Diante da pandemia do novo coronavírus que atingiu nosso planeta, a partir da minha insignificância, recolhi-me em silêncio, procurando refletir sobre o que realmente aconteceu conosco.

Difícil evitar a força dos pensamentos, que tomam conta de nossa mente e nos impulsionam a procurar por respostas objetivas, a querer entender tudo, principalmente viabilizar respostas para os desafios que diariamente vão surgindo nos vários campos da vida moderna.

Essa inércia, por assim dizer, é mais intensa ainda em um país com as deficiências e desigualdades sociais como o Brasil, infelizmente já bastante fragilizado pela falta de crescimento econômico consistente das últimas duas décadas e suas consequências no mercado de trabalho e na geração de renda.

Sou grato à vida por ter colocado no meu caminho pessoas excepcionais que me ajudaram a compreender a Vida a partir de um olhar mais orgânico, sistêmico, e, portanto, menos cartesiano como eu costumava utilizar.

Para tentar compreender o que estamos passando, nestes momentos inéditos da história contemporânea, é necessário um olhar mais sistêmico, penso. Neste sentido, minha fonte predileta de análise é Otto Sharmer – professor sênior no Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT) e co-fundador do Presencing Institute.

Segundo ele, “Quanto mais o mundo afunda em caos, desespero, confusão, maior é a nossa responsabilidade de nos aproximarmos e co-criar o que queremos ver na próxima década…”

O professor Otto Sharmer é o idealizador da Teoria U, que se constitui em uma sólida metodologia para mudança. A Teoria U se propõe a ajudar a implementar mudanças e aumentar a produtividade em organizações (que podem ser empresas, governos, escolas etc.).

A principal ideia da Teoria U é olhar para o todo em vez de dividir as questões em partes isoladas, o chamado pensamento sistêmico.

Um conceito que é central para a teoria U, chamado “presencing” (para muita gente, uma coisa é sinônimo da outra). É uma mistura das palavras “presence” (presença) e “sensing” (sentindo). Segundo o Presencing Institute (fundado por Otto Scharmer), a palavra se refere à “habilidade de sentir e trazer ao presente o melhor futuro potencial de alguém”, que é justamente a competência que o líder deve levar o grupo a desenvolver no meio da jornada ‘U’”.

Conforme bem pondera Otto Sharmer, é chegada a hora de reinventarmos nossa civilização. Continuar como vínhamos é insustentável e o planeta terra, de forma tão inteligente, nos fez parar. Toda crise tem dois lados: as coisas que precisamos abandonar e as que estão prestes a emergir. Quanto ao abandono, é interessante ver com que rapidez podemos nos adaptar como comunidade global.

De repente, descobrimos que mais da metade das reuniões que tendíamos a preencher nossos horários com, afinal, podem não ser tão necessárias e essenciais quanto as considerávamos. Então, por que nos mantemos ocupados com coisas que não são essenciais? Essa é uma excelente pergunta que podemos fazer a nós mesmos.

Na linha dos questionamentos do professor Sharmer, o que aconteceria se usássemos essa interrupção como uma oportunidade de deixar de lado tudo o que não é essencial em nossa vida, nosso trabalho e nossas rotinas institucionais?

Como poderíamos repensar como vivemos e trabalhamos juntos?

Como poderíamos reorganizar as estruturas básicas de nossa civilização?

O que, em resumo, significa: Como podemos repensar nossos sistemas econômicos, democráticos e de aprendizado de maneira a transcender as divisões ecológicas, sociais e espirituais de nosso tempo?

Novos tempos urgem novas lideranças, que nos ajudem a sair de modelos pautados pelo Ego para uma nova tomada de consciência. Insistir nos velhos paradigmas não mais será possível. Uma nova liderança em todos os campos do conhecimento e atividades, que nos ajudem a ativar fontes mais profundas de conhecimento e sabedoria.

Será necessário, segundo Sharmer, atualizar o nosso sistema operacional nas seguintes frentes:

  • infraestruturas de aprendizagem orientando-as para a aprendizagem integral da pessoa e do pensamento sistêmico;
  • infraestruturas democráticas, tornando-as mais diretas, distribuídas e dialógicas;
  • infraestruturas econômicas passando por uma mudança de uma consciência do ecossistema para um ecossistema.

Como podemos repensar e remodelar nossas várias formas de movimento de maneira que elas incorporem os princípios da cura planetária e da renovação da sociedade?

Como podemos remodelar nossas estruturas de aprendizado e liderança de maneira a mudar o foco do aprendizado no indivíduo, que costuma enaltecer o seu Ego, para o aprendizado do ecossistema, que privilegia o coletivo?

Chegou a hora de novas lideranças assumirem o caminho rumo a uma nova civilização.

Liderança para novos tempos – Do Ego para o Eco

Por Américo Figueiredo, Conselheiro Consultivo, Professor Educação Executiva em Gestão de Pessoas, Governança e Organizações, Mentor de Carreira. É um dos colunistas do RH Pra Você. O conteúdo dessa coluna representa a opinião do colunista.

 

 

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