A educação, assim como outras áreas, está sendo impactada diretamente pelas transformações da quarta revolução industrial e ela será ainda crucial na indústria 5.0 que deve integrar a tecnologia robótica à inteligência humana. Apesar dos avanços recentes e das mudanças provocadas pela pandemia, o setor educacional como um todo ainda enfrenta desafios importantes. Segundo um relatório do Centro de Inovação para a Educação Brasileira (CIEB), 46% das escolas públicas do país, por exemplo, ainda não implementaram projetos que integrem a tecnologia às práticas pedagógicas em sala de aula.
De acordo com Bia Nóbrega, especialista em Desenvolvimento Humano e Organizacional com quase 30 anos de experiência, considerando esse cenário, as universidades corporativas enfrentam a necessidade urgente de se reposicionarem estrategicamente para lidar com essa transição.
“A ascensão da IA generativa, da realidade virtual, da internet das coisas e da robótica representa um contexto onde a ficção se torna realidade. O mundo VUCA (Volátil, Incerto, Complexo e Ambíguo, no acrônimo em inglês), evoluiu na pandemia para o mundo BANI (Frágil, Ansioso, Não Linear e Incompreensível, no acrônimo em inglês) e agora já falamos de um mundo RUPT (Rápido, Imprevisível, Paradoxal e Emaranhado, no acrônimo em inglês) exigindo uma nova abordagem para a educação e o desenvolvimento de habilidades”, explica.
O impacto dessas mudanças no processo de aprendizagem merece destaque. Considerando um mundo que demanda adaptação contínua, a aprendizagem precisa acompanhar esse ritmo. A taxa de depreciação de nossas habilidades chega a 20% ao ano, segundo estudos recentes. Portanto, o desenvolvimento de soft skills é fundamental para crescer na “era do caos”. Relatórios de instituições renomadas como McKinsey Global Institute, Fórum Econômico Mundial, Deloitte, Gallup, Infojobs, ZipRecruiter e LinkedIn destacam habilidades como resolução de problemas, pensamento crítico, criatividade, empatia e colaboração como essenciais para o sucesso.
“A transformação organizacional começa com a transformação pessoal”, reforça Bia. Ela acrescenta que é essencial que as universidades corporativas proponham políticas e práticas que inspirem essa transformação pessoal, utilizando artefatos culturais, ritos e símbolos para promover a mudança.
Agilidade em desenvolver a maneira como as pessoas aprendem também é um pilar de destaque. Ao criar uma cultura mais autônoma nesse tópico, ganha-se muito na qualificação final, ao trazer profissionais realmente envolvidos com o conhecimento. “A aprendizagem 4.0 enfatiza a eficiência operacional, o aprendizado self-service, colaborativo e sob controle do aprendiz”, lembra a especialista.
Trata-se de sair de uma gestão da eficiência (aprendizagem de massa) para garantir um processo de aprendizagem individual, móvel e inteligente. Em resumo, a aprendizagem 4.0 é caracterizada por flexibilidade nas escolhas, aplicação prática no local de trabalho e mensuração de resultados.
“Os aprendizes modernos devem se tornar Lifelong Learners (aprendizes ao longo da vida), buscando conhecimento em diversas áreas, colaborando, aprendendo na prática e assumindo o protagonismo de seu processo”, comenta. Por isso, a cultura de aprendizagem deve ser incentivada, ocorrendo em qualquer tempo e lugar, com suporte de mentoria e projetos que transcendam a teoria.
Por Redação