Mais do que mais um termo em inglês na moda, o employer branding é um condutor de mudanças significativas no mercado, mais especificamente na relação das empresas com as pessoas. O conceito, que remete ao trabalho em torno da reputação das empresas, engloba não apenas a imagem do negócio, mas a construção de experiências positivas que visam promover conexão e propósito.

Uma vez que as empresas brasileiras identificaram a importância de levar a temática às suas realidades, a relevância das ações em prol da marca empregadora motivou a criação da Associação Brasileira de Employer Branding, uma nova aliada no desenvolvimento das iniciativas de potencialização das marcas e empoderamento das pessoas.

Segundo Ana Paula Prado, CEO do Infojobs, as organizações estão identificando que não só o consumidor é um cliente da marca, mas também os colaboradores e os candidatos. A executiva traz à tona um estudo do Infojobs que evidencia o quanto o impacto da marca empregadora é cada vez maior. A pesquisa mostra que 76% dos profissionais afirmam consultar páginas de opinião pública e redes sociais antes de decidir se vão ou não se candidatar a uma vaga. Além disso, 70% respondentes acreditam que a reputação da marca diante dos funcionários é um critério decisivo para a tomada de decisão sobre uma oportunidade.

“Hoje, com a escassez de talentos e a dificuldade para contratar e reter bons profissionais, uma boa reputação de marca pode ser um diferencial para que eles escolham trabalhar ou não em uma organização. [O trabalho de employer branding] é também uma forma de redução de gastos. Uma pesquisa do LinkedIn revela que as empresas com uma reputação forte possuem redução de 43% dos custos de recrutamento por profissional contratado”, destaca Ana Paula.

Veja mais: Como a experiência do candidato afeta o Employer Branding?

Employer Branding na prática

As ações que guiarão o trabalho de crescimento da marca empregadora variam de negócio para negócio, de acordo com sua cultura, valores e públicos. Todavia, há, segundo a CEO do Infojobs, um fator em comum que todas as organizações devem ter em mente para que o employer branding seja efetivo: o colaborador deve estar sempre no centro de todas as ações.

Na visão da especialista, toda e qualquer empresa precisa ter a compreensão do que é mais importante para os funcionários, o que vai desde a cultura, os benefícios, o ambiente de trabalho e o plano de carreira, até o desenvolvimento de líderes que saibam trabalhar bem o fator humanização. O bem-estar e a valorização das pessoas motivam que haja um sentimento de orgulho em relação à marca, o que robustece os números e garante uma exposição favorável.

“O employer branding deve ser pensado desde o processo seletivo, com uma boa experiência para os candidatos. O perfil da empresa deve ser mostrado, assim como o modo que a organização se preocupa com os colaboradores, ou seja a proposta de valor como empregador. Em seguida, o momento do onboarding é um ponto chave, pois é na integração que o sentimento de pertencimento deve ter início. É nessa etapa também que a mensagem transmitida no processo seletivo se consolida, reforçando a primeira impressão”, salienta a executiva.

Ingressos Top of Mind

Ana Paula acrescenta que, passadas as fases de seleção e integração, no dia a dia o employer branding se torna funcional na medida em que ele se naturaliza na rotina. Em outras palavras, é a cultura da empresa que será o reforço para o estabelecimento das ações voltadas ao colaborador, que podem ser pontuais com o endomarketing ou contínuas com transparência de negócio, empatia nas relações, agilidade nos processos e tudo o que for tratado como importante para o moral do time.

No Infojobs, a lição de casa é feita. A CEO expõe que na empresa os valores são bem definidos (ética, positivismo, integridade, transparência, engajamento, valorização e inovação). São eles que norteiam a tomada de decisões, das pequenas ações do dia a dia às ações que solidificam a cultura organizacional.

Com base nesses valores nós procuramos ser transparentes e também ter uma escuta ativa, a fim de estarmos atentos às avaliações dos colaboradores e entendermos se precisamos ajudar a rota. Tudo isso cria um sentimento de confiança e segurança, todos sabem onde estamos, quais são os objetivos e como vamos alcançá-los. Acreditamos que valorizar os funcionários é ter um alinhamento constante de ideias e expectativas. Além disso, essa é uma forma de entender as suas necessidades e propor melhorias que visem o bem-estar dos colaboradores”, diz.

Veja mais: Por que usar Employer Branding para atrair profissionais de tecnologia?

Por fim, Ana Paula deixa claro que os gestores devem ter a compreensão de que a relação das pessoas com o trabalho mudou. Entre as mudanças aceleradas ou promovidas pela pandemia da Covid-19, a busca por equilíbrio entre vida pessoal e profissional se tornou uma prioridade. Um estudo da Microsoft, por exemplo, identificou que para 53% dos profissionais, saúde e bem-estar são mais importantes do que o trabalho.

“Trabalhar com employer branding é uma atividade estratégica. Deve envolver a liderança, já que vai abordar também a cultura com o objetivo de ajudar na captação e na retenção de profissionais que são aderentes ao negócio e aos valores propostos pela empresa. Para montar um planejamento é necessário analisar esses dados, olhar o cenário atual e os interesses dos profissionais, e com isso pensar em práticas que conciliam com os interesses das empresas também”, finaliza.

Por Bruno Piai