Desde o início da pandemia, muitas equipes se separaram do ambiente de trabalho em comum. Mesmo assim, ainda atuam em conjunto, no entanto, dispersos em vários locais devido ao regime home office, implantado às pressas diante da necessidade de impor um isolamento social como forma de conter o avanço da Covid-19. Esse contexto impactou diretamente no convívio pessoal dos colaboradores.

Em razão desse cenário, uma habilidade ganhou ainda mais força entre os funcionários das empresas: a colaboração. Ser colaborativo para atuar de forma alinhada com seus pares se tornou um item indispensável para uma equipe funcionar bem entrosada e, dessa forma, alcançar os resultados necessários. Com isso, a prática da empatia é essencial, além de ser uma importante base para esta competência.

Porém, muitos colaboradores precisam fortalecer essa base na sua carreira. No fim de 2020, a Associação Brasileira de Comunicação Empresarial (Aberje) conduziu a pesquisa inédita “Comunicação Não-Violenta nas Organizações no Brasil”. O levantamento foi aplicado nas cinco regiões do país, com 327 profissionais, em empresas nacionais e multinacionais de pequeno, médio e grande portes, de quase todos os setores da economia.

Os pesquisados elencaram as emoções que sentiam com mais frequência no ambiente de trabalho. Dos dez estados emocionais mais assinalados, cinco correspondem a sentimentos ligados às necessidades não atendidas, como ansiedade e cansaço, com 52% e 47% respectivamente, seguidos de apreensão, desânimo e frustração.

Para Susanne Andrade, especialista em desenvolvimento humano e autora do best-seller “O poder da simplicidade do mundo ágil”, ser colaborativo e atuar de forma alinhada com os colegas é indispensável para que as pessoas gerem bons sentimentos, como falta de preocupação, segurança, calma, realização e satisfação. Além disso, essa ferramenta auxilia no funcionamento da equipe como um todo e, consequentemente, no alcance dos resultados almejados.

“A crise é real e o impacto nos empregos é grande. Colaborar é um caminho fundamental para se conquistar o seu lugar, criando novos espaços, seja para o momento presente ou como alicerce para o futuro” afirma Susanne. Ela acrescenta ainda que a colaboração é uma base sólida para a construção de uma carreira.

“Ser colaborativo é uma atitude que todos levam para o resto da vida e gera bons sentimentos nos profissionais, como a calma, a segurança, o pertencimento. Isso leva a uma maior motivação para a entrega por conta de uma realização pessoal e proporciona impactos positivos nos resultados da organização. A colaboração é uma importante habilidade para as empresas se tornarem cada vez mais competitivas”, avalia

Mas como é possível desenvolver essa habilidade e agregar valor ao trabalho do time? A especialista separou três dicas simples e importantes para os colaboradores poderem fazer dessa prática um hábito, principalmente neste momento de crise.

Susanne Andrade fala sobre a importância de uma cultura de colaboração

A especialista em desenvolvimento humano Susanne Andrade

Aceite que vulnerabilidades existem

Especialmente em momentos de crise, as pessoas vivem sentimentos como o medo, apreensão, desânimo, ansiedade, frustração, cansaço e angústia, gerados pelas incertezas. Na avaliação de Susanne, esta ocasião é exatamente para lembrar que somos humanos e não super heróis.

Por isso, ela ressalta a importância de pedir ajuda, seja em relação a uma atividade que você não conseguiu concluir, ou para falar com um colega ou até mesmo um líder quando a sensação é de insegurança diante de um novo desafio. “Demonstrar vulnerabilidade em situações onde se comete erro é também essencial, o que gera novos aprendizados com a ajuda do outro”, explica.

A especialista destaca que a colaboração vai além de ajudar o outro, pois ela corresponde também a pedir ajuda, a permitir ao outro se realizar te ajudando. E assim o sentimento de apoio surge, com acolhimento e suporte, o que fortalece as pessoas. Dessa forma, você abrirá espaço para a empatia ser fortalecida na relação com o próximo. Mas, como isso acontece?

Exercite a empatia

Para que a empatia aconteça, a pessoa precisa “se colocar no lugar do outro” e “pensar na perspectiva do outro”. Dessa maneira, são gerados novos entendimentos. Ou seja, saímos do julgamento para a conexão com a realidade do próximo.

Susanne enfatiza que é uma excelente forma de exercitar a empatia diariamente quando se escuta ativamente o outro e identifica pontos em comum. “Isso gera uma sintonia instantânea e aproximação, quando o desejo de estar junto e de colaborar surge espontaneamente.”

Porém, como fazer isso nesse momento de pandemia? Como conseguir superar a distância no trabalho home office?

A especialista orienta marcar momentos de “café virtual” e de um “happy hour” para falar de questões além do trabalho, com encontros para bate-papo informal. “Nesse momento, você vai conhecer mais o ser humano que está por trás do crachá, abrindo espaços para a sintonia ser fortalecida com a empatia. Essa é uma prática que ajuda a construir um ambiente mais colaborativo, o que leva a maiores resultados para toda a equipe”, diz.

Faça networking

Além de ajudar a fortalecer o ser humano internamente, a colaboração pode representar uma importante ferramenta para se fazer networking. O colaborador demonstra seu potencial e habilidades quando ajuda alguém da equipe, de maneira natural.

De acordo com Susanne, o colaborador poderá criar um espaço para que uma outra pessoa conheça seu potencial. Isso acontece quando ele ajuda um profissional da sua empresa ou mesmo um amigo de outra organização a implementar algo que domina “Essa iniciativa é um ótimo diferencial, especialmente para quem é mais introvertido e não sabe como demonstrar suas habilidades”, finaliza.

Por Redação