O mercado de trabalho brasileiro, com taxas de desemprego em níveis historicamente baixos, tem enfrentado desafios significativos na captação de talentos qualificados. A fim de apoiar tanto empresas quanto profissionais, o novo Guia Salarial 2025 da Robert Half, em sua 17ª edição, apresenta as principais tendências de recrutamento em Recursos Humanos para o próximo ano.
Laís Vasconcelos, gerente de recrutamento da Robert Half, observa que, após um primeiro semestre focado em substituições, o cenário em Recursos Humanos mostrou-se mais promissor nos últimos meses, uma tendência que deve se manter em 2025.
“Observamos o crescimento de vagas estratégicas, com ênfase em cargos de gerência e diretoria, além de um aumento nas demandas de desenvolvimento organizacional voltadas ao treinamento de lideranças. As empresas que reconhecem o valor agregado do RH têm potencializado suas estruturas para que acompanhem e influenciem diretamente os resultados do negócio”, afirma Vasconcelos.
Para Danielle Nakaya, gerente da Robert Half, um RH bem estruturado é essencial para o sucesso das empresas, pois garante as pessoas certas nas posições certas. “Isso impacta diretamente a gestão de indicadores, como o turnover, que se tornou consequência de uma boa gestão de pessoas alinhada à cultura organizacional. Uma equipe engajada e um clima organizacional positivo contribuem para o equilíbrio da saúde mental, permitindo que todos alcancem seu melhor desempenho”, ressalta Nakaya.
Para as especialistas da Robert Half, o próximo ciclo ainda tende a gerar um fluxo grande cadeiras generalistas, mas com um peso maior em determinadas competências. As empresas não devem abrir mão de profissionais multitarefas, que dentro do ecossistema de RH, são capazes de atacar determinado subsistema em um momento inicial.
As especialistas da Robert Half acreditam que, no próximo ciclo, deve haver uma alta demanda por profissionais de perfil generalista, mas com um peso maior para determinadas competências. As empresas, segundo elas, não devem abrir mão de profissionais multitarefas com capacidade para atender às demandas dinâmicas dos subsistemas de RH.
Baixa taxa de desemprego acirra guerra por talentos
As empresas ainda se deparam com dificuldades para atrair talentos, visto que o número de profissionais qualificados não supre a demanda e as taxas de desemprego continuam em queda. O índice de desocupação para esta categoria, a partir dos 25 anos e com ensino superior completo, gira em torno de 3,5%, um patamar que o mercado considera próximo do “pleno emprego”.
A consolidação de um RH estratégico e central para o negócio traz novas exigências para os gestores da área. “O RH hoje se afasta das rotinas meramente transacionais, voltadas para questões administrativas, e evolui para uma abordagem mais estratégica, que demanda habilidades comportamentais bem desenvolvidas”, destaca Vasconcelos.
Danielle Nakaya observa ainda que as novas gerações têm diferentes prioridades de carreira e que cargos de liderança nem sempre são vistos como um objetivo. “Ao contrário das gerações anteriores, muitos jovens profissionais não enxergam as posições de gestão como uma meta essencial. O RH, portanto, assume um papel crucial ao oferecer suporte e desenvolvimento contínuo para essas pessoas, caso queiram seguir esse caminho”, explica Nakaya.
Modelos de trabalho: papel do RH
O RH desempenha um papel central na definição dos modelos de trabalho, equilibrando as expectativas entre vida pessoal e profissional e assegurando uma comunicação interna clara.
“Questões de clima organizacional e cultura são prioridades para o RH em 2025, encabeçados pela área de DHO. Embora muitas empresas tenham retomado o modelo 100% presencial, é necessário considerar o impacto dessa decisão na satisfação e eficiência dos colaboradores. Como comunicar a necessidade de retorno, os motivos para isso e a relação da decisão com o direcionamento do negócio?”, reflete Nakaya.
Ela aponta que o RH deverá intensificar as ações de engajamento para reter talentos, especialmente no contexto de um mercado que valoriza aspectos além da remuneração, como flexibilidade e qualidade de vida.
O impacto da transformação digital
A transformação digital tem impactado o setor de Recursos Humanos, que busca soluções tecnológicas para lidar com a complexidade das operações atuais.
“O RH de hoje não se limita a resolver conflitos; é também um tomador de decisões embasadas em dados e sistemas. Em algumas empresas, a área de indicadores é integrada ao RH, com profissionais de Business Intelligence focados em análise de dados de absenteísmo, turnover, eficiência, mapeamento de sucessão, planos de desenvolvimento, entre outros pontos críticos para o sucesso organizacional”, conclui Vasconcelos.
Essas mudanças destacam o papel evolutivo da área de Recursos Humanos, que se fortalece como parceiro estratégico do negócio, contribuindo para a gestão de pessoas e para um crescimento sustentável adaptado às exigências do mercado atual.
Profissões em alta para 2025
(Fonte: Guia Salarial 2025 da Robert Half/valores em reais)
Recursos Humanos
- Segmentos que lideram as contratações: Infraestrutura, Bens de consumo, Agronegócios, Atacado e varejo;
- Subsistemas com maior demanda: Treinamento e desenvolvimento, Gestão de desempenho, Gestão de clima organizacional, Atração e seleção
- Profissionais mais procurados: Gerente de RH generalista, Gerente de DHO, Coordenador(a) de payroll, Especialista Business Partner;
- Habilidades técnicas mais demandadas: Gestão de desempenho, Gestão de clima organizacional, Idiomas, Desenvolvimento de liderança;
- Habilidades comportamentais em alta: Comunicação, Liderança, Resolução de problemas, Inteligência emocional;
Algumas perspectivas de remuneração para 2024:
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- Gerente de DHO: P/M – 20.370 | 23.600 | 26.610; G – 24.420 | 29.000 | 32.740;
- Gerente de RH generalista: P/M – 19.760 | 23.400 | 26.310; G – 24.330 | 29.000 | 32.720
- Coordenador(a) de payroll: P/M – 10.920 | 13.000 | 14.040; G – 13.650 | 16.100 | 18.030
- Business Partner: P/M – 10.970 | 12.900 | 14.660; G – 13.680 | 16.100 | 18.090