ouvir as pessoas, sempre respeitar. A conexão nos faz mais interessantes e simplesmente querermos algo melhor. A gente tem que abrir espaço para experimentar. As pessoas são fascinantes. Olhar para o futuro é olhar para as pessoas: quem eu posso conhecer, com quem eu posso me conectar”.

Por Gabriela Ferigato