O Employee Experience (EX), já há alguns anos, entrou de vez em pauta na realidade de empresas que visam potencializar a sua competitividade. O conceito, que se refere às ações e ao mapeamento da jornada do colaborador dentro de uma organização, se tornou fundamental para que líderes e gestores desenvolvam práticas efetivas de atração e retenção de talentos.

De acordo com o relatório Employee Experience Brasil 2019, realizado pela SocialBase, os negócios passaram a olhar com mais cuidado para seus times de trabalho. 65,9% dos respondentes manifestaram concordância com a famosa frase do CEO da Virgin Group, Richard Branson, que diz que “os clientes não vêm primeiro. Os funcionários vêm em primeiro lugar. Se você cuidar bem dos seus funcionários, eles cuidarão bem dos clientes”. Além disso, segundo o levantamento, 85,3% dos entrevistados acreditam que a gestão da experiência do colaborador se tornou mais importante do que era em 2017.

No cenário da pandemia, as empresas precisaram adaptar suas práticas para tornar saudável a jornada do colaborador. Diversas iniciativas e ações cresceram em números, como a oferta de benefícios destinados à saúde mental, o trabalho híbrido ou em total home office, a digitalização de processos e a flexibilização. 

Os dados dos estudos aliados à nova realidade de mercado mostram que a preocupação com a experiência do colaborador não é mais uma tendência, mas sim uma realidade que se fortalece corporativamente. “Investir na experiência do colaborador significa desenvolver ações que promovam o bem-estar e o crescimento das equipes, como consequência há uma melhora gradativa do clima organizacional, fortalecimento da cultura, funcionários mais engajados e produtivos, além da redução da rotatividade e aumento na atração e retenção de talentos”, pontua André Franco, CEO do Dialog.ci.

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De olho nas próximas gerações e na tecnologia

Um estudo realizado com a geração Z no mercado de trabalho – 17 a 22 anos – mostra que 37% dos participantes visam oportunidades de aprendizado, enquanto apenas 14% valorizam mais remuneração e benefícios. Em contrapartida, a Pesquisa FEEx – FIA Employee Experience 2021 também mostra que a geração tem a tendência de deixar as empresas atuais em busca de oportunidades melhores: 8% dos jovens entrevistados já se candidataram a uma vaga de emprego em outra empresa, sendo um índice 33% maior do que os outros grupos etários.

“O mais marcante dessa geração é a sua relação com a tecnologia e com o meio digital, considerando que essas pessoas vivenciaram, desde muito jovens, o momento de maior expansão tecnológica proporcionada pela popularização da internet. São também chamados de nativos digitais, conhecidos por serem cidadãos do mundo, além de terem uma forte responsabilidade social e ambiental”, comenta Lina Nakata, estudiosa da FIA.

Segundo Rodrigo Pádua, VP Global de Gente e Cultura do Grupo Stefanini, as empresas deverão se preparar para serem cada vez mais digitais. O onboarding (processo de integração do colaborador), hoje uma das principais iniciativas para gerar valor no processo de engajamento do empregado, não será somente presencial, o que exige estratégias para que ele funcione de forma positiva também a distância.

“A relação com os colaboradores vai além do tradicional pacote de benefícios. Cada vez mais, as organizações têm investido nessas relações para atrair e reter seus talentos. Embora os processos de integração do novo colaborador nas empresas sejam definitivamente humanizados, há formas de otimizar essa socialização por meio de novas tecnologias. Uma delas é o Onboarding Digital”, explica o executivo, que acrescenta:

“O intuito é receber, promover a socialização com os processos e cultura organizacional. Ao ingressar em um novo desafio, é crucial proporcionar uma experiência única ao novo membro do time. As empresas que possuem um processo de ingresso estruturado percebem uma produtividade 62% melhor, segundo a Society for Human Resource Management (SHRM).”


Há tempos o Employee Experience, ou experiência do colaborador, está no radar das organizações. Como levar, cada vez mais de forma estratégica, uma boa experiência ao longo de toda a jornada de seu capital humano? Do outro lado (na verdade, bem ao lado), aparece o Customer Experience, que é a experiência do consumidor. Afinal, qual a relação entre ambos?

Lidia Gordijo, Chief Experience Officer (HR & CX) da Pitzi, compartilhou importantes insights sobre o EX e o CX no Vem Pra Luz. Confira no player abaixo ou clicando aqui.


Para Gabriel Kessler, CGO da Dialog.ci, enquanto ainda existe o senso comum de que tecnologia e pessoas se enfrentam, o mercado trabalha para mostrar que as vertentes se complementam. Segundo ele, a digitalização de processos só tende a tornar os negócios mais atrativos para funcionários e candidatos.

“A digitalização melhora a experiência do colaborador e também otimiza o trabalho de quem está com a mão na massa. Isso porque permite: (i) Construção de estratégia baseada em dados; (ii) agilidade e fácil armazenamento de informações e documentos; (iii) e aumento da produtividade, ao automatizar e simplificar tarefas simples que tomam tempo.”

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A atração de clientes via Employee X

Franco explica que um trabalho bem incorporado de EX é determinante no processo de construção de marca, uma vez que “quanto mais engajado, capacitado e alinhado com a corporação o profissional estiver, mais ele vai se sentir apto a crescer em um ambiente saudável e conquistar clientes fiéis – ou até mesmo trazer inovações que otimizam ainda mais o Customer Experience”. 

O CEO esclarece que  para as empresas que estão começando a investir em ações de Employee Experience, o melhor caminho é tratar esse conceito da mesma forma que lidam com a experiência do cliente, ou seja, apostar na personalização das mensagens, comunicação transparente e autenticidade.

“Tudo deve começar de dentro pra fora, alinhar a estratégia seguindo um fluxo onde o colaborador faça parte da experiência e ele carregue consigo a sua essência de marca. Afinal, ele faz parte da empresa, é o porta-voz da marca/empresa e faz seu negócio continuar existindo. Antes mesmo de começar a implementar novas ações e iniciativas, é fundamental ouvir o que os colaboradores têm a dizer sobre o ambiente, e mapear as necessidades e fragilidades, através de uma pesquisa de clima organizacional”.

A pesquisa da SocialBase revela que as áreas de RH (43,9%) e de comunicação e marketing (31,6%) são as mais envolvidas em ações de EX. E é exatamente na conexão entre os segmentos que Franco diz estar o ponto estratégico para o desenvolvimento de um modelo de trabalho que centraliza o colaborador.

“Para fazer as áreas convergirem, nada melhor do que unir forças entre as equipes de marketing e de RH para construírem juntos essa estratégia. O marketing pode ter um papel fundamental para criar essa afinidade entre a empresa e o colaborador, tornando a experiência positiva e ele um novo defensor da marca. Independente do caminho escolhido, é preciso que a empresa tenha um propósito e que sustente os valores que acredita, atraindo colaboradores alinhados  com o perfil da marca e que podem ser futuramente uma das chaves para o sucesso”, finaliza.

Por Bruno Piai