Na manhã de hoje (24), o Grupo Cia de Talentos divulgou os resultados da 20ª edição da pesquisa Carreira dos Sonhos. O estudo, realizado desde 2002, teve o propósito de fazer um retrato do mercado de trabalho no que diz respeito à percepção dos profissionais sobre senso de pertencimento e qualidade de sua saúde mental, temas em alta no atual cenário pandêmico.
Além disso, a pesquisa oferece dados para líderes e organizações entenderem como cultivar o sentimento de conexão e a saúde mental dos colaboradores.. Organizações que conseguirem fomentar esse sentimento tendem a ser mais competitivas, uma vez que quanto mais conectados os colaboradores estão com a empresa, mais produtivos, criativos, inovadores e felizes eles são.
A atual edição contou com a participação de 98.355 pessoas de todas as regiões do país e também do exterior divididas em três categorias: jovens (78.864 participantes), média gestão (12.786) e alta liderança (6.885). Confira alguns dos principais dados levantados:
Senso de pertencimento
Embora as organizações cada vez mais invistam em tecnologias e ferramentas automatizadas, o outro lado da moeda, o da humanização, exige o mesmo esforço. Por parte dos colaboradores e dos consumidores, há a exigência para que as empresas se posicionem, tenham iniciativas que beneficiem a sociedade e estejam atentas às questões mais relevantes ao redor de seu público. Portanto, mais do que nunca a sensação de pertencimento é crucial para atrair talentos e também para retê-los no negócio.
Nesse quesito, de acordo com a pesquisa, a média gestão é quem menos sente que faz parte da cultura de sua empresa. Somente 50% dos entrevistados se sentem plenamente pertencentes. Quanto aos jovens, o índice positivo é semelhante, na faixa dos 52%. Já 70% dos entrevistados de alta liderança sentem pertencimento.
A Carreira dos Sonhos mostra que profissionais com senso de pertencimento são mais suscetíveis a indicar a empresa para familiares e conhecidos. Dos jovens, 68% responderam que muito provavelmente fariam a recomendação, enquanto 76% dos profissionais de média gestão e 75% da alta liderança fariam o mesmo.
Segundo o Grupo Cia de Talentos, o pertencimento é cultivado quando a cultura organizacional oferece autonomia de ação, valorização de contribuições, comunicação aberta e honesta, trabalho significativo e, muito importante, permite que o colaborador possa ser ele mesmo. Este último ponto é sentido somente por 27% dos profissionais de média gestão e por 31% dos jovens. 45% dos respondentes da alta liderança se sentem à vontade para se expressar sem receios.
Média gestão não se sente parte do negócio
Todos os tópicos do parágrafo acima foram avaliados pelo levantamento e um fator em questão chama a atenção além de nos cinco questionamentos a alta liderança ser quem se sente mais pertencente: em quatro dos cinco a média gestão apresenta os piores números de pertencimento.
Com exceção da afirmação “tarefas impactam pessoas e negócios”, na qual 56% dos colaboradores de média gestão expuseram que faz parte de sua realidade (contra 49% dos jovens), nas seguintes o índice é igual ou inferior a 30%:
- Expressar ideias sem receio: 27%
- As ideias são ouvidas e valorizadas: 28%
- Liberdade e Autonomia de ação: 23%
- Comunicação aberta e honesta: 30%
A Cia de Talentos pontua que a Média Gestão é determinante para a construção e a manutenção da cultura organizacional, sendo ela, inclusive, o elo entre os jovens e a alta liderança. A pesquisa Benchmark Brasil de Employee Experience reforça a análise da Carreira dos Sonhos, uma vez que mostra que empresas que investem em uma boa experiência de seus funcionários foram capazes de notar uma otimização de 25% nos seus lucros, tornando ainda mais importante a ideia da produtividade e senso de pertencimento das equipes.
Saúde Mental
Outro ponto importante tratado no levantamento da Cia de Talentos é a saúde mental dos colaboradores. É relembrado na pesquisa que o Brasil é o quinto país do mundo com mais casos de depressão, é o vice-líder do ranking do Burnout e tem 9,3% de sua população vítima da ansiedade, quase o triplo da média mundial.
De acordo com a pesquisa, causa estranheza que numa avaliação de 1 a 5, a maioria absoluta dos públicos avaliados tenham dado nota 4 ou 5 para sua saúde mental, o que representa que ela está boa. Porém, considerável parcela daqueles que se atribuíram uma nota alta já sofreu com algum transtorno mental.
As notas 4 e 5 foram escolhidas por 68% dos jovens, 80% da média gestão e 84% da alta liderança. Porém, respectivamente, 49%, 44% e 44% já tiveram ou têm algum transtorno que afetou sua saúde psicológica.
Quanto aos transtornos, a ansiedade é a campeã nas três categorias de público, seguida pelo estresse. 84% dos jovens já sentiram ansiedade, assim como 64% da média gestão e 62% da alta liderança. Questionados sobre quais são os fatores que mais prejudicam a saúde mental no ambiente de trabalho, os jovens apontaram o ambiente tóxico (28%) como maior problema e a média gestão salientou como o maior inimigo da saúde psicológica a carga elevada de trabalho (19%). Ambas as opções lideraram as escolhas da alta liderança (18% cada).
Pesquisa disponível para download
Tanto na análise do pertencimento quanto da saúde mental a pesquisa se aprofunda com diversos tópicos não só avaliando o público geral, como também faz o recorte de mulheres negras, homens negros, pessoas LGBTQIA+ e mulheres negras LGBTQIA+. São 68 páginas de muito conteúdo que você pode acessar em https://www.carreiradossonhos.com.br/. E para mais informações, análise e a visão de especialistas no assunto, confira a live realizada pela Cia de Talentos: https://cutt.ly/Yn6otUE.
Por Bruno Piai