Empresas são feitas por pessoas, por profissionais qualificados e continuamente treinados e incentivados a se aprimorar. Entretanto, atrair e reter talentos tem sido um desafio cada vez maior para empresas de todos os mercados, ainda que mais acentuadamente em alguns, como o de Tecnologia. Recentemente, a Amcham divulgou uma pesquisa realizada pela Manpower Group mostrando que, em 2022, o índice de escassez global de talentos atingiu 75%, o maior nível em 16 anos. “O Brasil é o nono país com maior dificuldade em encontrar profissionais qualificados, com um índice de 81% – seis pontos percentuais a mais que a média global”, registrou o documento.

Por isso, ser uma marca empregadora é um alvo importante para a maior parte das corporações. Estar em um segmento atrativo, com empresas que desenvolvem bem-sucedidas ações de retenção de talentos, já é um diferencial competitivo significativo na disputa pelos melhores profissionais, mas só isso não basta. Quanto mais a marca e sua reputação forem reconhecidas como sinônimos de ambientes saudáveis de trabalho, mais facilmente atrairá talentos diferenciados.

E nunca foi tão decisivo atrair e reter talentos como agora. Vivemos a era da “grande renúncia” – movimento que no começo deste ano levou cerca de 4,5 milhões de americanos a saírem ou trocaram de empregos; no Brasil, mais de 600 mil trabalhadores pediram as contas, segundo o Cadastro Nacional de Empregados e Desempregados (Caged), do IBGE – e do quiet quitting – que consiste em fazer o mínimo possível até ser demitido – além dos sempre constantes apelos ao “empreendedorismo” que é uma ótima ideia, mas não para todos.

Construir uma carreira bem-sucedida, com passagens por empresas de renome e reconhecidas por investir na qualidade das relações entre as equipes significa avançar muito na corrida por melhores cargos e salários. Atualmente, não só a empresa seleciona os candidatos, mas os candidatos escolhem para quem querem trabalhar e de que forma. O Employer Branding nunca foi tão decisivo para o sucesso de uma empresa. Com os talentos certos e o bom entrosamento entre as equipes, a corporação conseguirá contar com times de alto desempenho, cujo propósito estará alinhado com o da própria empresa. Há cenário melhor?

E o que faz uma empresa ser uma marca empregadora? Várias ações de endomarketing são utilizadas na estratégia, diminuindo o turnover e gerando uma percepção positiva sobre a empresa como local de trabalho, aumentando o engajamento e a produtividade.

Mas não só as ações para os próprios colaboradores são importantes. Investir em branding, na consolidação dos valores da empresa e na exposição da própria marca e de sua trajetória, colaboram para reforçar as ações de Employer Branding. No Grupo Souza Lima, por exemplo, percebemos que todas as vezes que nossa marca ficava ainda mais em evidência, com inserções publicitárias em jogos de futebol de relevância, por exemplo, mais recebíamos inscrições de candidatos por todos os nossos canais de atendimento.

Claro que essa é uma das causas. O Grupo Souza Lima obteve um crescimento expressivo, principalmente entre os anos de 2012 a 2019, impulsionado por uma gestão eficiente e campanhas intensas de publicidade. Esse crescimento, por si só, trouxe muita visibilidade para a marca e para os seus profissionais. O engajamento e a produtividade aumentaram, pois as equipes passaram a fazer parte de um grande conglomerado nacional. A cultura interna consolidou-se e atraiu outros ótimos profissionais por indicação dos nossos próprios colaboradores que, engajados, começaram a divulgar as experiências de sucesso da empresa. Ao atrair profissionais com o perfil mais alinhado com os valores da companhia, o processo de adaptação ficou mais curto e melhor sucedido do que a média de mercado.

O próximo passo foi ir além, com a integração das equipes de marketing, comunicação, RH e até áreas como a Jurídica e a Segurança do Trabalho para desenhar os perfis dos profissionais que iríamos necessitar no futuro e estratégias de atração e retenção. Essas squads definem quais as habilidades, hard e soft skills desejadas, assim como as condições para o desenvolvimento e manutenção desses profissionais na empresa. Os resultados têm sido tão positivos que a empresa alcançou, nesse ano, o Great Place to Work.

E por que tudo isso importa e merece atenção especial da alta gestão? Porque bons trabalhos significam mais valor agregado ao cliente externo, surgimento de inovações disruptivas, ampliação e desenvolvimento dos mercados e, sobretudo, a criação de uma jornada de trabalho desafiadora, motivadora e bem-sucedida. Passamos boa parte da nossa vida no trabalho, que seja um tempo de colheitas frutíferas!

 Por Cacá Fernandes, CMO do Grupo Souza Lima