A maioria das pessoas que experimentou mais de um modelo de trabalho ao longo de sua carreira tem, talvez, uma opinião formada sobre sua preferência. Na pandemia, por exemplo, que obrigou muitas empresas a estrearem um formato remoto de jornada, muitos profissionais conheceram o home ou anywhere office e, naturalmente, diferentes percepções foram estabelecidas. Enquanto alguns sequer pensam em voltar para o escritório, outros não veem a hora de poder retomar a rotina presencial. Fato, porém, é que apesar de terem suas preferências, muitos profissionais ainda não sabem como será o dia a dia pós-pandemia de seus negócios.
Para entender o que os trabalhadores esperam do trabalho remoto no pós-pandemia, o site de empregos Indeed realizou uma pesquisa com mais de 800 pessoas no Brasil. Os resultados revelaram que 42% dos brasileiros ainda não têm conhecimento sobre como será o modelo de trabalho no pós-pandemia. Ainda, 26% afirmaram já saber que irão voltar a trabalhar totalmente presencialmente e apenas 9% já foram informados que vão continuar trabalhando remotamente. Os que foram comunicados pelos empregadores que vão seguir um modelo híbrido no pós-pandemia somam 15%.
Apesar das incertezas sobre o futuro ambiente de trabalho, várias companhias cogitam manter o modelo remoto de forma permanente. Mas, segundo Felipe Calbucci, Diretor de vendas no Indeed no Brasil, para isso é necessário preparo e planejamento interno. “A pandemia levou muitas organizações a uma transformação digital repentina e, apesar de várias empresas terem, em teoria, implantado ou adaptado suas atividades ao modo remoto, isso se deu de maneira muito abrupta e muitas não forneceram suporte nem preparo para garantir a eficiência e bem-estar de seus colaboradores trabalhando de casa.”
O que os brasileiros preferem?
A maior tendência do mercado de trabalho brasileiro no pós-pandemia é um modelo híbrido. Segundo a pesquisa do Indeed, 44% dos entrevistados preferem uma rotina mais flexível, podendo escolher entre ir para o escritório ou trabalhar de casa, um percentual maior do que os que disseram que a rotina ideal seria seguir trabalhando 100% remotamente (23%). Os profissionais que preferem o modelo híbrido de trabalho são em sua maioria do setor de Vendas, Mídia e Marketing (17%) e de Educação (14%). Ainda de acordo com os dados, 42% dos funcionários afirmaram preferir ir ao escritório 3 dias por semana.
Muitas empresas e setores provaram que é possível trabalhar remotamente sem perder produtividade. E para muitos dos profissionais entrevistados o modelo home office traz diversos benefícios, como redução de gastos, flexibilidade de horários, mais tempo para tarefas familiares e maior equilíbrio entre vida pessoal e profissional. Por isso, 19% afirmaram que pretendem falar com seus superiores (chefes, gerentes) sobre continuar trabalhando a distância.
Trabalho remoto e produtividade
No entanto, apesar de tendência, o trabalho remoto ou mesmo híbrido não é unanimidade entre todos. Mesmo com 23% dos entrevistados afirmando que querem continuar trabalhando remotamente, a pesquisa do Indeed indica que 33% deles querem voltar a trabalhar no modelo 100% presencial. Para estes, o nível de eficiência na execução de tarefas e a comunicação com outros colaboradores são dois fatores decisivos para a preferência da rotina presencial. Dos entrevistados, 53% se sentem mais produtivos trabalhando presencialmente e 27% sentem falta de socializar com colegas de trabalho.
Segundo Calbucci, o longo período de confinamento combinado com a falta de estrutura, além do ambiente de trabalho em casa, são fatores a se considerar. “Apesar de ser cobiçado por muita gente, o trabalho remoto pode ser um problema sem uma estrutura adequada, por isso a produtividade pode cair. Além disso, o ambiente familiar também influencia, se há um espaço tranquilo para trabalhar, se os vizinhos são barulhentos. Há muito a se analisar e temos que lembrar que as pessoas estão há mais de um ano confinadas em casa, então não é apenas a questão do trabalho remoto mas também de não poder socializar com amigos de qualquer outra maneira. Isso pesa no dia a dia e com certeza também afeta a produtividade e eficiência”, analisa.