Brasil já é líder no ranking mundial de depressão e ansiedade. A síndrome de burnout, que ganhou visibilidade com o caso da jornalista Izabella Camargo, afeta mais de 30 milhões de brasileiros.

Tudo indica que com a pandemia da Covid-19 esse quadro irá se agravar. Tem muita gente em quarentena se sentindo mais estressado, ansioso e entediado. Angústia, medo, fobia e mal humor invadiram a mente de muitos!

Nesse período de distanciamento social, a falta de atividade física e o tipo de alimentação também contribuem. Com as pessoas trabalhando em casa, acabam comendo mais.

As empresas, inclusive CEOs, já vinham discutindo há algum tempo a necessidade e o desafio de ter pessoas felizes no trabalho. E não é pra menos, a sinistralidade e o custo direto com a saúde dos colaboradores é altíssimo e não para de subir! Absenteísmo e baixa produtividade são alguns dos indicadores.

Em diversos estudos, a produtividade do brasileiro fica muito aquém de trabalhadores de outros países. Claro que questões como capacitação e instrumentos de trabalho afetam diretamente esse índice, mas a meu ver a saúde mental é a mais impactante!

Estudo liderado pela OMS estimou que os transtornos depressivos e de ansiedade custam, em perda de produtividade anual, cerca de 1 trilhão de dólares à economia global.

Você já notou a quantidade de pessoas que recorrem a remédios para controlar ansiedade? Ou abusam no uso de bebidas alcóolicas e até drogas? Olhe a seu redor! E isso não é apenas no alto escalão das empresas, muito pelo contrário, afeta todos: do porteiro ao presidente!

Definitivamente saúde mental e produtividade andam juntas, de mãos dadas.

Temos que quebrar esse ciclo, pois pessoas mais felizes deixam as empresas mais saudáveis, mais competitivas!

E veja bem, não estou falando de diminuir o ritmo de trabalho pois “novo ritmo normal do mundo” é esse. Ter um certo grau de angústia é natural, e até bem-vinda, desde que seja canalizada de forma positiva.

Tenho plena convicção que empresas e gestores que adotam iniciativas para a promoção da saúde mental e apoiam seus colaboradores nessa questão veem ganhos não apenas na saúde de todos, mas também na produtividade e competividade da empresa.

Contudo, apesar de todas as evidências, temos muito caminho a percorrer! Poucas empresas mantêm algum programa estruturado de mapeamento, monitoramento e apoio a essas questões de saúde mental. Na maioria dos casos esse tipo de programa é visto como um custo adicional.

Por outro lado, com a vinda de novas tecnologias que utilizam sofisticados algoritmos e assistente virtual, somadas a expertise de profissionais de saúde, já é possível atuar no tratamento com foco individual, facilitando a navegação entre os recursos da rede assistencial, reduzindo a progressão de doenças como depressão, ansiedade, estresse e até o burnout. Consequentemente, ganho de produtividade!

Esse é um desafio e uma enorme oportunidade para atuação estratégica do RH. Mas para isso acontecer é fundamental influenciar o CEO e o CFO da empresa, com números e ganhos financeiros que justifiquem o investimento.

O RH pode, por exemplo, criar indicadores de produtividade na empresa (e não apenas de absenteísmo). Envolver o parceiro de seguro saúde para gerir um programa preventivo. Ter metas de sinistralidade a partir do programa, etc. Tem que ter criatividade e poder de persuasão para firmar parcerias e obter aliados, não apenas internamente, mas também parceiros externos!

Já no âmbito pessoal, quero deixar algumas dicas para que cada um possa melhorar sua própria produtividade, saúde mental e qualidade de vida. São elas:

  1. Quebre o ciclo da autossabotagem. Essa é sua principal inimiga.
  2. Pare de procrastinar.
  3. Peça ajuda. Procure parceiros e aliados!
  4. Mude suas crenças, hábitos e principalmente suas atitudes.
  5. Enterre de vez a vitimização, pessimismo e ilusões como “vai melhorar”.
  6. Movimente seu corpo. Encontre um esporte ou atividade física que lhe traga prazer.
  7. Purifique sua mente. Meditação é uma ótima alternativa.
  8. Gerencie seu tempo. Defina prioridades. Aprenda a dizer “não”. O tempo é mesmo para todos.
  9. Entenda seus limites.
  10. Descanse, divirta-se! Tire um tempo pra si.
  11. Comece, dê um passo de cada vez, defina pequenas metas e continue persistindo!

Só um lembrete, não há felicidade sem entrega de resultado. Então seja inteligente, aumente sua produtividade em casa e no trabalho e seja feliz!

Sucesso e até a próxima!

Por Milton Camargo, sócio co-fundador do Grupo Empreenda, consultor & palestrante. É um dos colunistas do RH Pra Você. Foto: Divulgação. O conteúdo dessa coluna representa a opinião do colunista.