Antes de responder ou provocar com esta questão, o ponto é: por que preciso treinar alguém?

Seja na empresa, em casa, com os filhos, amigos ou até mesmo sozinhos, estamos sempre executando alguma ação, realizando alguma coisa. E só fazemos isso porque queremos um resultado com estas tarefas.

Ninguém escapa do resultado! Para se ter resultado nas ações, elas precisam ser executadas corretamente.

Nas empresas estamos falando de negócios. Os resultados são a base de sustentação, sobrevivência e crescimento de qualquer empresa. Quem comanda, gere, executa, programa, atende, opera são pessoas. As pessoas então executam tarefas, executam ações.

Então, se queremos resultados nas empresas precisamos que as pessoas executem as tarefas corretamente, do presidente ao porteiro. Treinar é ensinar alguém a executar uma tarefa, executar uma ação, simples assim.

O que vejo em muitas situações de treinamento é uma passagem de conteúdo, de informação, de conhecimento. É verdade que para treinar uma ação é preciso conhecimento. Mas nem sempre é preciso transmitir todo o conhecimento para conseguir resultado em uma ação. O conhecimento é essencial para se desenvolver o treinamento.

O que quero dizer é que mesmo ações simples do nosso cotidiano podem ser reaprendidas para que sejam executadas corretamente ou mesmo melhoradas. Esta ação de “reaprender” tem muito a ver com treinamento.

Fazer um bolo é um exemplo muito bom para explicarmos isso. Para fazer um bolo, basta seguir as instruções da receita e pronto, certo? Bem… mais ou menos isso. Para alguns pode ser, para alguns pode ser uma experiência traumática!

Tudo o que fazemos é em função de algum resultado, não é mesmo? No caso do bolo, queremos fazer um bolo para comer, servir para alguém, vender.

Para que tudo isso dê certo, precisamos que o “bolo” funcione, ou seja, fique de acordo com padrões pré-estabelecidos, no caso aqui podemos definir como “fofinho e saboroso”.

Mas, se for uma empresa que “vende” bolos, este padrão não é tão simples assim. Especificações técnicas devem ser cumpridas como altura, peso, textura, rugosidades, saliências; Isso sem contar no processo de fabricação, todos os detalhes envolvidos.

Para analisar este exemplo precisamos voltar a nossa receita. Muito provavelmente no caso da empresa que fabrica os bolos ela tem uma “folha de processos” mais detalhada e com mais especificações que o nosso caderno de receitas.

Pode ser que resolva, mas vou reforçar: conhecimento não garante a execução! Não basta só saber o que fazer, é preciso saber fazer! No caso da fábrica de bolos, provavelmente a folha de instruções é diferente do que uma simples receita. Pode até ser que se utilize de equipamentos programados para fazer a massa, assar, embalar etc.

Neste caso então o conhecimento é de operação de máquinas e equipamentos e não necessariamente conhecimentos de culinária e gastronomia. Mas, o resultado que queremos não é o mesmo? Ter um bolo fofinho, saboroso, para um café da manhã ou um lanche da tarde?

Sim, o resultado é o mesmo! Note que nas duas situações uma coisa se repete: Processos e pessoas. Pessoas e processos. Sempre assim. A diferença está no processo e como os executamos. Enquanto na fábrica operamos máquinas, em casa colocamos a “mão na massa”, e aí o treinamento também é diferente.

Vou polemizar agora: para fazer um bolo em casa, eu não preciso conhecer nada de culinária ou gastronomia, muito menos se eu for um operário ou operária de uma fábrica de bolos.

Eu preciso simplesmente ter um bom processo e saber executar corretamente as tarefas! O que acredito nisso tudo:

  1. Não precisamos ser especialistas em tudo.
  2. Para obter êxito em determinadas tarefas, precisamos apenas saber executar as etapas corretamente.
  3. Formação demora, treinamento é curto prazo.
  4. Muitos dos problemas podem ser resolvidos com bons treinamentos.
  5. É preciso muita “formação” para produzir bons treinamentos – identificar as reais necessidades e como treiná-las.
  6. Treinar é um exercício de humildade.
  7. Não podemos presumir que as pessoas dominam todos os campos de conhecimento.
  8. Conhecer tudo sobre bicicletas é diferente de saber andar de bicicleta.
  9. O conhecimento não garante a execução, a prática constante me torna um especialista.
  10. Todos podemos aprender, qualquer coisa.

Passamos nossa vida executando ações, realizando tarefas, tudo que fazemos resulta em algo. Boa parte do que fazemos impacta outras pessoas.

Se queremos bons resultados naquilo que fazemos, precisamos saber executar corretamente as nossas ações. Se queremos que nossas ações ajudem outras pessoas, então é necessário muita disciplina e trabalho para transformar estas ações em resultados de verdade.

Vote Ideale

Por Peterson Coli, CEO da Ideale