O ambiente de trabalho brasileiro enfrenta um desafio urgente: lidar com crises emocionais de forma responsável e preparada. Em 2024 o país registrou mais de 470 mil licenças médicas concedidas em razão de transtornos mentais, segundo o Ministério da Previdência Social. Um aumento de 68% com relação ao ano anterior. O tema levou o governo federal a atualizar a norma com as diretrizes sobre riscos ocupacionais, a Norma Regulamentadora nº 1 (NR-1). Em busca de uma resposta prática, capaz de salvar vidas e transformar a cultura de cuidado, empresas têm apostado na tecnologia a serviço da saúde mental de seus colaboradores. 

Muito além da terapia online, estas plataformas também atuam na formação dos trabalhadores para identificar e agir em situações de crise psicológica. Foi o que levou a Moodar, startup de gestão emocional corporativa, a lançar o programa Brigada de Primeiros Socorros Emocionais com medidas fundamentais para acolher alguém em sofrimento psíquico até que a ajuda profissional possa ser acionada. 

Para a Mestre em Neurociências, diretora executiva na Moodar e pesquisadora na área de Saúde Mental, Bárbara Lippi, este é um cenário que as empresas não podem mais ignorar. “Ainda vemos equipes inteiras sem preparo para lidar com colegas em sofrimento extremo, inclusive em risco de suicídio. O papel da liderança não é apenas cobrar resultados, mas também cuidar dos riscos psicossociais”.

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Como funciona a brigada

O programa é ministrado por psicólogos especialistas em saúde mental e combina teoria, estudos de caso reais e simulações de role play, garantindo que os participantes possam aplicar imediatamente o que aprenderam no dia a dia. A formação ensina a identificar sinais de sofrimento e a diferenciar o que pode ser feito como primeiro acolhimento e quando é necessário encaminhar para apoio especializado, sempre respeitando os limites éticos. 

Competências desenvolvidas 

Os integrantes da brigada saem prontos para aplicar rotinas que antes eram pouco discutidas ou efetivas dentro da empresa, tais como:

  • Escuta ativa;
  • Autocontrole;
  • Comunicação eficaz;
  • Empatia;
  • Gerenciamento de riscos emocionais;
  • Resiliência. 

Além disso, os brigadistas recebem certificado com validade de 1 ano e material exclusivo, reforçando a importância da atualização constante. “Mais do que um curso, é uma experiência imersiva que fortalece e amplia a rede de suporte emocional nas empresas e garante que exista uma resposta estruturada e humana diante de crises”, explica Bárbara, que também é cofundadora da Moodar.

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Importância para as empresas

Mais do que uma iniciativa de impacto social, a brigada se posiciona como ferramenta estratégica para empresas que buscam:

  • Reduzir custos com afastamentos e turnover;
  • Fortalecer a imagem corporativa como ambiente de cuidado;
  • Melhorar clima organizacional e engajamento;
  • Preparar lideranças para lidar com riscos psicossociais.

Bárbara conta que a ideia do programa surgiu após uma vivência sua em um treinamento nos Estados Unidos, onde brigadas semelhantes já estão consolidadas e funcionam como a CIPA (Comissão Interna de Prevenção de Acidentes), mas voltadas exclusivamente para crises psicológicas. “Ao voltar ao Brasil e ver a gravidade dos números, ficou claro que precisávamos adaptar essa prática à nossa realidade corporativa”, completa a empresária. 

Ao unir ciência comportamental, tecnologia e dados, a plataforma transforma a gestão de saúde psicológica em um processo estruturado, estratégico e mensurável, já que as organizações que utilizam a solução têm acesso a ferramentas de analytics, podendo ter insights sobre o clima organizacional e o sentimento das equipes.