Considerado um dos principais gastos em saúde pelas famílias brasileiras, a compra de remédios tem transformado os Programas de Benefício em Medicamentos (PBM) em uma das vantagens mais elegidas pelos colaboradores na hora de montar os próprios pacotes de benefícios – os chamados benefícios flexíveis.

De acordo com Luiz Monteiro, presidente da PBMA (Associação Brasileira das Operadoras de Plano de Medicamentos), o subsídio oferecido pelas empresas pode chegar a até 100% do valor dos remédios, fazendo com que, nos próximos cinco anos, a expectativa seja de um incremento de 20% a mais de contemplados a cada ano.

“Já consolidado no país há décadas, o sistema de PBM está instalado em mais de 40 mil farmácias pelo Brasil e já atinge mais de 30 milhões de brasileiros, que utilizam alguns dos programas geridos pelo setor. Entre eles, 2,5 milhões de brasileiros são beneficiários de programas subsidiados, nos quais o pagador institucional arca com o custo dos medicamentos prescritos”, afirma o presidente da entidade.

No entanto, Monteiro reconhece que a falta de conhecimento das pessoas em relação ao PBM ou das vantagens que o benefício oferece tanto para os colaboradores quanto para as empresas é um obstáculo a ser superado. “Uma pesquisa realizada pela PBMA mostrou que 80% dos entrevistados não sabem o que é o programa, porém, 82,3% disseram que certamente fariam uso, se tivessem essa opção dentro dos seus pacotes”, comenta.

RH TopTalks 2025

De “vale-remédio” a ferramenta de gestão de pessoas

Durante muito tempo, o PBM foi visto apenas como um “desconto em farmácia”. Hoje, o cenário é outro. As empresas perceberam que, ao facilitar o acesso aos medicamentos, reduzem o abandono de tratamentos e, consequentemente, o absenteísmo. Funcionários que conseguem seguir corretamente suas prescrições médicas tendem a faltar menos, apresentar melhor desempenho e manter um vínculo emocional mais forte com o empregador.

“Quando a empresa oferece um benefício que interfere diretamente na saúde e no bem-estar do colaborador, ela envia uma mensagem poderosa: ‘nós nos importamos com você’. Isso gera engajamento genuíno, não apenas satisfação momentânea”, afirma a especialista em Recursos Humanos, Adriana Santos, que atua há mais de 20 anos na área. Para ela, o PBM tem um papel simbólico que vai além da economia no bolso: ele reforça o propósito da organização de cuidar das pessoas.

O retorno sobre o investimento, segundo especialistas, pode ser medido de diferentes formas. Além da diminuição de afastamentos e custos médicos, há ganhos intangíveis ligados à retenção de talentos e ao fortalecimento da marca empregadora, especialmente em empresas que enfrentam desafios de rotatividade.

A nova geração de programas de benefício em medicamentos tem trazido recursos tecnológicos que ampliam o potencial de gestão. O PBM 4.0 permite que as companhias monitorem indicadores de adesão, controlem gastos e identifiquem padrões de saúde dentro da organização, tudo com segurança e conformidade com a LGPD. Esses dados ajudam o RH a direcionar ações de promoção de saúde e até a negociar condições mais vantajosas com operadoras e redes credenciadas.

“É um benefício que conversa com o futuro da gestão de pessoas. O RH deixa de atuar apenas reativamente, esperando a doença aparecer, e passa a atuar preventivamente, incentivando o cuidado e o uso responsável dos medicamentos”, observa Adriana.

O benefício faz com que os colaboradores tenham mais facilidade de acesso aos medicamentos prescritos pelos médicos e possam cuidar melhor da saúde. Já para a empresa o resultado vem com o aumento da produtividade, redução do absenteísmo e diminuição dos custos relacionados à saúde dos funcionários. “Além disso, o programa contribui para a gestão do bem-estar populacional como um todo, diminuindo os custos totais do Estado com saúde”, conclui Luiz Monteiro.