A pandemia da Covid-19 é uma triste realidade, mas lamentavelmente os meios de comunicação de massa elegeram a desgraça como mote para atrair audiência, no equívoco de que a alegria do palhaço é ver o circo pegar fogo. Os fatos provam o contrário, e ninguém aguenta mais a hipocrisia das faces tristonhas dos comunicadores da desgraça. A escandalosa onda de pessimismo vai passar, a vida vai continuar, mas não será a mesma!

Mais do que lamentar as vidas perdidas, o fator motivacional que fará a diferença no retomo das atividades pós-pandemia é a esperança em dias melhores! As perdas já foram contabilizadas, mas, como soe acontecer, as crises sempre produzem avanços sociais significativos que serão festejados no devido tempo.

O objetivo implícito da vida e dos empreendimentos humanos é mais do que sobreviver, é crescer e multiplicar (princípio foi extraído de outro texto)! Tudo na natureza é orientado ao sucesso, e a esperança nos leva ao futuro!

Nas pequenas empresas, o líder é o próprio empreendedor que, independentemente do bom ou mau tempo, é sempre um otimista. Nas grandes empresas, as lideranças exercem o mesmo papel, e têm, por princípio natural, ser otimista e estimular a esperança de sucesso em seus liderados. Nunca vi um líder pessimista.

Acredito que, entre outras coisas, o isolamento social acelerou o ritmo da inovação nas relações sociais através do uso de tecnologias de integração digital, coisa da qual se fala há muitos anos, mas que ainda enfrentava os obstáculos culturais para terem uso pleno.

As experiências positivas de trabalho, ensino e comércio a distância deu maior folego às ideias inovadoras. A automação que mudou a face das grandes indústrias e dos bancos passará a afetar a administração e o marketing das empresas com o mesmo grau de intensidade.

A quantidade das lojas virtuais, que cresceu exponencialmente no período de isolamento social, continuará se expandindo velozmente, mudando a face do sistema comercial.

A escola presencial, forçada a atuar virtualmente, quebrou antigos tabus, e, a exemplo das outras atividades, criou um novo paradigma.

Essas experiências representam o lado positivo da crise pandêmica e promoverão grandes mudanças sociais, principalmente no trabalho e ensino a distância. Os resultados mais do que positivos justificam sua expansão daqui por diante, o que promoverá um grande impacto social que é o retorno de grande parte dos trabalhadores para casa!

O RH, como fonte das diretrizes de gestão do pessoal, deve estar preparado e alertar os demais gestores quanto às profundas alterações no relacionamento social que virão a seguir.

O design operacional das empresas vai mudar drasticamente; o home office promoverá importantes mudanças na infraestrutura administrativa. Esvaziarão os grandes escritórios, transferirão para as casas os recursos materiais, espaço, energia, entre outras coisas. Por outro lado, exigirão nova instrumentalização de TI, novos sistemas de avaliação de desempenho e frequência, Business Intelligence, vendas digitais, reuniões virtuais e contratos de trabalho especiais, só para falar de algumas mudanças mais iminentes.

A nível individual, as mudanças não serão menores. Mais convivência familiar, economia de tempo com idas e vindas até o local de trabalho, mudanças para bairros ou localizações menos densas e residências mais espaçosas, horário flexível, adaptação de espaço para o trabalho e ensino a distância das crianças, refeições em casa, maiores gastos com energia, computadores pessoais, internet mais rápida etc.

As cidades terão consideráveis mudanças como redução da demanda de transportes urbanos, trânsito menos denso, densidade populacional, e todo o processo de adaptação a um novo estilo de vida.

A legislação trabalhista também deve sofrer alterações ou ser totalmente reformulada para regular os direitos e obrigações que o novo relacionamento entre empregados e empregadores vai suscitar.

É verdade, a vida continua, mas não será mais como era antes da pandemia.

Por Vicente Graceffi, consultor em desenvolvimento pessoal e organizacional. É um dos colunistas do RH Pra Você. O conteúdo dessa coluna representa a opinião do colunista. Foto: Divulgação.