Abbyland Foods, Microsoft, Orion Travel Technologies, SS Concrete Floors e Google. Estas são as cinco empresas americanas que mais contrataram imigrantes brasileiros em 2021. Os dados são de uma pesquisa realizada pelo escritório de advocacia AG Immigration a partir de dados oficiais do Departamento de Trabalho dos EUA.

As cinco companhias contrataram 142 brasileiros – ou 9,9% de todas as 1.428 admissões no período. O Brasil foi o sexto país com mais cidadãos sendo empregados nos EUA, atrás apenas de Índia, China, México, Coreia do Sul e Filipinas.

As contratações analisadas pela pesquisa foram feitas por meio de um processo chamado de “Certificação Permanente de Trabalho”, que é uma autorização que o governo concede para que as empresas possam preencher uma determinada vaga com profissionais estrangeiros.

Para cada vaga aberta, a empresa precisa preencher um formulário, no qual informa o cargo, local de trabalho, formação exigida e salário proposto para aquela posição. Além disso, a companhia precisa comprovar às autoridades que tentou realizar a contratação de um profissional equivalente dentro dos EUA por meio de anúncios em sites, jornais e na respectiva agência estadual de trabalho. Somente após esse processo – que pode durar meses –, ela é autorizada a contratar um estrangeiro, que por sua vez recebe o green card, documento que lhe dá o direito de viver e morar permanentemente no país.

“Até existem outras formas de contratação de imigrantes, em especial por meio de vistos temporários, como o H-1B. Mas o patrocínio de green cards de trabalho, que é algo permanente, vem crescendo muito, dada a escassez generalizada de mão de obra no país. Acaba sendo um incentivo maior para atrair os trabalhadores”, comenta Rodrigo Costa, CEO da AG Immigration, escritório de advocacia imigratória especializado em green cards para profissionais que buscam uma carreira nos EUA.

De acordo com ele, os números de certificação laboral servem como um termômetro da economia americana. No último relatório oficial, os EUA registraram uma taxa de desemprego de 3,5% – uma das menores dos últimos 53 anos.

Mesmo com o desemprego em patamares baixíssimos, as empresas estão com 10,7 milhões de vagas abertas. Portanto, não é de se estranhar que, sem conseguir preencher estas vagas dentro do país, as companhias recorram aos imigrantes, patrocinando o green card para eles”, observa Costa.

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Novo perfil do brasileiro

O levantamento indica que o perfil do brasileiro que vai profissionalmente para os EUA mudou. “Você ainda tem um volume grande de pessoas que vem para cá ocupar posições que não exigem qualificação acadêmica e, por isso, têm menores salários. É algo natural, pois em qualquer economia estas são as vagas que acabam sendo as mais comuns. Contudo, o que temos visto nas últimas décadas é um número crescente de brasileiros ocupando posições que exigem alta especialização. Com o avanço do ensino superior no Brasil e o acesso à informação, mais e mais brasileiros graduados e pós-graduados têm buscado carreiras nos EUA”, afirma o executivo, que há 14 anos mora no país.

O ramo da economia que mais contratou brasileiros em 2021 ainda foi o de restaurantes, cafeterias, buffets e lanchonetes, com 129 vagas preenchidas, geralmente sem necessidade de experiência prévia. São empresas como Brazilian Grill, Fogo de Chão e franqueadores do McDonald’s.

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No entanto, o segundo ramo que mais empregou cidadãos do Brasil foi o de programação e serviços computacionais, que exige profissionais altamente especializados. São empresas como Google, SAP, Uber, HP e IBM, que competem com as companhias do mundo todo na disputa por mão de obra tecnológica.

Ao todo, foram 110 brasileiros contratados por estas empresas. Se somados os empregos no ramo de editoras de softwares – o quinto que mais empregou e que compreende empresas como Microsoft e Oracle –, o total sobe para 153.

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Cargos mais visados

A pesquisa também mostra quais são os cargos mais ocupados por brasileiros que vão trabalhar nos EUA. A conclusão também é a de que os profissionais do País estão indo para posições que requerem alto nível de especialização, sobretudo, no setor de tecnologia.

De acordo com os números, 108 contratações foram para vagas de desenvolvedores. Somando-se as de analistas de sistemas, o total de profissionais ocupando cargos na área de tecnologia sobe para 162. Em seguida, aparecem empacotadores (86), preparadores de comida (68), auxiliares de limpeza, camareiras e diaristas (65) e gerentes de marketing (39).

Outros cargos também chamaram atenção. Seis brasileiros, por exemplo, foram contratados para ocupar a posição de vice-presidente em instituições financeiras (Goldman Sachs, BNP Paribas e Santander). Além disso, 27 pesquisadores e professores foram admitidos em universidades americanas por meio do green card.

Salário dos brasileiros nos EUA

Em média, os brasileiros contratados nos EUA receberam um salário anual de US$ 84 mil – o equivalente a R$ 33,6 mil por mês, na cotação atual. Obviamente, os valores variam bastante, dependendo da posição.

Enquanto o cargo de preparador de comida nos restaurantes da JJS of Atlanta, por exemplo, teve a menor remuneração identificada pela pesquisa (R$ 6,9 mil mensais), a maior foi para um desenvolvedor de softwares contratado pela Netflix e graduado pela PUC-Rio. O salário informado foi de R$ 152 mil/mês.

Outros altos salários para os brasileiros também chamaram atenção. Um economista do Goldman Sachs, por exemplo, foi admitido com o equivalente a R$ 142 mil por mês e um jornalista do LinkedIn, R$ 119 mil. Médicos também tiveram destaque, com remunerações que variaram de R$ 120 mil a R$ 149 mil mensais.

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Educação

Dos 1.428 brasileiros contratados por meio das certificações laborais em 2021, a grande maioria (520) concluiu o bacharelado, 157 tinham mestrado e 39 possuíam o doutorado. Cerca de um terço (499) declarou não ter nenhuma formação, enquanto 139 disseram ter completado o ensino médio. O restante informou ter outros tipos de formação acadêmica.

O curso superior mais comum entre os brasileiros empregados nos EUA foi o de Administração de Empresas, sendo a graduação de 157 deles. Ciência da Computação (69), Engenharia Elétrica (42), Engenharia Mecânica (41), Sistemas de Informação (40), Economia (24) e Engenharia de Computação (23) completam as primeiras colocações.

Educação superior

Em 2021, formação em administração foi a que mais garantiu a contratação de imigrantes brasileiros nos EUA

As instituições de ensino mais recorrentes entre aqueles com nível superior foram Universidade de São Paulo (USP), Universidade Presbiteriana Mackenzie, Universidade Paulista (UNIP), Fundação Getúlio Vargas (FGV), as Pontifícias Universidades Católicas de São Paulo (PUC-SP), Rio de Janeiro (PUC-Rio) e Minas Gerais (PUC Minas), Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) e Universidade Estadual Paulista (Unesp), todas com no mínimo dez ex-alunos contratados nos EUA. O levantamento, contudo, mostra que mais de 550 instituições diferentes integram a lista de alma maters dos brasileiros.

Metodologia

Os números foram levantados a partir de informações coletadas pela AG Immigration junto ao Escritório de Certificação Laboral Estrangeira do Departamento de Trabalho dos Estados Unidos.

Todos os dados são referentes ao ano fiscal de 2021 – calendário oficial usado pelos EUA para divulgação de dados do governo. O ano fiscal de 2021 vai de 1º de outubro de 2020 a 30 de setembro de 2021.

Todas as informações foram preenchidas pelas próprias empresas contratantes no ato do preenchimento da solicitação da “Certificação Permanente de Trabalho” (PERM, na sigla em inglês), documento que as autoriza a contratar um profissional estrangeiro.

Para cada vaga aberta, a empresa precisa preencher o formulário da PERM com os requisitos da vaga, salário oferecido, qualificações necessárias e evidências de que buscou profissionais equivalentes dentro do EUA (por meio de anúncios), mas não os encontrou.

Por Redação