Com o avanço da vacinação contra a covid-19 e a flexibilização das restrições sociais em diversos países, muitas empresas ao redor do mundo começam a se preparar para a realidade pós-pandêmica. No entanto, alguns fatores como mudanças nas operações, impactos econômicos e novo comportamento do consumidor devem continuar afetando as instituições – seus riscos de fraudes e programas antifraude – daqui para frente.
Para mapear a tendência dos riscos de fraude nos próximos 12 meses, uma pesquisa da Association of Certified Fraud Examinears (ACFE), em parceria com a Grant Thornton, quis saber as expectativas dos profissionais da área antifraude em 13 categorias distintas. Os resultados indicam que mais da metade dos entrevistados espera ver aumento de riscos em todas as categorias, exceto em fraude nas demonstrações financeiras. Fraude cibernética (comprometimento de e-mail comercial, hacking, ransomware e malware) e engenharia social (phishing, brandjacking e baiting), por exemplo, são as categorias com maior expectativa de aumento nas fraudes, com mais de 80% dos entrevistados prevendo o crescimento nas duas áreas de risco.
Outros riscos que devem crescer, segundo os entrevistados, são os crimes de identidade (roubo de identidade, fraude de identidade sintética e roubo de contas digitais); fraude de desemprego e fraude de pagamento (com crédito de cartão e pagamentos via dispositivos móveis). Em contraste, as categorias com a menor porcentagem de entrevistados esperando um aumento são as três principais fraudes internas ou ocupacionais: peculato de funcionário (54%), suborno e corrupção (52%) e fraude nas demonstrações financeiras (47%).
Mais da metade dos entrevistados (51%) afirmou que sua organização descobriu mais fraudes do que o normal desde o início da pandemia, e esse aumento foi significativo para cerca de 20% das empresas. Por outro lado, apenas 14% dos entrevistados disseram ter descoberto menos fraudes durante este tempo.
Para Vítor Pedrozo, sócio líder de Serviços Forense da Grant Thornton Brasil, a pandemia da Covid-19 criou um cenário muito propício para a proliferação de fraudes, principalmente por conta do significativo aumento do comércio virtual em tempos de isolamento social. “No Brasil, os sistemas antifraude das empresas vêm se modernizando ao longo dos últimos anos, mas os ataques também ficaram mais sofisticados, sobretudo nesse período de pandemia”, afirma.
“As tentativas de fraudes em 2020 quase que triplicaram, envolvendo cifras que ultrapassariam os 3 bilhões de reais. Dados divulgados em junho pela Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) e o Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil), por exemplo, dão uma dimensão do que isso representa. Segundo esses dados, 59% dos internautas brasileiros, cerca de 16,7 milhões de pessoas, sofreram algum tipo de fraude financeira nos últimos 12 meses, índice que estava em 46% em 2019. Ou seja, as fraudes crescem em número e diversificação de formas, criando um cenário desafiador para os programas antifraude das empresas para o próximo ano”, conclui.
A pesquisa da ACFE e Grant Thornton ouviu 1.539 profissionais da área antifraude das organizações, em março e abril deste ano, dos quais mais de 25% são de bancos e serviços financeiros, 21% de governos e administração pública, 13% são profissionais de serviços e 40% de outros diferentes setores.
Por Redação