Em decorrência da pandemia de Covid-19, o cenário empresarial precisou se adaptar às novas necessidades do mercado. Uma mudança visível foi o foco dado à saúde mental e ao bem-estar do colaborador e o quanto isso influencia sua vida no trabalho.
Segundo pesquisa realizada pelo Indeed com 858 trabalhadores brasileiros, 61% dos entrevistados reconsiderariam a empresa em que trabalham e provavelmente mudariam de emprego se o trabalho estivesse causando problemas de saúde mental. Já 47% deixariam sua atual ocupação se ela estivesse impactando negativamente sua saúde física.
Entre as práticas que o mercado começa a experimentar com a intenção de melhorar o bem-estar e saúde dos colaboradores está a semana reduzida. A jornada de quatro dias vem ganhando destaque no mercado e já é realidade em algumas empresas, inclusive no Brasil, que discute a implementação da Agenda do Trabalho Digno no Conselho de Ministros.
A pesquisa mostra que para 85% dos entrevistados a semana de trabalho de quatro dias melhoraria sua saúde mental e 86% afirmaram, também, que a semana reduzida melhoraria o equilíbrio entre a vida profissional e pessoal.
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A semana de quatro dias e os benefícios no trabalho
“As pessoas passam a maior parte do seu dia no trabalho, então é importante que se sintam bem nesse ambiente. Para isso, as empresas precisam desenvolver estratégias voltadas a melhorar o bem estar físico e mental dos colaboradores, com práticas que possam motivar e envolver os colaboradores durante a jornada diária de trabalho”, comenta Felipe Calbucci, diretor de vendas do Indeed Brasil. “A principal ideia por trás da semana de quatro dias é manter maior equilíbrio entre vida pessoal e profissional”, acrescenta.
Para as empresas que resolverem testar a nova tendência, as mudanças focadas no bem-estar podem ter impacto positivo no quesito produtividade, já que de acordo com a pesquisa, 74% dos entrevistados afirmam que seriam mais produtivos em uma semana que permitisse maior equilíbrio entre vida pessoal e profissional. Os dados mostram ainda que 79% dos trabalhadores concordariam em aumentar suas horas diárias de trabalho para terem uma semana de 4 dias.
O impacto da pandemia da Covid-19 não fez o mercado rever sua conduta somente em relação à saúde mental. Em meio às adaptações, mudanças e mecanismos de sobrevivência e competitividade, novidades chegaram para ficar, enquanto outras não parecem ter vida longa. Para falar sobre o “novo mundo corporativo”, o RH Pra Você Cast recebeu Rafael Ricarte, líder de produtos de carreira da Mercer Brasil, e André Vicente, Diretor Geral da Adecco no Brasil. Acesse no player abaixo ou por aqui.
“É claro que uma semana de quatro dias pode não fazer sentido para todo tipo de negócio, é preciso avaliar muito bem em quais contextos a mudança cabe. Além disso, a implementação precisa ser programada e muito bem elaborada. Junto com a mudança, é preciso uma reorganização das tarefas diárias e diminuição de ofícios dispensáveis, como por exemplo o número de reuniões extensas”, diz o diretor de vendas. “A reorganização da carga de trabalho de uma empresa pode proporcionar aos funcionários mais flexibilidade, controle do tempo e bem-estar mental/físico, aspectos muito considerados hoje em dia por candidatos a emprego e trabalhadores, conforme aponta a pesquisa”, completa.
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A importância do bem-estar no trabalho
Além da semana reduzida, outros pontos importantes precisam ser levados em consideração quando falamos de bem-estar no trabalho. O levantamento mostra que 42% dos entrevistados gostariam de ter mais flexibilidade para escolher onde trabalhar (escritório ou casa) e apenas 31% têm day off de aniversário ou dias de folga focados no bem-estar.
O equilíbrio entre o home office e o trabalho presencial também deve ser levado em consideração, já que os dados do relatório indicam que, apesar de 69% dos entrevistados concordarem que muitas vezes trabalham até mais tarde em casa e 58% admitirem que sentem que podem gerenciar melhor suas horas quando trabalham no escritório, 70% se dizem menos estressados trabalhando em casa.
“Quando o colaborador é valorizado e colocado no centro da empresa novos costumes surgem, como a demanda para modificar um modelo de trabalho. As necessidades do presente não se reparam com métodos do passado, portanto é preciso evoluir e valorizar hábitos saudáveis”, finaliza Calbucci.
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Por Redação