O mês do Orgulho LGBTQIAPN+ chegou ao fim, mas a necessidade por políticas mais acolhedoras, diversas e inclusivas, não. Em um cenário ainda marcado por preconceito e desigualdade, organizações que desejam se manter relevantes e éticas precisam ir além do discurso e implementar práticas concretas de acolhimento e valorização do público em questão.

Segundo levantamento da consultoria Travessia, 53% dos profissionais que fazem parte da comunidade LGBTQIAPN+ e que estão no mercado de trabalho, conhecem alguém que tenha sofrido preconceito no ambiente corporativo. Os dados acenam que o tema merece atenção e ações concretas por parte dos tomadores de decisão das grandes empresas

Para Fátima Macedo (capa), psicóloga e CEO da Mental Clean, o desafio está em transformar as políticas de diversidade em ações práticas, que garantam ambientes realmente seguros, empáticos e livres de preconceito. “Não basta a empresa oferecer uma vaga afirmativa para a diversidade, se não possui uma cultura interna capaz de acolher e incluir aquele colaborador ou colaboradora junto à equipe com ações para além do discurso e que se sustém no dia a dia”, afirma Macedo.

A psicóloga destaca algumas ações para promover a inclusão LGBTQIAPN+ nas empresas:

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Vá além das vagas afirmativas

Mais do que recrutar pessoas, é preciso oferecer condições para que elas se sintam pertencentes e respeitadas. O colaborador precisa se sentir acolhido e à vontade para ser autêntico naquele ambiente de trabalho, ou esses problemas que vão afetar sua saúde mental também vão impactar diretamente em sua produtividade e seu relacionamento com os demais membros da equipe, prejudicando também a empresa.

Sensibilize lideranças e equipes

A conscientização sobre preconceitos – inclusive os inconscientes – é essencial. É imprescindível debater o assunto dentro do ambiente interno e incorporá-lo também à cultura nas organizações.

Além disso, sensibilizar lideranças e profissionais, rompendo preconceitos que, muitas vezes, são inconscientes e decorrentes de estereótipos e estigmas que estão enraizados na sociedade devem fazer parte de iniciativas propositivas das companhias

Crie canais seguros de denúncia

É fundamental que a empresa ofereça formas confidenciais e eficazes de acolher denúncias de discriminação, com ações claras para lidar com esses casos e proteger os profissionais para que o façam sem medo de retaliação

Cuide da saúde mental dos colaboradores LGBTQIAPN+ 

Promover um ambiente acolhedor não é apenas uma questão de diversidade, mas de bem-estar. A exclusão e o preconceito têm impacto direto na saúde mental, o que reflete em motivação, entrega e na cultura organizacional como um todo, no senso de pertencimento da equipe e na forma como ela é avaliada pela sociedade, cada vez mais atenta e avessa a posicionamentos homofóbicos e preconceituosos

Estabeleça políticas claras de diversidade e inclusão

Empresas que documentam, comunicam e aplicam com seriedade suas políticas de equidade são mais eficazes na criação de uma cultura inclusiva.

“Além do impacto social positivo, estudos mostram que equipes diversas são mais inovadoras e produtivas. Empresas que promovem a inclusão colhem benefícios em criatividade, retenção de talentos e reputação institucional. A presença de pessoas LGBTQIAPN+ em posições de liderança, por exemplo, envia uma mensagem poderosa de pertencimento e reconhecimento, reforça Fátima Macedo.

Seja mês do Orgulho ou fora dele, mais do que colorir logotipos, é fundamental que as empresas assumam seu papel como agentes de transformação. Construir um ambiente de trabalho plural, respeitoso e seguro para todos é um compromisso que deve durar o ano inteiro.