“Numa fase da minha jornada achei que o conceito de eficiência era inabalável para a Ciência da Administração. Até que, por atuais e recorrentes situações, percebi quase uma analogia entre eficiência e inovação” – Aline Sueth

Algo que sempre me intrigou na Administração é a diferenciação de atributos entre eficiência, eficácia e efetividade. E agora, meio a tantas mudanças e velozes transformações, esse repensar revigorou-se ainda mais. Afinal, o que significa cada um desses conceitos e qual faz mais sentido no cenário atual? O que devemos realmente perseguir?

Numa fase da minha jornada achei que o conceito de eficiência era inabalável para a Ciência da Administração, até que, por atuais e recorrentes situações, percebi quase um conflito entre eficiência e evolução.

Segundo fatores históricos, primeiro foi associada a Administração, pela escola da Administração Científica de F. Taylor, o conceito de eficiência. Relembrando que na época o foco estava na produção, desassociado totalmente do consumo. O intuito era garantir o melhor custo e benefício aos sistemas produtivos. Não demorou muito para Taylor progredir um pouco mais, acrescentando na Administração também o conceito de eficácia. Ou seja, produzir dentro do custo e benefício planejado, mas também com qualidade (Eficiência + Eficácia). Essa foi a Ciência da Administração criada na época e que refletiu, claro, em como seria percebido o desempenho das pessoas.

Cumprir os planos. Quanto mais iguais e repetitivas fossem as entregas individuais e coletivas, melhor. Empresas funcionando como um reloginho, tic tac, tic tac… A melhor qualidade dos funcionários era a previsibilidade. Funcionários e produções impermeáveis a tudo e a qualquer efeito que pudesse afetar a produtividade.

 

De fato, fica claro que historicamente os fatores produção e consumo foram associados a ciências diferentes. Ou seja, empenho e desempenho desconectados da performance global por não ter em perspectiva um propósito forte e direcionador. E que as heranças desse conceito forjado por Taylor, no século XX, nos acompanham até hoje.

Talvez por isso, testemunhamos tantas dificuldades na gestão atual, como:

  • Compreender e conectar congruentemente os objetivos organizacionais, perdendo tempo em justificar suas perspectivas isoladamente;
  • Um relevante número de funcionários que ainda ficam por esperar reconhecimentos e encarreiramentos relacionados ao cumprimento eficiente e/ou eficazes das suas atividades;
  • E vivenciamos também uma dicotomia entre querer inovar, falar em inovação, mas na prática, blindar demais a produtividade (efeito do foco na eficiência). Afinal, ambiente com inovação não congrega com absoluta previsibilidade.

Agora me diz, a vida atual, ainda comporta isso? Permite segregarmos as questões organizacionais, numa cadeia que não seja de causa e efeito?

A globalização, competição, transparência, sociedade em rede, exponencialidade e velocidade, criaram um cenário muito mais complexo e turbulento que os vividos por Taylor. Nessa realidade não conseguimos mais isolar processos internos ou pessoas aos fatores externos, indiretos e mesmo aleatórios a própria cadeia produtiva, incluindo fatores emocionais e até mesmo os significados mais amplos que rondam questões sociais.

Não seja eficiente.

Ou melhor, não seja apenas eficiente, nem tão pouco apenas eficaz.

Faz-se necessário mudar e habituar-se ao uso da visão de efetividade.

Efetividade está relacionada a busca do antifrágil. E a grande chave está na modulação que esse conceito trás entre fazer o que tem que ser feito, da melhor forma, atendendo as expectativas diretas e indiretas das ações. Ou seja, esse é sem dúvidas o único conceito que conecta empenho, desempenho e propósito com uma semântica só. Além disso, o único que conjuga verdadeiramente como práticas meritocráticas.

EFICIÊNCIA está relacionada ao PROCESSO, ao meio. O COMO. Podemos ser super eficientes para, inclusive, chegar ao resultado errado.

EFICÁCIA tem a ver com o alcance do RESULTADO que se espera. Como o fim. O QUÊ. Que pode ser alcanço a troco de fatores relevantes.

Porém, é a EFETIVIDADE que mais levará você ao CRESCIMENTO. Ou seja, obter constantemente resultados sólidos, competitivos e replicáveis.

Aline Sueth é palestrante, mentora e diretora de gente e gestão do Grupo Elfa. É uma das colunistas do RH Pra Você. O conteúdo dessa coluna representa a opinião da colunista. Foto: Divulgação.