Compartilhar as principais e mais atuais tendências de mercado, falar sobre inovação, discutir o papel do “novo líder” e debater sobre a importância de se criar uma cultura diversa, inclusiva e de aprendizagem. Foram estes alguns dos objetivos do RH TopTalks 2022. O evento online, realizado nos dias 28 e 29 de abril, contou com milhares de inscrições e trouxe entrevistas, palestras, mesas de debate e mentorias comandadas por grandes nomes do mercado de trabalho brasileiro.

As palestras e entrevistas, realizadas no espaço Blue Tree Transatlântico, em São Paulo, foram divididas em duas categorias: motivadores e decisores. O primeiro grupo abriu os trabalhos do período da manhã com o papo entre a CEO do InfoJobs, Ana Paula Prado, e o moderador Daniel Consani, CEO do Grupo TopRH. O tema da conversa foi “Diversidade, inclusão e acessibilidade”, e logo de cara a executiva destacou o quanto as empresas, hoje, não podem mais ignorar a pluralidade de perfis para se manterem competitivas.

“A diversidade e a inclusão não só são temas importantes socialmente, como também trazem resultados em relação a negócios. Times diversos fazem a inovação acontecer. As pessoas são diversas. Nossos clientes, cada vez mais, valorizam a diversidade.”

Além disso, a CEO pontuou que tanto a construção de ambientes diversos, inclusivos e acessíveis não são responsabilidade única do RH, precisando ser um trabalho conjunto que envolve liderança, gestão e colaboradores. “A liderança precisa caminhar junto com o RH. Se o RH tem a estratégia, mas os líderes não a compram, o projeto não segue”.

Na sequência do evento, foi a vez da editora do RH Pra Você, Gabriela Ferigato, entrevistar o Diretor de Vendas LATAM na ADP, Alexandre Moro, em um bate-papo sobre “Criatividade e inovação”. Para ele, a pandemia da Covid-19 foi a catalisadora de uma significativa mudança de cultura nas organizações brasileiras, especialmente na aceleração de processos tecnológicos.

“Naquele momento [março de 2020], muitas empresas falavam sobre transformação digital, sobre tecnologias mais inclusivas, mas, de fato, pouco se praticava. Vimos uma reação muito rápida em busca de soluções que poderiam ajudá-las a superar tal desafio.”

De acordo com Moro, as organizações não podem mais se dar ao luxo de contarem com RHs que não sejam tomadores de decisão ou que não atuem próximos da gestão do negócio. “Não há mais espaço para o RH não ser estratégico. Quando analisamos os principais executivos, todos falam que uma grande empresa começa quando as principais posições são preenchidas pelas pessoas corretas. Temos tido grandes avanços nessa linha. A rápida adaptação durante a pandemia também refletiu como o RH precisa estar atuante”, salientou.

Para fechar a programação dos motivadores, a manhã do evento contou com a palestra “Aprendizagem Ativa (Como promover experiências de aprendizado transformadoras)”, conduzida por Roberta Campana, Diretora de Educação e Inovação na Fundação Dom Cabral.

A educadora deixou claro que um trabalho bem-sucedido de aprendizagem dentro das organizações precisa ser desenhado de modo a contar com ações coletivas. Segundo ela, “o aprendiz, sozinho, ter um papel ativo [na aprendizagem] não é suficiente. Para a aprendizagem ser efetiva, todos têm um papel ativo”.

Roberta elucidou a importância e a necessidade das organizações prepararem os seus líderes para que eles sejam multiplicadores e auxiliem no desenvolvimento de pessoas. De acordo com a diretora, porém, a aprendizagem precisa ser estratégica para ser funcional.

“A aprendizagem deve estar ligada ao fluxo de trabalho das organizações. Com o conteúdo just in time, o foco é nos problemas pontuais, no que está sendo feito agora. É muito provável que ele seja melhor absorvido.”

Decisores

A programação da tarde foi dedicada a conteúdos para profissionais da parte de planejamento e líderes de empresas. A primeira atração foi “A nova era do trabalho e a importância dos benefícios”, entrevista conduzida por Gabriela Ferigato com a VP Digital Banking da Creditas, Fernanda Zanetti. No atual mercado, no qual há, segundo Fernanda, uma “guerra por talentos”, a flexibilização de benefícios se apresenta como uma alternativa que pode fazer com que as organizações se destaquem na busca por talentos.

“A flexibilidade veio para ficar, a pandemia escancarou uma necessidade que era latente. Quando olhamos as empresas como um todo, notamos que elas são muito tradicionais na construção do pacote de benefícios. No momento em que as pessoas começaram a trabalhar dentro de casa, benefícios que não eram questionados se tornaram inadequados.”

Um dos benefícios que começa a aparecer em algumas companhias do país é a oferta de crédito consignado aos colaboradores. A ideia, que divide opiniões, é defendida pela VP, mas desde que a educação financeira esteja inclusa. “Há um tabu. Vou oferecer um consignado ao colaborador? Ele já tem uma dívida, a oferta abre a possibilidade dele ter uma vida melhor. Mas é preciso ter controle de gastos e fazer contas. Há todo um planejamento envolvido”, disse.

Finalizada a entrevista, foi a vez de Daniel Consani retornar ao palco. Desta vez, o CEO do Grupo TopRH foi o responsável pela mesa de debate “Repensando a maneira como lideramos” que trouxe Carol Azevedo, Market HR regional director Latam do Google, Fabio Rosé, Diretor Geral de Pessoas e Cultura na Dasa, e Sarah Buchwitz, VP de Marketing e Comunicação da Mastercard para o Brasil. A discussão teve uma hora de duração e trouxe diversos insights sobre o quanto a liderança mudou nos últimos anos.

Sarah levantou um ponto importante ao analisar como a postura que se espera de um líder teve significativas mudanças. “Minhas referências de liderança eram masculinas. A partir do momento que a agressividade deixa de ser um padrão e se torna um problema (…), isso te ajuda a se tornar um líder mais inspirador. Costumo dizer que é menos terninho e mais ternura”.

Na visão de Rosé, a exigência para que o líder conte com novas skills é, hoje, um fator determinante para que a liderança seja exercida com sucesso. O diretor esclareceu que o líder moderno precisa fazer da humanização um mantra para sua atuação. “Há necessidade de adaptação e de humanização, de se ter mais empatia. Isso passa por entender que quem toma as decisões não está vivenciando a realidade das pessoas, que estão mais expostas do que nunca”.

Já para Carol, é preciso que haja a compreensão de que as mudanças chegaram para ficar e novas virão. “Cada vez mais, montamos um modelo em que ajustamos as skills. os próximos meses e anos serão de muito aprendizado para funcionários e empresas”.

Após o final da mesa da discussão e um breve coffee break, a vez foi da palestra “Liderança centrada no ser humano”. As honras da apresentação ao vivo foram da Chief Revenue Officer da Sólides, Ana Meneguini. A CRO também reforçou que o líder moderno não pode mais se limitar a ter domínio técnico de suas funções, tendo que fazer das habilidades interpessoais um adicional ao seu portfólio.

“Entrar em lockdown teve muitas regras claras. Para voltarmos a conviver com trânsito, com a incerteza entre híbrido e presencial, não há. Estamos em um momento de aprendizado, por isso é tão importante olharmos para nós e para os nossos times como humanos. (…) Nunca se falou tanto em saúde mental, direito à fala, propósito. Por quê? Porque o que aconteceu [durante a pandemia] mexeu com todos e ainda não sabemos o impacto de tudo isso.”

Ana pontuou cinco dicas que, segundo ela, são determinantes para líderes que almejam realizar um trabalho que coloque as pessoas no centro. São elas:

• Conhecer, de verdade, a sua equipe;
• Estimular o autoconhecimento;
• Tratar todos como adultos;
• Entender que todos temos nuances e um nível de complexidade;
• Ouvir, questionar e aprender neste momento de retomada.

E para fechar a tarde/noite e o primeiro dia de RH TopTalks, a palestra da vez foi do Professor André Nardy, COO e Vice Reitor da SAINT PAUL Escola de Negócios. Com o tema “Liderança criativa” em mãos, Nardy enfatizou que “é necessário criar uma cultura de aprendizagem em um ambiente seguro. O papel do líder, na prática, está deixando de ser dar boas perguntas para fazer boas perguntas”.

O professor, que fez questão de deixar claro que por trás de grandes líderes há sempre grandes equipes e boas pessoas, ainda elencou sete sinais que representam uma liderança contemporânea.

• Criar sentido;
• Alinhamento e antifragilidade;
• Trabalho híbrido e retorno;
• Lidar com diferentes contextos simultaneamente;
• Ir além da ambidestridade;
• Cultura de dados e experimentação;
• Cooperação humano – Inteligência Artificial.

Todas as atrações do primeiro dia de evento, apresentadas podem ser acessadas na íntegra pelos inscritos. As palestras, entrevistas e a mesa de debate ficarão disponíveis durante 15 dias para acesso.

Mentorias

Uma das novidades do RH TopTalks 2022 foi a inclusão de mentorias, reservadas para o segundo dia de atrações. Ao todo, foram realizadas sete mentorias durante os períodos da tarde e da manhã, com assuntos variados e trazendo profissionais renomados para conduzi-las.

No período da manhã, as mentorias trataram de temas como transformação digital, saúde corporativa, LGPD e diversidade e inclusão. Elas foram guiadas, respectivamente, por Ana Paula Alves e Isabella Furbino, Analista de Dados e Head de Gente&Gestão do Tangerino, Leopoldo Veras da Rocha, Diretor Associado de Negócios & Alianças na epharma, Josmar Giovannini Jr., CEO de Conformidados, e Elizabete Scheibmayr, Diretora Executiva e Fundadora da Uzoma Diversidade.

Já à tarde, os assuntos foram cultura de aprendizagem, saúde mental e bem-estar corporativo e, por fim, gestão corporativa. O público teve a oportunidade de ser mentorado por David Dantas e Richard Vasconcelos, Diretor de Growth e CEO da LEO Learning Brasil, Alberto Ogata, Mestre em Economia da Saúde e Doutor em Medicina Preventiva, e Bernardo Leite Moreira, Sócio-Diretor da Bernardo Leite – Consultoria Empresarial.

Foram dias de muito aprendizado e trocas de conhecimento, mas o RH TopTalks não termina por aqui. Nos próximos dias, você terá acesso a um report completo do evento que será publicado aqui no RH Pra Você.