Resolvi escrever este artigo com o objetivo específico de dar uma contribuição para esse momento tão delicado que estamos vivendo, e, também, para contrabalancear com as notícias que recebemos a todo momento, nem sempre positivas.

Vou detalhar aspectos individuais de como nós, de uma maneira geral e específica, lidamos com as crises. Elas não acontecem uma vez na vida, sofremos crises constantes, quase o tempo todo e precisamos lidar com elas de uma forma que aprendamos seu propósito.

Como mostra o estudo do Eneagrama, instrumento importante para a jornada do autoconhecimento, existem vários tipos de personalidades que lidam com  as crises de formas diferentes. O Eneagrama é uma ferramenta que descreve as diferenças individuais, facilitando a exploração do reconhecimento de nossas características.

Nossos modelos mentais são constituídos por experiências, histórias de vida e situações diversas que impulsionam a respostas das mais variadas formas. Por isso, cada pessoa pode reagir a uma crise de forma totalmente diferente da outra. 

Mas, o que gera essa reação? Através do estudo do Eneagrama, sabemos que existem pessoas mais racionais, outras emocionais e outras instintivas, direcionando todos para formas diferentes de reagirem às diversas situações que surgem na vida. 

Assim, usando como base o Eneagrama vou discorrer como cada um dos tipos agrupados nos centros energéticos – instintivos, emocionais e racionais – agem e reagem a partir da crise.

Para quem não tem conhecimento do Eneagrama, deixo aqui um link para baixarem um ebook que explica cada um dos tipos. Veja aqui.

Então, começando pelos instintivos, como reagem a uma crise? Fazem parte desse grupo os indivíduos dos tipos 8, 9 e 1, conhecidos pelos apelidos de Chefe, Harmonizador e Perfeccionista, respectivamente.

O tipo 8 tem o poder de fazer inspirar as pessoas a caminharem junto com ele, são assertivos e apaixonados pela vida, conseguem fazer as coisas acontecerem, gostam de ajudar e a prover as vidas das pessoas. Esse tipo gosta também de assumir grandes desafios pois tomam decisões duras e resistem quando as coisas dão errado. São apegados à força e ao poder e estão acostumadas com a liderança. Por todas essas características, neste momento de crise devem se colocar na posição de transmitirem boas ideias, notícias que tragam esperança, elevar o astral das pessoas e fazer com que elas tenham um posicionamento mais positivo diante da situação. Se o tipo 8 tiver uma ação negativa ou positiva diante de uma situação, pode impactar de forma negativa ou positiva no comportamento das pessoas. É uma grande responsabilidade para o tipo 8 de agir para o bem de todos. 

O tipo 9 é uma pessoa procura a paz, o bem comum e harmonização. Tranquila, é mediadora e bastante adaptável. Mas, em momento de crise sofre muito, pois não gosta de conflitos podendo, às vezes entrar em depressão. O tipo 9, em situação de crise, deve se colocar em ação, fazer o melhor e não se recolher. Não entrar em letargia. É o momento de ser um servidor, de se colocar a favor dos outros, de manifestar sua energia em ação, e ser um grande mediador. O tipo 9 deve sempre trazer paz para qualquer situação de crise, pois tem competência para agir.

O tipo 1 é exigente, tem senso prático, alto nível de exigência, organizado e pacífico, mas se irrita demais com desorganização. É crítico e perfeccionista. O tipo 1 neste momento de crise pode auxiliar para que as normas e procedimentos sejam seguidos. Pode também  aproveitar esse momento para sair da rigidez que se impõe, minimizar a rigidez dos padrões, levar leveza para as relações.

Os tipos instintivos, como percebemos, têm a grande missão de instintivamente cuidar de si e dos demais que fazem parte das suas relações próximas e distantes.

Já os tipos emocionais são as pessoas que apresentam as personalidades dos tipos 2, 3 e 4, cujos apelidos são: Doador, Desempenhador e Romântico, respectivamente.

O tipo 2, assim como o tipo 9, tem a tendência de colocar os outros em primeiro lugar. São prestativas, gostam de ajudar, pois precisam ser amadas pelos demais, tendo como principal característica a doação. Dificilmente gostam de receber ajuda, mas podem se doar para pessoas que estão de fato precisando. São generosos, prestativos e envolventes.  O tipo 2, numa crise, deve doar seu tempo para ajudar as pessoas, praticar a meditação, doar sua atenção, carinho e reconhecimento para quem está precisando, sem esperar reconhecimento, apenas entregar o melhor que tem.

Já o que o tipo 3 pode fazer em um momento de crise é aproveitar esse tempo para colocar o pé no breque, ter fé e não fazer muitas coisas ao mesmo tempo, como se tudo dependesse apenas das suas ações. Precisa acreditar que tudo vai acontecer da melhor forma possível.  Essa fé do tipo 3 é importantíssima, pois a grande preocupação desse tipo é o que vai acontecer depois, qual o resultado. O tipo 3 deve enviar paz para todos em sua meditação, colocar-se a serviço dos que realmente precisam e entender que o seu desempenho não precisa ser algo palpável, concreto, mas sim uma boa palavra ou uma boa intenção, seguida de uma ação sem interesse pessoal, mas olhando o todo.

O tipo 4,  o romântico, tende a ser muito intenso, tanto para os sentimentos positivos como para os negativos, bastante emotivo, por vezes é individualista, pode ficar preso em 2 situações, no passado ou no futuro. Por outro lado, pode se preocupar muito com os outros, sensível,  gosta de se doar mas precisa ser reconhecido por suas ações. Esse é o momento em que o tipo 4, por ser sensível ao ambiente, pode ajudar enviando mensagens de paz, esperança, de amor, levando boa energia a todos. Precisa aproveitar esse momento para não ficar preso no seu egoísmo, mas sim de se doar totalmente a quem realmente precisa, sem esperar nada em troca. Sendo o seu melhor, reconhecendo sua força, sem precisar que outros a reconheçam para disponibilizá-la.

Os tipos emocionais tendem a sentir tristeza em momentos de crise e é desse sentimento que precisam se distanciar, cultivando a fé, a alegria e a esperança.

Já os tipos racionais, tendem a buscar fatos e dados nos momentos de crise, para lidar com o medo que sentem, emoção central das pessoas com esse tipo de personalidade. Os tipos mentais são o 5, 6 e 7, conhecidos como Observador, Cético Leal e Epicurista, respectivamente. 

O tipo 5 é observador, intelectualizado. É uma pessoa que está sempre buscando as explicações das coisas e não se permite expressar seus sentimentos. Exigente, sistemático e auto  suficiente, gosta de se isolar, e, nesse momento de crise, pode ficar ainda mais isolado. No entanto, tudo que não deve e nem precisa fazer é se isolar. Por ser muito ponderado, pode ajudar compartilhando informações  que passem tranquilidade às pessoas, ajudando-as a serem mais racionais e saírem desse ambiente de medo, de estarem mais presentes em todos os momentos dessa crise, com fatos e dados que apontem não só para o quadro pessimista, mas que tenham ponderados todos os lados e, ao mesmo tempo, que comece a ser planejado um futuro promissor.

O tipo 6 é questionador, crítico, atento e desconfiado, ansioso e realista, Por ser precavido, pode ajudar os amigos, a família a tomar medidas preventivas durante a crise. O que é fundamental para o tipo 6, nesse momento, é evitar o negativismo e pessimismo, cuidando de suas palavras e ações, para que transmita coragem, a partir de sua racionalidade e criticidade. Para isso, precisa sair da zona de medo e enfrentar seus fantasmas.  Pode também ajudar, mostrando para as pessoas quais são os “planos b”, não com coragem, força e confiança!

E ,por fim, o tipo 7, bem-humorado, otimista, criativo, divertido, sempre em busca da felicidade. Na pior das crises, com medo que algo de pior aconteça, tende a negar a gravidade da situação. Pode ajudar muito trazendo leveza ao momento, otimismo e um olho bom para a crise. Por outro lado,  pode dar um tom superficial ao que é sério. Essa é a oportunidade para o tipo 7 ir para o tipo 1 (caminho da flecha) e colocar o pé no chão, sustentar o foco no que precisa ser feito, com ordem e organização, agindo diretamente nos cuidados, procedimentos, processos, sem ilusões, garantindo a segurança sua e das pessoas que ama. É aproveitar a crise para fazer dessa situação um momento produtivo, de aprendizado. Voltar-se para dentro de si, entendendo que precisa planejar e agir objetiva e produtivamente.

Finalizando, entendo que toda crise é um grande momento de aprendizado, individual e coletivo e essa crise pela qual estamos passando é um presente, apesar da dor, da perda e das preocupações que inevitavelmente traz. Infelizmente podemos aprender pelo amor ou pela dor e agora estamos observando a necessidade de transformação, de ajuda mútua, de sintonia com o universo, com a natureza e, principalmente, da mudança de paradigmas. Assim, que cada um de nós, independentemente da personalidade, coloque-se a serviço, simplesmente isso:

Coloquem todas suas competências “a serviço” de valores e ações dignas de líderes com propósitos de transformação.

Por Profa. Dra. Fátima Motta, Sócia-Diretora da FM Consultores. É uma das colunistas do RH Pra Você. O conteúdo dessa coluna representa a opinião do colunista. Foto: Divulgação.