Quando o assunto é gestão de empresas, a governança top-down costuma vir à mente. Neste formato, que ficou em evidência no mercado durante muitos anos, os executivos do topo da estrutura hierárquica enviam diretrizes para a base. No entanto, o amadurecimento do ambiente corporativo mostrou cada vez mais os benefícios de um gerenciamento horizontal. Ou seja, a hierarquia fica de lado para dar voz a toda equipe nos momentos de tomadas de decisões. Assim, iniciativas de cultura organizacional tais como o Programa Partnership ganham espaço.

“Não há nenhum outro sistema mais eficiente do que o partnership para gerar o sentimento de dono nos colaboradores. O termo, que significa parceria em tradução livre, ocorre quando os funcionários se tornam sócios das empresas onde trabalham. Grandes players como BTG Pactual, Ambev e XP Investimentos enxergam nesse modelo de gestão uma oportunidade de criar um crescimento sustentável na organização, visto que o time se engaja mais pela marca na intenção de que ela prospere e ele faça ainda mais parte do negócio”, diz Daniel Abbud, sócio-fundador e CEO da 7Stars Ventures, holding de investimentos em startups em estágio inicial.

O executivo ainda afirma que por conta da crescente profissionalização do ecossistema de inovação, o partnership não é mais uma iniciativa exclusiva das grandes empresas.

“Atualmente, é possível implantar o modelo de gestão nas startups como uma forma de garantir um maior nível de engajamento dos colaboradores, atração e retenção de talentos e o estabelecimento de uma cultura sólida”, pontua Abbud, que já auxiliou a implementar esse sistema em duas startups investidas.

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Resultado da iniciativa em duas fintechs da holding

Recentemente, a Quero 2 Pay, fintech de meios de pagamentos por maquininhas de cartão, transformou 11 colaboradores em sócios. “Para esta primeira nomeação de partnership, além de fit cultural, levamos em consideração a evolução profissional e a produtividade. Desta maneira, a maioria dos escolhidos são funcionários que estão conosco desde o início”, afirma Jakson Majon, head de Recursos Humanos da Quero 2 Pay.

Já a Dryve, fintech com foco em financiamento virtual de automóveis, chegou a nomear 15 colaboradores. “O programa de partnership é fundamental para disseminar a cultura de empreendedorismo entre as pessoas. Não pensar na jornada dentro da empresa como um ‘emprego’ e sim como uma carreira empreendedora onde a sua contribuição tem muito peso na construção de algo muito relevante para o mercado. Essa iniciativa reflete esse tipo de visão e de atitude, pois faz com que essa pessoa possa ter um pedaço do que ajudou a construir e colher os frutos disso lá na frente, quando o negócio conquistar seu espaço de destaque”, explica Pedro Gandra, CPO e sócio-fundador da Dryve.

Para alcançar esses resultados, as startups dividem o processo de partnership em quatro etapas: seleção, análise de histórico, entrevistas com os altos executivos e feedback da área de Recursos Humanos. “Além da participação nos lucros, os nomeados também vão participar das reuniões decisivas do conselho, o que nos pede uma avaliação bem criteriosa”, reforça Abbud, que pretende ampliar esse modelo de gestão nas demais investidas da holding.

Por Redação