Mais de 60% dos trabalhadores afirmam que gostam do que fazem, mas sentem que o trabalho impacta negativamente em algumas áreas da vida, especialmente no que diz respeito à saúde física e mental. O salário é importante para 64% dos entrevistados, mas os aspectos relevantes na hora de buscar um novo emprego são os valores e propósitos pessoais alinhados com a empresa para 72% e flexibilidade para 67% dos entrevistados. 

Essas são algumas das principais conclusões do estudo “Procura-se o Trabalho Ideal” realizado pelo Ecossistema Great People & GPTW com o objetivo de compreender quais são as expectativas dos trabalhadores em relação ao que seria o trabalho ideal, considerando características da liderança, clima organizacional, benefícios, aspectos relacionados à ESG, diversidade, além de questões passam pelo emprego atual como modelos de trabalho, oportunidade de treinamento e desenvolvimento e relação de confiança. O estudo ouviu mais de 1300 profissionais, das cinco regiões do País com idades que contemplam as cinco gerações presentes no mundo do trabalho.  

O vínculo empregatício de 64% dos entrevistados é o CLT e 14% PJ (pessoa jurídica). Quando perguntados sobre qual vínculo gostariam de trabalhar, a CLT é citada para 50% da amostra e 15% para PJ. “Em relação ao futuro do trabalho, chama a atenção a queda no porcentual de pessoas que gostariam de atuar como CLT (64% hoje para 50% no futuro), ou seja, o estudo revela que menos pessoas buscam “a certeza e a segurança” da CLT”, afirma Daniela Diniz, diretora de conteúdo e relações institucionais do Ecossistema Great People & GPTW. 

Trabalho com carteira assinada

A intensificação das atividades profissionais presenciais também foi constatada do estudo: 43,8% dos entrevistados trabalham no modelo presencial, 32,8% híbrido e 20% remoto, mas quando perguntado sobre o modelo desejado, 52,8% escolheriam híbrido, 31,3% remoto e 11% presencial. Do total da amostra, 64,3% reconhecem que modelo presencial, mesmo que esporádico, é necessário para a execução das tarefas.

Os colaboradores afirmam que as práticas mais importantes em um ambiente de trabalho são contar com horários flexíveis (60%); anywhere office ou trabalhar de onde quiser (42%) e bonificação (38%).

Quando questionados sobre o que impacta negativamente o trabalho, 48% das pessoas responderam que o despreparo da liderança e falhas na comunicação são as principais dificuldades, seguido pela sobrecarga de trabalho 46%. Relações ruins com a equipe e colegas (36%) e falta de clareza e transparência sobre a estratégia e tomadas de decisão chega a 26%. 

Os trabalhadores também apontam as características que não podem faltar em uma liderança. Dentre os top três, lidera a comunicação (80%), empatia (77%) e inteligência emocional (60%), seguidos de habilidades como delegar tarefas, conhecimento do negócio e honestidade.

Pesquisa Infojobs

Treinamento e desenvolvimento também são elementos fundamentais na busca do trabalho ideal e contribui para transições profissionais: 86% gostariam de ter oportunidade para desenvolver suas habilidades técnicas (hard skills) Quando questionados sobre quais as softs skills gostariam de desenvolver destacam a liderança, seguido por autoconhecimento e estudos voltados  tecnologia e tendências do futuro. 

Na relação vida e emprego, 49% dos entrevistados afirmam que o trabalho impacta negativamente em alguma área da vida. Quando perguntados sobre quais, a saúde mental lidera (80%), seguida de saúde física (41%) e sono (37%). Em seguida, foram apontadas relações familiares (28.4%); alimentação (23.8%); lazer (20.6%), entre outros. 

Apesar de a maioria das pessoas apontarem que não sentem aquele desânimo de domingo relacionado ao início de mais uma semana de trabalho, encontramos recortes interessantes entre gerações. Quanto mais jovens as pessoas, mais altas são as porcentagens. Somente 11,49% das pessoas nascidas de 1945 a 1964 têm esse sentimento, enquanto 57,39% da geração Z sentem esse desânimo aos domingos. Mais um reflexo da insatisfação dos jovens com suas relações com o trabalho – ou com o próprio conceito de trabalho existente hoje.

A pesquisa revela ainda que para garantir a saúde emocional e a segurança psicológica no ambiente de trabalho é preciso sentir confiança na equipe/líderes (57%); conversar abertamente sobre os sentimentos (20%); poder contar com orientação e suporte de especialistas (15.8%). 

Uma agenda crescente passa a ser considerada na busca por um novo trabalho. As iniciativas de Diversidade, Equidade e Inclusão são relevantes para 44% da amostra ao buscar um novo trabalho. Já os critérios ESG (meio ambiente, social e governança) são consideradas por 35,5% dos entrevistados.

Veja mais: 87% das empresas registram afastamento por saúde mental em 2023, diz estudo

Inteligência Artificial (IA) no mundo do trabalho

A IA deve impactar positivamente o trabalho, afirmam (74.9%) das pessoas consultadas e apenas (14.6%) acreditam que ela não será tão relevante. Mais de 68% dos entrevistados dizem que a IA pode ser usada como aliada enquanto 18% ainda não têm uma opinião formada sobre o tema e 13% sentem receio de que a IA prejudique a relação com o trabalho, inclusive as oportunidades de emprego.

“É evidente que o ‘trabalho ideal’ não é o mesmo para todos, considerando as múltiplas vivências de quem hoje transita pelo mercado de trabalho. Cada pessoa sabe o que busca e o que se alinha aos seus propósitos, valores, estilo de vida e momento de vida. No entanto, a busca por mais equilíbrio e qualidade de vida é algo em comum aos entrevistados”, analisa Daniela.

Inteligencia artificial

Gerações 

Na amostragem, a maioria dos entrevistados, em diferentes faixas de idade, têm o objetivo de ser líder (54,8%). No entanto, mais diversa, informada, engajada e empoderada do que as anteriores, a geração Z, nascida entre 1996 e 2010, já vem se tornando uma força significativa na sociedade e seu impacto está sendo sentido rapidamente. 

A busca por autoconhecimento e inteligência emocional aparece em todas as idades, enquanto a inovação e a criatividade estão entre os top 3 da Geração Z, Millennials (nascidos entre 1981 e 1995) e pessoas da geração X (1965-1980). Já na geração Baby Boomer (1945-1964), as habilidades no topo do ranking são voltadas para as tecnologias e tendências do futuro. 

O mundo do trabalho está em constante mudança, com a tecnologia, globalização e volatilidade do mercado influenciando principalmente a Geração Z e transformando a forma como ela enxerga o trabalho.  “O alinhamento de valores entra na nossa metodologia para identificar os principais motivos de permanência dos profissionais em seus respectivos empregos. Afinal, as novas gerações – Y e Z – trazem um novo olhar sobre o significado do trabalho. Trabalha-se para ganhar dinheiro, sim, mas também para ser feliz e porque faz sentido com os meus valores e com aquilo em que acredito”, finaliza Daniela Diniz.