O segundo dia da 50ª edição do CONARH contou com programação repleta de palestras magnas, painéis temáticos e momentos de reflexão. O evento reuniu mais de 30 mil profissionais de gestão de pessoas para discutir as questões mais relevantes e tendências em um momento decisivo de transformação digital e social.
A palestra magna “INVERSITY: Diversity Without Division”, apresentada pela palestrante internacional Karith Foster, foi um dos pontos altos. Seu conceito de “inversidade” propõe uma reflexão sobre como a diversidade pode ser usada como uma força unificadora, trazendo um novo olhar para os desafios de inclusão nas organizações.
Em seguida, o público se dividiu entre diversos painéis simultâneos, que exploraram temas cruciais para a gestão de pessoas. No painel “Comunidades de Aprendizagem”, Anderson Penha, Deborah Gouveia Abi-saber e Ligia Zotini discutiram o papel dessas comunidades como catalisadoras de inovação e troca de conhecimento dentro das empresas. Enquanto isso, no painel “Marca Empregadora & Cultura Organizacional”, Danila Ferreira, Fernando Luciano e Rhayda Rufino compartilharam estratégias para fortalecer a imagem das empresas em um mercado competitivo. O foco esteve na importância de uma cultura organizacional autêntica e bem definida para atrair e reter talentos.
No painel “Transparência Salarial”, André Augusto Rodrigues, Margrét Vilborg Bjarnadóttir e Reinaldo Fernandes debateram a importância de práticas mais transparentes em relação às políticas salariais. A adoção dessas práticas foi apontada como uma estratégia fundamental para promover a equidade de gênero e melhorar o engajamento dos colaboradores.
Já no painel “Futuro do Trabalho”, Borja Castelar, David Plink e Isabel Armani trouxeram à tona as transformações no ambiente de trabalho impulsionadas pela tecnologia e pela inteligência artificial.
O dia se encerrou com uma apresentação da atriz Denise Fraga, que usou do humor e da sensibilidade para refletir sobre questões humanas no ambiente corporativo.
A BUSUP foi parceria pelo terceiro ano consecutivo. O evento contou com a frota de ônibus executivos da BUSUP para proporcionar transporte gratuito entre a estação de metrô Santos/Imigrantes e o local do evento.
Confira outros destaques do segundo dia:
Atitude vencedoras
A palestrante e presidente do IVG (Instituto Vasselo Goldoni), Edna Goldoni (capa), ressaltou a importância de manter a postura vencedora no ambiente de trabalho, principalmente para mulheres – para tanto, ela ressaltou dados que mostram que apenas 38% dos cargos de liderança no Brasil não são ocupados por homens. Além disso, ressaltou, com base em estudos, que faltam 135 anos para que a equidade de gênero se torne uma realidade.
Para ela, a sororidade vai além de uma mera ausência de rivalidade ou competição entre mulheres, envolve o entendimento que, ao apoiar umas às outras, as mulheres podem superar obstáculos comuns, desafiar estereótipos de gênero e promover uma sociedade mais igualitária.
Até lá, a especialista incentiva a trabalhar atitudes para vencer medo, ansiedade, inércia, incertezas, focos negativos e fenômeno da impostora. “Tenho uma lista composta por 10 atitudes: autoestima, autorresponsabilidade, autoconhecimento, autoliderança, autodesenvolvimento, autoconfiança, autodisciplina, autocuidado, automotivação, autocura e recomendo que todos apliquem para serem verdadeiros vencedores”, afirma.
Inovação na saúde corporativa
Alessandro Ferri, executivo comercial da RD Saúde, anunciou uma transformação significativa na estratégia da empresa, que agora opera sob a marca RD Saúde. Ferri destacou que a nova proposta de valor vai além da oferta tradicional de medicamentos, visando acompanhar a saúde dos brasileiros em todas as fases da vida.
“Estamos transformando nossas farmácias em verdadeiros hubs de saúde, oferecendo uma gama de serviços que incluem aferição de indicadores de saúde e testes laboratoriais rápidos”, explicou. A RD Saúde busca, assim, se posicionar como um parceiro integral na jornada de saúde dos consumidores, fornecendo suporte contínuo, e não apenas no momento de tratamento de doenças.
Além disso, Ferri apresentou um case inovador de gestão de saúde corporativa, detalhando como a RD tem aplicado suas próprias soluções internas para otimizar a saúde dos colaboradores e gerar economia orçamentária.
Uma das grandes inovações reveladas foi o produto Univers Care, que reúne múltiplos serviços de saúde em uma única plataforma, integrando desde aplicativos de monitoramento de indicadores de saúde até descontos em vacinas e bioimpedância gratuita nas lojas. “Com essa nova abordagem, estamos entregando uma experiência completa, conectando cuidados coordenados e jornadas de vida saudável, tudo de forma personalizada e acessível”, afirmou.
O pilar do sucesso nas empresas
O desenvolvimento de equipes continua sendo um pilar essencial para o sucesso das empresas. Segundo Melissa Kotovski, coach, especialista em liderança e colunista do RH Pra Você, o desenvolvimento eficiente das equipes depende de ações integradas e estimuladas por líderes e um RH estratégico. “Essas ações promovem maior produtividade, engajamento, melhor performance tanto individual quanto coletiva, além de gerar um ambiente de trabalho mais positivo”, afirma. Entre as estratégias destacadas por ela, estão programas de treinamento técnico e comportamental, mentoria personalizada e coaching, além da implementação de planos de carreira claros.
A coach também vê a Inteligência Artificial como uma aliada nesse processo, facilitando a identificação de lacunas de desenvolvimento e fornecendo soluções customizadas. “A IA pode sugerir ações baseadas em dados, ajudando a otimizar o crescimento das equipes. Mas não só isso, precisamos pensar em liderança humanizada, ressaltando que as mudanças no comportamento das pessoas exigem novas abordagens de gestão”, diz.
Ela enfatizou que a humanização na liderança não apenas otimiza processos, mas também impulsiona o desenvolvimento pessoal e organizacional. Outro ponto abordado foi o equilíbrio entre sucesso e bem-estar. Kotovski acredita que isso é possível desde que o indivíduo amplie sua autoconsciência e seja responsável por sua própria transformação. “Avaliar aspectos mentais, emocionais, físicos e espirituais é essencial para criar ações que promovam crescimento pessoal”, conclui.
Confira a coluna da Melissa:
– Qual é a forma mais eficiente de desenvolver times atualmente?
– O futuro do trabalho já chegou: quais habilidades o mercado necessita
Reciprocidade no trabalho
Guilherme Dias, cofundador da Gupy, destacou os desafios enfrentados pelo RH no processo de adaptação às transformações digitais que vêm moldando o mercado de trabalho. Segundo ele, as empresas já reconhecem as mudanças nas expectativas dos talentos, como a forma de aprendizado e o que os candidatos esperam ao se candidatar a vagas. Contudo, o grande desafio está em traduzir essas novas demandas em processos práticos. “As empresas sabem que há mudanças na aquisição e gestão de talentos, mas o difícil é adaptá-las em processos já estabelecidos há anos“, afirmou Dias. Ele ressaltou, ainda, que tecnologias simples e eficazes, como as de gamificação e microaprendizado, podem ser essenciais para essa transformação.
Dias também pontuou que as novas gerações estão trazendo para o ambiente de trabalho uma expectativa de reciprocidade mais ampla, o que vai além do propósito e da remuneração. “Não basta mais oferecer um salário e esperar que o propósito mantenha o colaborador motivado. As novas gerações esperam mais: conexões pessoais e uma relação de troca real com a empresa”, destacou.
Por fim, o executivo observou que tal expectativa está influenciando outras gerações e mudando a dinâmica da relação entre empregadores e colaboradores, tornando o ambiente de trabalho mais centrado no que cada parte pode oferecer além das responsabilidades tradicionais.
Por Noelle Neves