Cada vez mais presente nas discussões sobre os rumos da governança e da sustentabilidade, o ESG virou pauta obrigatória no mundo corporativo. Sigla para environmental, social, and corporate governance (ambiental, social e governança, em tradução livre), o tema ganhou força na medida em que influencia não só as relações internas de trabalho, mas também a perspectiva que a sociedade mantém em relação a determinado negócio ou empreendimento.
Em suma, além de boas práticas de governança, a sustentabilidade dentro da cadeia produtiva e a forma com que a empresa lida com seus colaboradores e consumidores impactam diretamente no crescimento dos negócios.
Advogado especializado em integridade e ética corporativa, Luiz Fernando Lucas afirma que o ESG já transcendeu a mera prática corporativa e se tornou uma espécie de filosofia que deve ser adotada pelos empreendedores, sejam eles grandes CEOs ou microempresários.
“Embora os números mostrem melhores resultados de grandes empresas que adotam práticas de ESG, esse modelo não tem relação somente com maiores lucros ou dividendos”, diz Lucas. “A ética é parte fundamental do ESG, e quem não absorver determinadas práticas relacionadas à integridade do negócio vai acabar ficando para trás”, acrescenta.
Para quem está interessado em se aprofundar em pautas atuais ligadas à temática ESG, o especialista sugere cinco filmes e séries sobre o tema para maratonar no final de semana:
Queda Livre – A Tragédia do Caso Boeing (Netflix, 2022)
O documentário mostra como a multinacional de aviação aeroespacial foi negligente em relação à segurança dos modelos 737 MAX, protagonistas de dois acidentes aéreos que deixaram centenas de vítimas em 2018 e 2019. O filme revela como, em determinado momento, a empresa colocou a vontade dos acionistas acima da segurança de seus voos.
“É um caso que deixa claro como a falta de ética corporativa afetou diretamente a vida dos consumidores e seus familiares, com o agravante de tragédias que tiraram centenas de vidas”, argumenta Lucas.
Golpista do Tinder (Netflix, 2022)
Nos últimos anos os aplicativos de relacionamentos se consolidaram como novas formas de se conhecer pessoas. Mas o sonho de encontrar alguém interessante por vezes esbarra na falta de ética e, neste caso, em golpes milionários. O filme conta como Simon Leviev (nome falso utilizado pelo golpista) mentia e utilizava o aplicativo Tinder para extorquir e chantagear mulheres.
“Uma simbiose entre falta de controle por parte da empresa, um usuário criminoso e a liquidez dos aplicativos, que acabou resultando em dezenas de mulheres extorquidas”, diz.
O Crime do Século (HBO Max, 2021)
Nesta minissérie documental em dois episódios, o diretor Alex Gibney, vencedor do Oscar em 2008, joga luz sobre a responsabilidade da indústria farmacêutica na epidemia de opioides nos Estados Unidos. Campanhas de marketing desonestas, prescrições médicas desnecessárias e excessivas e “vista grossa” do governo contribuíram para um cenário trágico de vício e overdoses.
Desserviço ao Consumidor (Netflix, 2019)
Do cigarro eletrônico aos fabricantes de móveis, esta série documental revela as estratégias no mundo corporativo para construir imagens por meio de propagandas enganosas e campanhas agressivas de marketing. São empresas que se vendem como sustentáveis e socialmente engajadas, mas não praticam esse modelo. No fim, as próprias corporações acabam prejudicadas e têm de lidar com os passivos ambientais e sociais.
“Bom exemplo de como a mera construção de imagem positiva não é suficiente. Na era de acesso exacerbado à informação, fica difícil esconder as más práticas corporativas”, afirma o advogado.
Seaspiracy (Netflix, 2021)
Todos os termos da sigla ESG são abordados neste documentário, que investiga as consequências da indústria da pesca. Questões como falta de responsabilidade ambiental, manipulações de selos de sustentabilidade e falta de transparência por parte das empresas que adquirem os produtos fazem parte da obra dirigida pelo cineasta britânico Ali Tabrizi.
Para saber mais
Que o ESG está em alta, você já sabe. Mas como fazer dele uma estratégia que, de fato, impacta a cultura organizacional e não é apenas um modismo? Para entender mais sobre, o CEO do Grupo TopRH, Daniel Consani, e a editora do RH Pra Você. Gabriela Ferigato, conversaram com Hugo Betlem, CPO da Bravo GRC e Presidente do Conselho do Instituto Capitalismo Consciente Brasil (ICCB). Confira no player abaixo ou clicando aqui.
Foto de capa: Netflix / Divulgação
Por Redação