A quarentena é definida como a separação e restrição de mobilidade das pessoas que potencialmente podem estar expostas a uma doença infecciosa, reduzindo os riscos de eles contaminarem outras pessoas. Apesar de ser utilizada como sinônimo, o isolamento se refere à separação de pessoas com diagnóstico de uma doença infecciosa daquelas não doentes.

De qualquer modo, trata-se de uma experiência ruim. Ninguém gosta da perda da liberdade, do contato com outras pessoas, da incerteza sobre o risco para a saúde e do tédio.

Apesar de se conhecer algumas experiências anteriores, como a epidemia de SARS no Canadá e na China, de ebola na Africa, a adoção da quarentena e isolamento em dimensões globais não tem precedentes na história.

No último dia 14 de março, a revista médica Lancet publicou uma revisão da literatura científica realizada por pesquisadores do King’s College de Londres sobre o impacto sobre a saúde emocional da quarentena nos trabalhadores.

 

Os autores identificaram estressores importantes durante a quarentena: (1) duração (2) medo de contaminação (3) frustração e tédio (4) falta de suprimentos (5) informação inadequada. Mas, também há fatores estressores pós-quarentena, que podem permanecer por meses ou anos, como (1) problemas financeiros (2) estigma (3) ansiedade e depressão.

A revisão constatou que a quarentena está associada, com frequência, a impactos psicológicos negativos. Pessoas com antecedentes de problemas mentais e emocionais devem ser acompanhadas com mais atenção. Os estudos demonstraram que os profissionais de saúde estão mais expostos às consequências emocionais do período de quarentena.

Alguns fatores importantes:

  1. As pessoas precisam entender claramente a situação. Informação é a chave e ela deve ser rápida e efetiva.
  2. Os profissionais precisam receber os suprimentos básicos para o trabalho e também para se manterem protegidos. Além disso, é importante que as pessoas tenham os recursos necessários para a estadia em casa (alimentação, vestuário, etc).
  3. O período de quarentena não pode ser muito longo e, de preferência, ter uma duração pré-determinada.
  4. As autoridades devem enfatizar a questão altruística do isolamento e a sua importância para a comunidade.

A área de recursos humanos precisa estar ciente de que os efeitos emocionais do período de quarentena podem se prolongar por um tempo longo após o seu término e há a necessidade de planejamento na construção de um programa de suporte, em diferentes níveis, para os profissionais, evitando impactos pessoais e na produtividade da organização.

Por Alberto Ogata, presidente da Associação Internacional de Promoção de Saúde no Ambiente de Trabalho (IAWHP). É um dos colunistas do RH Pra Você. O conteúdo dessa coluna representa a opinião do colunista. Foto: Divulgação