Dia da Mentira é, também, dia de falar algumas verdades. Quem trabalha com RH sabe o quanto alguns estigmas tomaram conta do imaginário popular em relação à área – recrutador, vai me dizer que um candidato nunca te olhou cheio de suspeitas quando você disse “em breve retornamos com o resultado da vaga”?

Pois bem, hoje é dia de fazer justiça. Separamos as quatro mentiras mais contadas sobre o RH e explicamos por que você não deve cair nelas. Vamos lá:

1 – “O RH demite todo mundo”

Até aproveitando para responder a pergunta do tweet, quem “demite todo mundo” é, também, quem normalmente demite o RH. Se me permitem, gostaria de compartilhar um relato pessoal. O jornalista que aqui vos fala, quando atuava no DP de uma consultoria de Recursos Humanos, já teve o desprazer de “demitir” pessoas.

Supervisores externos, insatisfeitos com o desempenho de alguns colaboradores em diferentes postos de trabalho (prédios, normalmente), solicitavam que eles comparecessem ao RH “no dia seguinte”. O prelúdio do caos estava instaurado? Longe disso. Chegavam perguntando pelo RH, pois “o supervisor disse que gostariam de resolver algumas pendências de documentação”.

Quando nós do DP nos encaminhávamos à recepção, éramos normalmente recebidos com sorrisos no rosto. Afinal, fomos “as pessoas que os contrataram”. E, modéstia à parte, uma coisa que não faltava para aquele RH era simpatia, o que justificava não só os sorrisos, mas a chance de conhecer a história daquelas pessoas. Entretanto, o clima de alegria, que era compartilhado por só uma das partes, logo acabava quando chegava a notícia: você está sendo desligado. O sentimento não era de tristeza, apenas. Era também de traição.

Ao fim de tudo aquilo, subíamos as escadas lamentando: “mais um que não sabia que ia ser demitido…”. Para ser justo, o RH também era pego de surpresa. Nem todos os colaboradores chegavam enganados. Era uma roleta. E ah, se vocês soubessem o quanto o RH brigou para isso acabar… ao menos, felizmente, o esforço não foi em vão.

Bom, o fato é que o RH e o DP dão suporte e resolvem as burocracias. A demissão e também as advertências e suspensões partem da liderança ou da gestão, assim como as admissões. Se o RH ainda tem o status de vilão, é porque enquanto todos gostam de dar as boas notícias, nem todo mundo está preparado para dar as más.

2 – “O RH só dá prejuízo”

Para este tópico, faço questão de trazer uma imagem que diz verdades. O RH sempre teve a fama de ser uma área que “só dá prejuízo”, afinal, enquanto não estava vendendo nada, ainda é quem tinha a “cara de pau” de calcular folha de pagamento, benefícios e afins para o financeiro pagar. Hoje, porém, é seguro dizer que tal estereótipo está sendo bem combatido.

Com as ferramentas e a mudança na forma de encarar a importância do RH, embora a burocracia da área permaneça, as empresas começaram a compreender que investir em Recursos Humanos é investir em processos seletivos mais assertivos, iniciativas de combate ao turnover, ações que fortalecem a motivação dos profissionais e, consequentemente, a produtividade, treinamentos mais qualificados e engajadores e muito mais. Vamos combinar: se tem uma coisa que um bom RH não dá, é prejuízo.

3 – “O RH é segregador e distante das pessoas”

Fico me perguntando o que algumas pessoas acreditam que ocorre dentro da sala de RH. “Eles devem estar preparando advertências e rindo aos montes”. Para algumas pessoas, estar diante da sala do RH é estar em frente a um portal para outra dimensão, afinal, “ninguém sabe o que aquelas estão fazendo lá dentro”.

Isso tudo porque ainda existe um certo preconceito de que o RH é distante das pessoas. Por vezes até segregador. Muitos profissionais da área já devem ter ouvido que “RH só é amigo de RH”. Mas, gente, se há uma área que, definitivamente, não está longe das pessoas, é o RH.

Os Recursos Humanos não estão nas empresas para segregar. Pelo contrário. Sua missão é ser um elo para aproximar as lideranças de suas equipes, melhorar o clima organizacional e cuidar das pessoas, buscando compreender suas necessidades, encontrar soluções para problemas e promover iniciativas engajadoras (tudo isso, claro, ao lado da gestão e da liderança).

4 – “Se são recursos humanos, não é preciso tecnologia”

A imagem acima reforça bem o quanto a tecnologia é importante para o RH. No entanto, ainda há uma estrada a ser percorrida para que a automatização seja uma realidade na Gestão de Pessoas. Segundo uma pesquisa da Kenoby, por mais que a pandemia tenha acelerado processos digitais, somente 19% dos profissionais de Recursos Humanos acreditam que a área é tecnológica. Um RH tecnológico cuida melhor das pessoas. Tecnologia e humanização não se enfrentam, se complementam.

Investir na automatização do setor de Pessoas é ter a capacidade de agilizar processos e cortar custos. Com mais tempo, o RH assume seu papel estratégico e se aproxima da gestão. Com acesso a dados e indicadores, a tomada de decisões se torna mais concreta.

Bônus: “O profissional de RH não ama o que faz”

O profissional de RH tem a capacidade de fazer uma imensa diferença na vida das pessoas. Pense em quantas pessoas são impactadas por um treinamento, por uma ação solidária, por um novo benefício, por um e-mail que diz “você está contratado”, etc.

Porém, o profissional de RH é incompreendido. Nem sempre é fácil ter o necessário equilíbrio de ser tanto defensor do negócio quanto das pessoas. Problemas existem, assim como burocracias, mas está longe de ser uma exclusividade da Gestão de Pessoas. Amar ou não o que faz é muito pessoal e algo que remete a cada indivíduo.

Mas vamos combinar que, se qualquer um de nós ganhar na mega da virada, o amor é posto à prova 😂.

Por Bruno Piai