Sentir tédio é algo bastante comum. Quem nunca se sentiu tremendamente entediado ao assistir algum programa pouco interessante, marcando presença em um evento desgastante ou simplesmente sem saber o que fazer para passar o tempo?
Contudo, nem sempre lidar com o tédio é algo tão banal, especialmente quando ele se manifesta de forma frequente. O estado emocional pode ser sintoma de doenças mentais e até mesmo de uma condição cujo nome é muito parecido com o famoso Burnout: a Síndrome de Boreout. Vamos entender melhor isso e muito mais no GiroRH de hoje.
Bora girar?
Antes de comemorar, mude
Às vésperas do Dia das Mães, o ambiente de trabalho ainda é de pouca celebração às mamães profissionais. De acordo com o levantamento da Catho, 63,3% das empresas não possuem programas de inclusão, capacitação ou reconhecimento voltados a mães ou gestantes — evidenciando a falta de políticas estruturadas para apoiar esse público no ambiente corporativo.
Apenas 15% dos profissionais afirmaram trabalhar em empresas que contam com algum tipo de programa específico para este público, o que mostra que ações para promover a equidade de gênero e a diversidade ainda são incipientes na maioria das companhias. "Incluir mães no mercado de trabalho vai muito além da contratação. É preciso criar um ambiente em que elas possam se desenvolver profissionalmente e equilibrar suas responsabilidades pessoais, o que exige políticas mais efetivas e inclusivas", afirma Christiana Mello, diretora de Growth B2B Pequenas e Médias Empresas da Catho.
Autonomia faz bem
Afinal, o que mais estimula a sua criatividade no ambiente de trabalho hoje? Uma pesquisa recente questionou centenas de profissionais de todo o Brasil e descobriu a resposta: ao menos para quase 70% dos entrevistados, a autonomia para testar novas ideias — mais importante para o fazer criativo do que metas desafiadoras, bem como o investimento em treinamentos e cursos diversos.
A constatação é da Conquer Business School, escola de negócios que, nas últimas semanas, pediu que brasileiros de todas as regiões compartilhassem detalhes de suas vidas criativas, entre os fatores que mais os estimulam profissionalmente, os obstáculos mais comuns para se exercer a própria criatividade e os impactos da habilidade em questão na própria autoestima.
Para a maior parte dos respondentes, se obstáculos como uma cultura rígida e o excesso de demandas só tendem a enfraquecer o próprio fazer criativo, a independência nas empresas (69%), a colaboração com os colegas (58%) e o acesso a tecnologias adequadas (55%), por outro lado, seriam as grandes chaves para mais criatividade no dia a dia — seja ao conduzir grandes projetos ou realizar tarefas operacionais.
O tédio e sua síndrome
Ao contrário da conhecida síndrome de Burnout, caracterizada pelo esgotamento emocional, manifestado de forma física e mental nos ambientes de trabalho, a Síndrome do Tédio, o Boreout, originário do inglês bored (entediado), pode afetar a vida pessoal e a profissional quando há uma ausência de prazer, interesse e até reconhecimento das atividades.
Embora ainda não seja reconhecida oficialmente como uma doença ocupacional pela Organização Mundial da Saúde, existe uma alerta nas corporações sobre esse comportamento de apatia, falta de reconhecimento e prazer que pode levar a quadros de depressão, conforme analisa a advogada especialista em saúde mental, Adriana Belintani.
“É muito comum nos dias atuais se falar em exaustão, redução de eficiência e falta de conexão com os colegas de trabalho – o que passa pelo Burnout, recentemente classificado como uma síndrome defensiva (mecanismo de defesa), que se manifesta em diversas profissões. Entretanto, existe também o boreout, quando o trabalhador se sente pouco valorizado”, explica Adriana. “Geralmente a pessoa se sente desmotivada por não ser requerida para execução de tarefas e, consequentemente, com o passar do tempo, não sente mais prazer em suas atividades laborativas e o trabalho se torna de fato um verdadeiro fardo a ser carregado”, acrescenta.
O cenário se torna ainda mais preocupante quando pesquisas, como uma da Gallup, revelam que o desengajamento no trabalho é cada vez mais comum. Segundo a consultoria global, só no Brasil sete a cada dez profissionais se sentem desengajados.
Para Dado Schneider, especialista nas Gerações Z e Alpha, o debate sobre o tema é urgente - especialmente quando se observa a chegada da Geração Z ao mercado de trabalho. “O tédio profissional tende a impactar ainda mais os jovens dessa geração, que estão entrando com força nas organizações. Trata-se de uma geração que busca intenção, desafios constantes e resultados rápidos, diferente do que muitos pensam. Quando esses elementos não estão presentes, o risco de desmotivação crônica aumenta”.
Sintomas que vão além de um simples tédio
Por não se sentir como parte do negócio ou integrado à empresa, o colaborador se desconecta e a aderência ao trabalho se torna quase nula. Isso acontece geralmente quando há menos demanda para cumprimento das tarefas, sua participação nos desafios da equipe é dispensada e assim seu ambiente laboral passa a ser entediante.
“A Síndrome de Boreout pode ocorrer até mesmo em trabalhadores recém-contratados, quando descobrem que as características informadas no momento da contratação não correspondem às atividades propostas a eles diariamente na rotina da empresa”, alerta Adriana.
Os sinais mais evidentes que podem identificar a síndrome são ansiedade, insônia, sentimento de não realização, problemas de pele e baixa estima. Estas são algumas situações comuns ao Boreout:
- Ter pouco trabalho e passar muito tempo sem atividades;
- Não ter seu trabalho reconhecido pelas pessoas;
- Realizar atividades monótonas;
- Realizar funções que não se adequam à sua qualificação;
- Receber menos responsabilidades do que poderia;
- Encontrar muitas limitações ao dar uma ideia inovadora;
- Não ver oportunidades de crescimento na empresa;
- Condições precárias de trabalho;
- Clima organizacional ruim;
- Envolver-se em relações de competição e conflitos com colegas.
Eliane Aere, presidente da ABRH-SP e CEO da Umanni, destaca que o tema precisa entrar de vez na pauta das lideranças. “Durante muito tempo, associamos produtividade apenas à quantidade de entregas ou ao número de horas trabalhadas. Mas a produtividade real vem do engajamento genuíno, da conexão com um propósito e do sentimento de pertencimento. O boreout nos mostra que o vazio também tem custo e ele pode ser alto”, afirma.
T&D em transformação

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Por Bruno Piai