A inclusão e o respeito às pautas LGBTQIA+ são essenciais para a criação de ambientes de trabalho justos, diversos e inovadores e, para começar a dar visibilidade para o mês do Orgulho, em junho, quando é celebrado o movimento contra LGBTfobia, o tema se torna ainda mais relevante.
De acordo com o levantamento Demitindo Preconceitos, realizado pela Santo Caos em 14 estados do País, 38% das empresas impõem restrições à contratação de pessoas homossexuais e 40% das pessoas entrevistadas enfrentam discriminação no trabalho. A invisibilidade é tão grande que 61% das pessoas LGBTQIA+ escondem sua orientação sexual ou identidade de gênero no ambiente de trabalho, segundo pesquisa do Center Talent for Innovation.
A situação é mais complicada para pessoas trans, que nem sequer costumam ter acesso a oportunidades de trabalho formal. Segundo a Associação Nacional de Travestis e Transexuais (Antra), 90% das pessoas trans recorreram à prostituição como única fonte de renda devido à falta de oportunidades no mercado de trabalho.
Pedro Sampaio, integrante da equipe da Tree Diversidade e cofundador de projetos sociais voltados para a comunidade trans, tem se dedicado à promoção da empregabilidade e desenvolvimento de pessoas de grupos historicamente marginalizados. “Quando falamos em diversidade, equidade e inclusão, sabe-se que tais práticas beneficiam as empresas que, por exemplo, ao adotar medidas inclusivas veem aumento de até 20% na produtividade e inovação”, conta Sampaio.
A demanda vem de múltiplas frentes, incluindo clientes, fornecedores e partes interessadas. Empresas listadas na bolsa já enfrentam exigências específicas relacionadas à DEI. Além disso, estatísticas alarmantes indicam a necessidade urgente de inclusão LGBTQIA+ no mercado de trabalho.
Sampaio comenta que há um desgaste enorme para as pessoas esconderem quem são dentro da organização. “Há o desgaste mental o tempo todo ao esconder uma parte de nós”, salienta. Para que a inclusão seja efetiva, é necessário adotar estratégias que mantenham a pauta sempre ativa dentro das organizações.
Outro ponto de atenção levantado foi a forma como as vagas são divulgadas e influenciam diretamente na atração de talentos LGBTQIA+, sendo essencial o uso de termos neutros e inclusivos. “Quando eu, como pessoa trans, vejo uma ficha de cadastro para inscrição de uma vaga onde não tem opção para colocar o nome social, penso que eu não era esperado ali”, ressalta Sampaio.
Para reter talentos LGBTQIA+, destaque para três estratégias principais:
- Letramento e sensibilização: promover a educação contínua sobre a comunidade LGBTI+ por meio de palestras, vídeos, boletins, rodas de conversa e clubes do livro.
- Clareza nos comportamentos não inclusivos: deixar claro quais comportamentos não são aceitos e manter um canal de denúncias ativo e amplamente divulgado.
- Oportunidades de crescimento: garantir o desenvolvimento de talentos por meio de programas de mentoria e desenvolvimento.
Mas para que todas essas estratégias sejam realizadas é necessário apoio e comprometimento das lideranças, além de vincular a DE&I aos valores e objetivos estratégicos da empresa como parte de transformação da marca e institucionalizar políticas para garantir continuidade. Adotar compromissos externos, como o Pacto Global ou o Fórum de Empresas e Direitos LGBTQIA+, bem como definir metas claras para prestação de contas é outra medida que deve ser adquirida pelas empresas. “Adotar compromissos externos é uma ótima ferramenta para garantir que as ações se mantenham vivas”, diz Pedro.
A inclusão de pautas LGBTQIA+ é vital para o sucesso das organizações, inclusive ao contar com práticas de DE&I as empresas se beneficiam em termos de desempenho e inovação. Implementar estratégias eficazes e comprometidas garante um ambiente de trabalho mais justo, inovador e produtivo, além de atender às demandas de uma sociedade cada vez mais consciente e exigente.
Por Redação