Para promover o máximo de adaptabilidade aos colaboradores diante dos desafios motivados pela chegada da pandemia da Covid-19, as empresas precisaram ir além da transição para um novo modelo de trabalho e da ajuda de custo com infraestrutura de trabalho remota. No pacote de mudanças – também para que o engajamento e o bem-estar não se perdessem diante do contexto do vírus -, os benefícios flexíveis foram incluídos na proposta de geração de valor.

Todavia, flexibilizar os benefícios não é tarefa simples. Segundo a pesquisa “HR Trends – Benefícios Corporativos no Brasil”, realizada no ano passado com mais de 600 empresas nacionais e multinacionais, quase ¼ dos respondentes consideram tal flexibilização uma das principais dores do mercado atual. Diante disso, as organizações não só buscam oferecer benefícios que vão além do tradicional, como também investem em programas de pontos, cartões unificados e outras estratégias para tentar engajar – além, claro, de adaptar os benefícios para o modelo híbrido e o trabalho remoto quando é o caso.

No “novo normal” dos benefícios corporativos, para entender um pouco melhor sobre as dinâmicas que só tendem a crescer no mercado, o RH Pra Você conversou com Júlio Brito, General Manager da Swile no Brasil. A worktech francesa conta com oito categorias de benefícios flexíveis em um único cartão e tem a inovação em seu DNA. Confira o papo:

Dois anos de pandemia

RH Pra Você: Antes de tudo, gostaria de compreender um pouco como funciona o cartão da Swile. Como ele se integra a essa realidade cada vez mais presente de benefícios corporativos?

Brito: A Swile chegou ao Brasil com a intenção de ser disruptiva. Nós prezamos pela felicidade do trabalho. Queremos envolver os colaboradores e os RHs. A flexibilização de benefícios é uma realidade, mas no Brasil a gestão flexível de trabalho se tornou mais presente no início dos anos 2000, enquanto nos EUA, por exemplo, já se falava em benefícios flexíveis na década de 1970. [A flexibilidade] vem crescendo muito e se acelerou nos últimos quatro anos, mais ainda nos últimos dias por conta do isolamento. Em razão dele, os benefícios tradicionais se tornaram um tanto quanto difíceis de serem utilizados.

A flexibilidade de benefícios é um fator preponderante para o engajamento do funcionário. A partir do momento em que há uma convergência de propósito entre colaborador e empresa, isso faz com que ele queira contribuir com um sucesso da organização e, consequentemente, com o próprio.

Trabalhamos com um cartão único com várias contas. O cartão pode ser físico e também digital, podendo ser utilizado através do aplicativo. Quando a empresa oferece vantagens flexíveis como um auxílio para mobilidade, uma bolsa de estudos, etc, ela pode direcionar o uso e promover uma oferta mais espontânea.

RH Pra Você: E uma vez que há determinadas regras sobre a utilização de alguns benefícios, tudo que envolve a unificação e a flexibilização já conta com a garantia de amparo legal, correto?

Brito: Há quatro anos, com a nova redação da legislação trabalhista, o artigo 457 da legislação previa auxílio alimentação, diárias e até alguns incentivos empresariais. Contudo, isso configurava verba trabalhista. A partir da renovação da CLT, dois artigos mudaram. O 457 passou a prever que o auxílio alimentação, objeto de recente medida provisória, não é mais considerado verba trabalhista. Ou seja, lá na frente, o funcionário não poderia incorporar o benefício como parte do salário em uma possível ação trabalhista.

Já o artigo 458 prevê auxílio à saúde, compra de aparelhos ortopédicos, tratamento dentário, campanhas de incentivo, auxílio educação e prevê que isso possa transitar na folha do funcionário sem se enquadrar como verba trabalhista e sem incidência de cargos. Olhando para isso, dentro do portfólio da Swile, com um único cartão que tem várias contas de benefícios flexíveis, é possível estar com o compliance em dia com a medida provisória e com a CLT.

RH Pra Você: O cartão unificado ainda é uma novidade. Principalmente para quem não conhece a dinâmica de uso, como na prática é feito o controle de tantos benefícios em apenas um documento?

Brito: Se uma empresa que tem um acordo coletivo de trabalho, dissídio ou espontânea vontade na oferta de um benefício, decidir, por exemplo, que R$ 500 é um valor mensal distribuído para alimentação ou refeição, esse valor não pode ser utilizado para absolutamente nada. É preciso mesmo desmistificar o cartão. Ele é único, mas composto por várias contas. É como se você acessasse sua conta bancária e lá pudesse checar diferentes valores, como de aplicações, de poupança, entre outros.

Dentro do cartão pode ter alimentação, refeição, totalmente regulamentados, e outros benefícios que a empresa queira agraciar. E dentro da flexibilidade, o colaborador pode direcionar, na Swile, valores para as contas de refeição ou alimentação. O que ele não pode fazer é o contrário.

Trabalho voltado para o RH

Além do cartão, a Swile também conta com outra iniciativa que visa facilitar o trabalho da área de Recursos Humanos. Em parceria com a influencer Jéssica Martins, que produz conteúdos voltados a temas como liderança e gestão de pessoas, a worktech criou a People Growth, plataforma destinada à interação e ao compartilhamento de conteúdos entre profissionais de RH.

“Trazer uma melhor experiência ao colaborador é um pilar da Swile e a criação dessa comunidade vai de encontro a preocupação da marca em promover ainda mais o desenvolvimento da área de Recursos Humanos, uma vez que ela é primordial para todo o tipo de empresa. O crescimento de uma companhia passa diretamente pelos RHs, seja pela seleção dos profissionais que ocuparão os cargos, até o engajamento de quem já está por lá”, afirma Júlio Brito.

Por Bruno Piai