Celebrado em 15 de outubro como uma referência a D. Pedro I, que em 1827 instituiu uma lei sobre ensino elementar, o Dia do Professor traz à tona a relevância do papel desempenhado por educadores e educadoras do Brasil.

De acordo com Lucas Seco, diretor do Colégio Anglo Chácara, a data é extremamente importante porque estamos falando de uma das carreiras mais dignas e, ao mesmo tempo, uma das mais fundamentais para qualquer nação.

“Temos muitos exemplos ao longo da História de países que foram se construindo e reconstruindo com o apoio maciço do Estado e da sociedade e, principalmente, priorizando a educação. É necessário a compreensão de que a educação é a base para uma sociedade bem desenvolvida nos aspectos social, econômico, humano e cultural, mas para que a educação seja aprimorada em um país é necessário a criação de uma política de Estado eficiente, além do incentivo para formação de professores, infraestrutura mínima de trabalho para o professorado e remuneração digna”, afirma.

O gestor salienta ainda que, nesse sentido, é importante reconhecer esse profissional como um elemento chave na construção da sociedade. “O Dia do Professor está aí para nos lembrar da relevância dessa figura. É preciso olhar e valorizar os educadores, pois todos nós tivemos um professor importante na vida, alguém que nos marcou, e lembrar dele é parte de lembrar da nossa própria vida, da nossa própria história. Trazer essa memória é relevante para nós mesmos, além de nos fazer reconhecer o quão necessário são esses profissionais na construção de uma sociedade bem desenvolvida”, acrescenta.

Para Eduardo Calbucci, professor e CEO do Programa Semente – metodologia de ensino socioemocional para jovens e adultos -, será fundamental investir na formação, capacitação e, principalmente, no bem-estar dos educadores, desenvolvendo suas competências socioemocionais para que sigam em sua missão de apoiar alunos e suas famílias.

“É por meio das habilidades socioemocionais que professores no presente e no futuro, auxiliarão alunos na trilha de aprendizagem com mais criatividade, confiança, flexibilidade, inovação, resiliência, empatia, visão coletiva e sistêmica, para ajudar a construir repertórios, interações, e formar, acima de tudo, cidadãos com senso crítico para atuar em uma sociedade cada vez mais incerta e automatizada”, ressalta.

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Os professores são valorizados?

Segundo uma pesquisa realizada pela TIM com 128 mil clientes da operadora, os professores têm significativa importância para 80% dos respondentes. O levantamento foi realizado com o objetivo de compreender a opinião do público referente à importância da docência. Foi também coletada a visão mais recente dos próprios profissionais da Educação sobre as vantagens e desvantagens da profissão, além das dificuldades ainda enfrentadas na pandemia.

Uma das principais constatações da enquete diz respeito à relevância do professor para a vida: 68% dos entrevistados disseram ser uma profissão “muitíssimo importante” e 12% avaliaram como “importante” – totalizando 80%. Em contraste, outros 11% avaliaram como “pouco” ou “nada importante”, enquanto 9% mostraram indiferença, afirmando que a figura de um professor é “nem muito nem pouco importante”.

Já 11% dos respondentes que exercem ou exerceram a função de professor apontaram os prós e contras da profissão. Como vantagem, empataram com 25% o fato de poder ser uma influência para o futuro da sociedade e de poder contribuir com a formação das pessoas. Já 21% apontaram como benefício do professorado a oportunidade que se tem de contribuir para uma melhora do país. Apenas 9% enxergam a profissão como fonte de renda.

Em relação às desvantagens, liderou a falta de reconhecimento (22%), a baixa remuneração (20%), a falta de respeito (18%) e também a falta de interesse e dedicação dos alunos (17%). O estresse elevado também foi reclamado por 16% dos professores, assim como a falta de engajamento do país em relação à atividade docente, que foi mencionada por 11%.

Aula na pandemia

A pesquisa também trouxe uma atualização em relação às dificuldades enfrentadas pelos professores durante a pandemia. A falta de acesso à internet lidera as reclamações, mencionada por 15% dos participantes. Eles ainda apontaram como dificuldade a retenção da atenção dos alunos durante as aulas online (12%) e o despreparo das famílias para apoiar os jovens (11%).  Por outro lado, 8% se queixaram de despreparo dos próprios professores para dominar aulas à distância.

O levantamento obteve respostas de clientes de 14 a 60+ anos de idade, sendo o principal público respondente das faixas etárias até 24 anos (50%) e de até 35 anos (30%). Entre as 128.479 pessoas ouvidas, 11% identificaram-se como professores ativos ou inativos, sendo 44% da rede pública, 32% da rede privada e outros 32% professores particulares.

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E já que falamos de valorização, como está a situação financeira?

Levantamento realizado pela Catho mostra que o Distrito Federal é o estado com maior média salarial paga aos educadores. A pesquisa ainda mostrou que, com a volta das aulas presenciais, as vagas para professores auxiliares cresceram mais de 300% quando comparado ao mesmo período de 2020.

Em todo o País, é possível notar ofertas que variam entre R$1.700,00 até R$5.000,00. Os estados que oferecem a maior média salarial atualmente são: Distrito Federal (R$5.167,64), Pará (R$4.341,34) e Maranhão (R$4.223,44). Já o Rio Grande do Norte é o estado que oferece a menor remuneração para os educadores, com uma média de R$1.798,51.

Quando o assunto é especialidade, os professores de ensino superior são os que encontram propostas de remuneração acima da média. Cargos para lecionar administração e direito estão entre as maiores ofertas: R$8.761,33 e R$7.130,89, respectivamente. Os educadores do ensino médio vem logo depois com ofertas de salários de R$3.861,64 para práticas pedagógicas e de R$3.749,40 para o ensino de línguas estrangeiras. Já para atuar com o ensino fundamental, as médias salariais são de R$3.035,21 e R$2.941,3 para ensinar educação física e matérias regulares, respectivamente.

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Aumento de vagas

“Com o avanço da vacinação e o retorno das aulas presenciais foi possível notar um crescimento na oferta de vagas para os educadores e principalmente para os auxiliares que são essenciais no modelo presencial”, explica Patricia Suzuki, CHRO da Catho.

Outro ponto importante revelado pelo levantamento foi o crescimento nas oportunidades para esses profissionais. As vagas para atuar como auxiliares de classe cresceram 324% quando comparado ao mesmo período do ano passado. Já para os professores de inglês, as oportunidades cresceram 79%. As informações são referentes à base de dados da Catho com vagas disponíveis para atuação em todo o Brasil.

Por Bruno Piai