Com a chegada do Setembro Amarelo, o mês dedicado à conscientização sobre a prevenção ao suicídio, o papel dos Recursos Humanos na promoção da saúde mental dentro das empresas ganha ainda mais relevância. Em um cenário corporativo cada vez mais desafiador, no qual o estresse e a pressão por resultados podem impactar diretamente o bem-estar dos colaboradores, o RH é um ator fundamental na construção de ambientes de trabalho saudáveis e no desenvolvimento de políticas eficazes de bem-estar.
A quantidade de pessoas afastadas do trabalho por causa de transtornos mentais aumentou 20% em 2023 ante o ano anterior, segundo pesquisa da It’s Seg Company, corretora de benefícios. Foram cerca de 2 mil casos entre os 473 mil trabalhadores que compuseram o estudo. Desse modo, problemas de saúde mental se tornaram a segunda maior causa de afastamentos do trabalho, atrás apenas de lesões corporais, com pouco menos de 2.300 casos. Dados do Ministério da Previdência Social mostram, ainda, que em 2023, foram concedidas 288.865 licenças por incapacidade devido a transtornos mentais e comportamentais no Brasil, 38% a mais do que em 2022.
Para Renan Conde, CEO Brasil da Factorial, startup unicórnio desenvolvedora de software para gestão e centralização de processos de RH e DP, o setor desempenha um papel crucial nas empresas. “É fundamental implementar políticas inclusivas, programas de suporte aos colaboradores, criação de espaços seguros para discussão sobre saúde mental e dar visibilidade ao tema no espaço de trabalho, promovendo a conscientização sobre questões psicológicas“, comenta.
A saúde emocional no ambiente de trabalho deixou de ser um tabu e se tornou uma prioridade para as organizações que desejam manter uma equipe engajada e produtiva. O Setembro Amarelo oferece uma oportunidade única para que as empresas reforcem seu compromisso com o bem-estar dos funcionários.
Já para Caroline Kazama, Gerente de Gestão e Cultura da Factorial Brasil, embora as iniciativas em prol da saúde mental sejam essenciais, é crucial lembrar que elas serão ineficazes se a cultura organizacional não oferecer um ambiente equilibrado.
“Pressão excessiva, medo constante e sobrecarga de trabalho corroem qualquer esforço voltado ao bem-estar dos colaboradores. Para que essas ações tenham impacto real, é necessário garantir que as demandas e expectativas estejam em harmonia com a capacidade produtiva e criativa dos funcionários, preservando sua saúde e potencializando resultados sustentáveis”, ressalta.
Para promover práticas organizacionais, que favoreçam um equilíbrio saudável entre trabalho e vida pessoal, os especialistas da Factorial separaram cinco iniciativas de baixo custo para o RH implementar e promover a saúde mental dentro das empresas. Confira:
Colab:
– Bem-estar corporativo: o autocuidado começa de dentro
– Setembro Amarelo na construção civil: reflexão sobre saúde mental
1- Organização de uma corrida ou caminhada de 3-5 km com o time
Promover uma atividade física em grupo, como uma corrida ou caminhada, pode ser uma ação simples e eficaz. Além de ser uma oportunidade de integração entre os colaboradores, atividades físicas são conhecidas por melhorar o bem-estar mental.
Para reduzir custos, a organização pode ser feita internamente, utilizando espaços públicos e contando com a motivação e participação voluntária do time.
2- Reunião para jogos e lazer
A cada 15 dias, organizar uma reunião virtual para que os colaboradores possam realizar atividades recreativas, como jogos online, videogames e outras atividades de lazer. Essa é uma maneira leve e descontraída de incentivar o relaxamento. Esses momentos ajudam a aliviar o estresse do dia a dia, sem a necessidade de grandes investimentos.
“Na Factorial, realizamos um encontro de jogos de tabuleiro e cartas, onde pedimos aos colaboradores que trouxessem o que havia em casa. Foi extremamente divertido, descontraído e o RH ficou responsável pelos comes e bebes, que não passaram de snacks simples”, comenta Caroline.
3- Sessões de 1:1 focadas no bem-estar
As tradicionais reuniões de 1:1 entre colaboradores e gestores podem incluir conversas focadas no bem-estar. Esse formato oferece um espaço seguro para que os funcionários possam compartilhar suas dificuldades e discutir suas necessidades em relação à saúde mental. Implementar essa prática é uma iniciativa sem custo, que pode gerar grande impacto. Para isso, é importante capacitar gestores, para que possam identificar sinais de sofrimento entre os membros de suas equipes e saber como agir de forma adequada.
4- Flexibilidade e Equilíbrio
O RH pode promover políticas que incentivem o equilíbrio entre vida pessoal e profissional, como horários flexíveis, home office, day-off de aniversário, offsites, happy hours, espaços de descompressão e dias de folga para cuidados pessoais. Oferecer dias de folga para que os colaboradores possam descansar e cuidar da saúde mental é uma das formas mais diretas de promover o bem-estar.
A concessão de dias de descanso demonstra que a empresa valoriza a saúde de seus colaboradores, gerando um ambiente mais positivo. Além disso, a flexibilidade é um fator crucial para reduzir o estresse e melhorar a qualidade de vida dos colaboradores.
5- Campanhas de conscientização e programas de apoio emocional
Durante o Setembro Amarelo, o RH pode promover palestras, workshops e atividades que abordem temas como a importância da saúde mental, os sinais de alerta e onde buscar ajuda. Essas ações são essenciais para quebrar o estigma sobre o tema e incentivar os colaboradores a falarem abertamente sobre suas experiências. Além disso, implementar ou reforçar programas de assistência psicológica, que oferecem suporte confidencial aos funcionários que enfrentam desafios emocionais também é uma estratégia eficiente.
O RH deve garantir que todos os colaboradores estejam cientes desses recursos disponibilizados pela empresa e se sintam confortáveis para utilizá-los.
Mesmo com orçamentos limitados, é possível que ações efetivas em prol da saúde mental sejam implementadas pelos departamentos de RH. A adoção de soluções criativas e adaptáveis à realidade de cada organização pode contribuir para o bem-estar dos colaboradores. Essas práticas não apenas atendem a responsabilidades sociais, mas também promovem uma cultura organizacional mais saudável e produtiva.
“O Setembro Amarelo é um lembrete poderoso de que a saúde mental deve ser uma prioridade constante nas empresas. O RH tem a responsabilidade de liderar essa mudança cultural e implementar ações concretas, que garantam um ambiente de trabalho saudável e acolhedor. Ao fazê-lo, as empresas não só cuidam de seus funcionários, mas também constroem um futuro mais sustentável e saudável”, finaliza Renan Conde.
Por Redação