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    Vídeos curtos, coreografias, filtros, dublagens, frases voando no mesmo ritmo da batida. Bom, já ficou claro que estamos falando da rede social TikTok? Os “tiktokers” mais famosos chegam facilmente na casa de [bons] milhões de fãs e seus vídeos circulam em uma velocidade viral.

    Seis das dez músicas mais ouvidas do Brasil, no Spotify, se popularizaram primeiro na plataforma de vídeos, segundo a própria lista do streaming. Aliás, o TikTok foi o aplicativo mais baixado do mundo em 2020, ultrapassando o Facebook e suas plataformas de mensagens, segundo a rastreadora de mercado App Annie.

    Propriedade da empresa chinesa ByteDance, estima-se que um bilhão de usuários em todo o mundo estejam conectados, incluindo mais de 100 milhões no Estados Unidos. Não à toa, se tornou um forte concorrente aos demais.

    O Instagram, inclusive, anunciou recentemente que não é mais oficialmente uma plataforma apenas de compartilhamento de fotos, e as mudanças vão focar em vídeos e entretenimento – sua ferramenta “Reels”, que surgiu em agosto de 2020, já é uma prova disso.

    TikTok + RH

    Sabemos que entretenimento e descontração dão o tom da ferramenta, mas, por trás disso, os usuários têm apostado cada vez mais em utilizar todos esses recursos para passar conteúdo e, também, construir ou fortalecer sua marca (pessoal ou profissional). Essa realidade já chegou ao RH?

    A própria plataforma lançou um projeto piloto e em fase beta no mês de julho nos Estados Unidos: o TikTok Resumes, onde os candidatos foram incentivados a criar um vídeo mostrando as suas habilidades usando a hashtag #TikTokResumes.

    A iniciativa teve mais de 30 empresas cadastradas, dentre elas o Shopify, os restaurantes Chipotle, a NBA e até o World Wrestling Entertainment (WWE). Não há detalhes sobre próximos passos do projeto ou mesmo se há uma previsão de pousar no Brasil.

    No começo deste ano, o TikTok viu crescer a hashtag #careeradvice (“conselhos sobre carreira”, em tradução livre), que alcançou mais de 80 milhões de visualizações diárias em meados de fevereiro.

    A universitária estadunidense Kalli Roberts, de 23 anos, criou uma versão de currículo inspirada em uma cena do filme norte-americano “Legalmente Loira”, estrelado pela atriz Reese Witherspoon, que se tornou viral e gerou nada mais nada menos que um estágio do departamento de negócios globais do próprio TikTok.

    Para Júlia Pedroso, gerente de recrutamento e seleção do PageGroup, com profissionais mais jovens e em um mercado dinâmico como o que vivendo, formatos diferentes dos tradicionais podem ser uma tendência, sim.

    “Já vimos algumas plataformas, como o TikTok, investindo em vídeos de apresentação em vez dos tradicionais currículos. Os vídeos dão espaço para que as empresas possam avaliar outras competências que por meio do papel não é possível como comunicação, interesse na oportunidade (no caso de o vídeo ser dedicado a uma empresa específica). O mesmo vale para vídeos das empresas oferecendo oportunidades e evidenciando características da companhia onde podem detalhar mais os desafios em vez do tradicional job description”, destaca.

    Algumas companhias já estão explorando esse universo. A HBO, por exemplo, recebeu mais de 300 inscrições para um estágio de verão anunciado em 2020 na rede por meio da hashtag #HBOMaxsummerintern.

    Também no ano passado, a marca Nescau, da Nestlé, realizou seu primeiro recrutamento pela plataforma. O candidato precisaria produzir um vídeo de 60 segundos contendo uma música que o representa, uma breve descrição pessoal e profissional, por que quer concorrer à vaga e o que pode agregar à jornada de fortalecimento da marca e crescimento do negócio.

    Já a marca de roupas Hollister, em parceria com o TikTok, divulgou um vídeo promocional da cantora Montana Tucker que encorajava os usuários a se inscreverem para trabalhar na empresa criando um vídeo que vendesse uma camiseta com a hashtag #HCoHireMe! O anúncio incentivava que eles soltassem a criatividade e “GET WEIRD” (“seja estranho”, em tradução livre).

    Na visão de Júlia, as relações têm mudado, os formatos de trabalho também e nada impede que as candidaturas sejam feitas de forma diferente. “Em outros países, isso já é uma prática mais comum. Em paralelo, vemos o consumo desses jovens por essas plataformas cada vez mais difundido. Em paralelo, as próprias empresas têm investido em conteúdos nessas plataformas para atingirem esse público jovem e isso, sim, pode ser uma tendência para atrair essas pessoas para consumirem, mas também para criar um desejo de trabalhar em companhias que se mostram mais. Por fim, sendo possível a aplicação de vagas por meio dessas plataformas”.

    Marca empregadora

    A missão de se tornar “tiktoker corporativo” não fica restrita aos candidatos. A rede de restaurantes Chipotle foi uma das primeiras marcas a entrar no TikTok nos Estados Unidos. Em pouco mais de um ano, a rede lançou cinco campanhas que geraram mais de 1 milhão de seguidores e bilhões de impressões. Entre elas, criou uma dança para o Dia Nacional do Abacate, um produto que faz parte dos pratos da Chipotle.

    São várias as marcas que já apostam na plataforma para se conectar com o seu público, e essa é uma estratégia alinhada totalmente com o almejado employer branding. É exatamente sobre esse universo que trata a página EBX.

    Com quase 42 mil seguidores no Instagram (@employerbranding_experience) e 3.558 no TikTok (EBX.RH), os vídeos (esses com boa dose de entretenimento e descontração) entram como um valioso recurso para as fundadoras Kelly Barra e Larissa Mendes.

    Kelly Barra, EBX

    Na visão de Kelly Cristina Barra, Business Partner na LD Celulose e Co-fundadora da EBX, ainda não há muitos profissionais de RH/ recrutadores no TikTok. “Faço enquetes para entender as redes, até porque faz sentido estar onde meu público quer que eu esteja, e vejo as pessoas no Instagram, LinkedIn, mas quando falamos de ir para o TikTok ainda enxergam como uma plataforma mais infantil. Eu acho que o potencial vai começar quando começarmos a entender que o público está lá, esperando pelo RH, e a gente vai ser convidado a migrar, muito pela necessidade de ter talentos”.

    Esse público, segundo Kelly, busca conteúdos que abracem temas relativos à carreira, como dicas de como se comportar em entrevistas ou como crescer em uma empresa, exemplos que ganham relevância na rede.

    “O público está sedento por ajuda. Não acho que todo mundo vá migrar para lá de uma vez, as empresas estão indo, por enquanto olhando mais para o consumidor do que para atração. É mais o branding do que o employer brading. O marketing vai na frente para depois o RH ir”.

    O almejado engajamento

    Por trás dos vídeos descontraídos na página EBX há um elemento-chave para criar o (tão buscado) engajamento: a identificação. Para Kelly, essa é uma oportunidade do formato, já que, logo nos três primeiros segundos, a identificação pelo conteúdo pode acontecer, mas, ao mesmo tempo, é um desafio pensar em como prender a disputada atenção do público nessa fração de tempo.

    “Os temas que na vida real são mais engraçados, tem mais dilemas, aquelas coisas de piadas internas de RH são mais fáceis de levar para o lado leve. Eu faço muito vídeo de recrutamento e seleção; as dificuldades dos candidatos; a realidade do chamado Departamento Pessoal (DP), de ter uma vida mais cansativa, das pessoas não entenderem exatamente o que é feito e que há por trás um trabalho árduo, e não é só clicar ‘em um botão e está tudo pronto’, eu vejo que tem identificação. Outras coisas são os conteúdos para ajudar o público externo, os candidatos e colaboradores”.

    Afinal, há um limite entre se adaptar e, ao mesmo tempo, não perder a sua essência? Segundo a co-fundadora do EBX, sim, tem. “Não vamos nos agredir no sentido de ‘ter que dançar’ quando não tem nada a ver com a pessoa. Acho que dá para se adaptar no sentido de produzir conteúdo de forma mais rápida, ágil e dinâmica trazendo e usando as funcionalidades [da plataforma], mas que tenha a ver comigo”.

    “Quando eu fui para o Instagram, não queria deixar de ser eu mesma. Perder minha essência. Eu tenho um perfil mais descontraído. Hoje eu acho que o Instagram se tornou uma plataforma, sim, de entretenimento, e adaptamos isso. Por que não falar de temas que o RH vive, mas de uma forma que a gente passe a mensagem e também divirta?”.

    Por Gabriela Ferigato

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