O relatório Women in the Boardroom, publicado recentemente pela Deloitte, apresenta um panorama sobre a presença de mulheres em cargos de liderança no mundo. De acordo com o estudo, apenas 6% dos CEOs globais são mulheres, e elas ocupam cerca de 23,3% dos assentos em conselhos corporativos. Além disso, apenas 8,4% desses conselhos são presididos por mulheres executivas. No ritmo atual de progresso, espera-se que essas desigualdades não sejam totalmente superadas antes de 2038.
Com esse cenário, fica evidente que acelerar essa mudança exige não somente políticas inclusivas, mas também o fortalecimento de redes de apoio e conexões estratégicas, fundamentais para abrir portas e criar oportunidades. Pensando nisso, 11 executivas de sucesso apontam algumas recomendações sobre como fazer um bom networking em eventos e se conectar da forma certa em ambientes majoritariamente masculinos, como o ecossistema de inovação e negócios, por exemplo. Confira:
Laís Macedo, Presidente do Future Is Now
“Sabemos que, ao ritmo atual, a igualdade plena ainda está distante. Para as mulheres que estão no mercado ou aspiram a cargos de liderança, minha dica é que construam uma rede de apoio sólida e procurem mentores — homens e mulheres — que incentivem o seu crescimento. Não tenham medo de se posicionar e de se colocar à frente. O caminho pode ser desafiador, mas com apoio e foco, podemos acelerar essa mudança e abrir ainda mais portas para as próximas gerações.”
Mariane Takahashi, CEO da Abstartups
“Conquistar o poder de ser ouvida e interpretada é uma vitória que apenas mulheres vão entender dentro do mercado. Acredito que o principal desafio para assumir altos cargos e gerar grandes conquistas é não desistir dos próprios objetivos. Por isso, minha dica é, acredite em si mesma e não se sabote, já terão muitos tentando fazer isso. Apenas confiando no seu próprio instinto e potencial que novas portas se abrirão.”
Raquel Sodré, CEO da Noz Comunidades
“Uma dica fundamental para mulheres se destacarem dentro do universo corporativo é ter conhecimento. Dito isso, estudar as novidades do mercado, ler livros que aprimorem seu aprendizado, fazer cursos e imersões de temas relacionados e relevantes ao seu nicho são fundamentais.”
Nara Iachan, CMO e cofundadora da Loyalme by Cuponeria
“Nos últimos anos, o número de mulheres empreendedoras no Brasil tem crescido consideravelmente, refletindo uma mudança positiva no cenário de inovação e tecnologia, historicamente dominado por homens. Quando iniciei a minha trajetória empreendedora em 2011, o ambiente era bem desafiador, com poucas mulheres em posições de liderança. Embora esse cenário esteja melhorando, ainda exige que as mulheres sejam estratégicas ao se conectarem em ambientes dominados por homens. Criar uma rede de apoio é fundamental especialmente para trocar experiências com outras mulheres que compartilham desafios semelhantes. Além disso, é importante ter a coragem de se destacar e de testar abordagens diferentes, sempre aprendendo com os erros. Mesmo quando enfrentamos estigmas ou obstáculos, é crucial a confiança na própria capacidade e a busca por conexões que potencializam o crescimento.”
Carolina Fernandes, CEO da Cubo Comunicação
“Conectar-se em ambientes majoritariamente masculinos exige, antes de tudo, autoconfiança e a capacidade de se manter fiel à sua própria voz. O verdadeiro valor de uma pessoa não está no gênero, mas na sua habilidade de trazer soluções criativas e inovadoras, desafiando o comum e enriquecendo a equipe. O marketing, nesse contexto, oferece uma vantagem única: a capacidade de unir pessoas e ideias, independentemente das diferenças. O segredo é focar no que realmente importa e, com nossa presença e força, mostrar que, como mulheres, somos essenciais para gerar transformação e resultados.”
Eduarda Gouvêa, vice-presidente do Conselho Deliberativo da Droom Investimentos
“Sempre atuei em áreas majoritariamente masculinas, e precisei aprender a me posicionar para ter a opinião considerada na mesa. É inquestionável que nós, mulheres, enfrentamos muito mais desafios para conquistar o reconhecimento que os homens. Por isso, é importante não abrirmos mão das nossas qualificações e valorizarmos nossas carreiras. Com o tempo, aprendi a assumir uma postura mais firme e sempre buscar networkings, fazer nossa presença ser notada de forma intelectual é essencial. E, por último, mas não menos importante, não duvidar da nossa capacidade. Frequentemente somos questionadas, é fundamental argumentar e defender nossa visão com firmeza. E manter a postura e a sua essência ajuda a alcançar os objetivos.”
Giuliana Bernardo, Diretora Nacional de Vendas e Execução do Grupo HEINEKEN
“Mantenha sua autenticidade e acredite em si mesma. Em ambientes onde você pode ser uma das poucas mulheres, a autoconfiança se torna ainda mais essencial e se constrói a cada pequena conquista. É normal enfrentar frustrações, mas o importante é encontrar a sua própria maneira de responder aos desafios de uma posição de liderança. Busque referências e estabeleça conexões, tanto dentro quanto fora da empresa, que possam apoiar seu crescimento e autoconhecimento. Essas pessoas nem sempre serão seus líderes diretos, mas é fundamental ter uma rede ativa de contatos que esteja alinhada com suas áreas de atuação e que possa, eventualmente, advogar por você. Conheça suas fortalezas e oportunidades de melhoria, e apoie-se nessa rede para avançar nos pontos mais críticos.”
Ana Carolina, co-CEO do Compre & Alugue Agora (CAA)
“A minha dica é: procure identificar aliados no ambiente. Em espaços dominados por homens, encontrar pessoas que estejam dispostas a ouvir e colaborar é um diferencial estratégico. Aliados ajudam a abrir portas e podem ser fundamentais para uma troca mais genuína. Perguntar e se interessar pelo trabalho e pelas ideias dessas pessoas cria uma base de respeito e confiança. No fim, o networking não é apenas sobre mostrar o que sabemos, mas também sobre criar pontes que impulsionam o crescimento de todos.”
Erica Fridman, gestora do Sororitê Fund 1
“Sabemos que o mundo dos negócios ainda é majoritariamente masculino, e isso pode assustar as mulheres na hora de fazer networking. Seria muito mais confortável estar em um ambiente mais diverso, mas essa não é a realidade atual, e, se não agirmos, podemos perder excelentes oportunidades de negócio. Minhas dicas são: seja profissional e confiante: as pessoas estão nesses eventos justamente para fazer conexões, então, não tenha medo de abordar alguém e iniciar uma conversa. Se for um evento de networking após uma sessão de palco, anote o nome de pessoas que falaram e que podem agregar algo para você. Aborde-as no happy hour usando como gancho o que foi discutido no palco, troque contatos, ofereça favores e peça ajuda também. Se não se sentir confortável para falar com homens, fale com as mulheres. Normalmente, elas são receptivas e, muitas vezes, estão sozinhas nesses eventos.”
Alcione Pereira, CEO e fundadora da Connecting Food
“Visão empresarial, inconformismo e propósito de gerar impacto socioambiental positivo são algumas das forças que vêm fazendo a diferença para transformar positivamente a vida de milhares de pessoas no Brasil. Foi essa combinação que me levou a fundar a Connecting Food, primeira foodtech brasileira de impacto social especializada em conectar excedentes alimentares, que seriam descartados por empresas, mas ainda bons para consumo, às organizações sociais que atendem pessoas em situação de vulnerabilidade social.”
Fabiana Ramos, CEO da PinePR
“A primeira dica que eu daria é: estude o ambiente e as pessoas presentes, entendendo o perfil do evento e identificando quem são os participantes mais estratégicos com quem deseja se conectar. Isso ajuda a iniciar conversas com foco e segurança. A segunda seria: fortaleça sua presença, pois em ambientes predominantemente masculinos, é comum que vozes femininas precisem se destacar para serem ouvidas. Adote uma postura confiante, com linguagem corporal firme, contato visual e um tom de voz seguro para que sua presença seja notada. E se houver outras mulheres no evento, conecte-se e apoiem-se mutuamente, essas alianças podem fortalecer redes importantes.”
Por Redação