Cerca de 86% dos profissionais de Recursos Humanos apresentam alguma defasagem em sua oratória, classificando-a como regular, ruim ou péssima. É o que mostra pesquisa realizada pela Conquer In Company, unidade de negócios da Escola Conquer focada em treinamentos corporativos, com 300 respondentes de mais de 250 empresas brasileiras. Deste total, 55% consideram-se oradores regulares, 30% consideram-se ruins e apenas 14% acreditam serem bons ou excelentes. 

Os resultados foram extraídos da ferramenta Check-up de Soft Skills, idealizada pela unidade com o intuito de mapear o estado atual dos RHs nas principais habilidades interpessoais: Produtividade, Oratória, Negociação e Influência, Liderança e Inteligência Emocional.

O mapeamento incluiu a participação de diferentes níveis hierárquicos da área de Recursos Humanos, desde assistentes e analistas até coordenadores e diretores. Na análise dos entrevistados que ocupam cargos de chefia, somente 16% avaliaram a sua oratória como boa ou excelente. A porcentagem revela que a habilidade ainda é um desafio para os líderes.

De acordo com Aline Gomes, diretora da Conquer In Company, a defasagem em oratória se deve ao não desenvolvimento desta habilidade no ensino tradicional. “Muitas habilidades essenciais são negligenciadas no modelo de educação que estamos acostumados. A oratória é uma delas e traz grande impacto no desempenho e credibilidade de figuras-chave dentro de uma organização. E é através de uma comunicação assertiva que o RH alcança o papel de destaque como elemento decisório em uma companhia”, analisa.

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Medo de falar em público ainda é grande

Quando questionados como se sentem ao serem convidados a fazer uma apresentação no trabalho, quase metade dos RHs (45%) responderam que tendem a se esquivar deste tipo de convite ou se sentem desconfortáveis ao aceitarem. Um estudo publicado pelo jornal britânico Sunday Times, em 2015, corrobora: falar em público é o medo número um de 41% das pessoas em geral, superando até mesmo o medo da própria morte.

O treinamento em Oratória é um dos dez mais procurados da Conquer In Company, que elabora cursos sobre as principais soft skills do mercado. Segundo Aline, os cinco pilares de uma boa oratória devem incluir o autoconhecimento, a respiração, a voz (dicção, volume, ritmo, ênfase e entonação), o corpo (postura, rosto, gesto e movimento) e o conteúdo da apresentação. “Todos esses elementos precisam estar de acordo com o discurso do orador. E a prática é fundamental nesse aspecto, buscando conhecer o tipo de orador que cada um é, seus pontos fortes e utilizando o corpo e a voz a favor da mensagem que se está passando, de modo a potencializá-la”, destaca.

Neste sentido, quem está falando deve apostar no controle da respiração, na fala pausada e na coerência entre a expressão facial e o conteúdo do discurso. Gestos involuntários e vícios de linguagem devem ser evitados para que não acabem se tornando o destaque da apresentação.

Um bom storytelling também é outra prática que vem dominando as técnicas de oratória. O formato escolhido para expor uma ideia pode criar uma conexão e identificação com o público, engajando-o e facilitando a memorização do que foi apresentado. “A liderança, por exemplo, precisa conduzir falas com poder de persuasão e engajamento, além de saber administrar a emoção no discurso para gerar conexão”, reforça Aline.

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Inteligência emocional e produtividade são pontos fortes dos RHs

A pesquisa da Conquer In Company também mapeou o desempenho dos entrevistados em outras soft skills. Inteligência Emocional e Produtividade foram as que apresentaram os melhores resultados. Ainda que menos de 1% dos RHs acreditem ser excelentes na primeira, 80% avaliam seu desempenho como bom (40%) ou regular (40%) na categoria. Em Produtividade, 58% dos RHs consideram-se bons ou excelentes.

Já no indicador Negociação e Influência, o resultado foi dividido: 51% avaliam positivamente a sua capacidade de negociar, enquanto o restante classifica sua performance como regular (37%), ruim (10%) ou péssima (2%). Nos cargos mais altos, por sua vez, quase 70% acreditam que a sua negociação é regular ou boa, e 23% a consideram excelente.

Na soft skill de Liderança, 47% dos RHs atribuíram pontuação boa ou excelente. A porcentagem também se reflete no recorte dos cargos de coordenadores e diretores, o que quer dizer que menos da metade dos líderes julgam exercerem a função de forma satisfatória. “Líderes são um dos principais fatores que levam um colaborador a permanecer na empresa. Eles devem reunir todas essas soft skills e serem capazes de motivar times e encabeçar mudanças. A sua atuação é, portanto, estratégica para toda a organização”, finaliza Aline. 

Por Redação