Recentemente, o prefeito de São Paulo, Bruno Covas (PSDB), assinou um decreto que torna permanente o home office no serviço público. Muitos servidores já trabalham de casa desde o começo da pandemia. A medida pode gerar uma economia de R$ 1 bilhão em 7 anos para a prefeitura de São Paulo. No governo federal, em apenas 5 meses, entre os meses de abril e agosto, mais de R$1bilhão foi economizado com o trabalho remoto em função da redução de custos com diárias, passagens, despesas de locomoção, auxílios para os servidores e serviços de energia elétrica, cópias de documentos, comunicações, água e esgoto.

Economizar recursos públicos – dinheiro suado do trabalho de todos nós, transferido ao setor público através dos impostos – já é um ganho considerável, mas não me parece que este seja o benefício mais importante que a adoção do home office pode trazer no setor público brasileiro.

Trabalhar de casa não é para todos, mas a instituição do home office até no setor público pode mudar a forma como trabalho é encarado no Brasil. Já passou muito da hora de abolirmos a mentalidade do cartão de ponto no país. Focar na presença do funcionário no local de trabalho no horário combinado é herança de um modelo de produção fabril, onde havia a necessidade de que os operários estivessem na fábrica no horário combinado para que a linha de montagem pudesse funcionar.

Em inúmeras funções, isso não faz mais sentido hoje em dia. Quando possível, é muito melhor para o funcionário ter a flexibilidade de trabalhar no horário em que mais lhe convém e trabalhar mais em alguns dias e menos em outros, segundo sua conveniência e as necessidades do seu trabalho.

 

Aliás, trabalho não se mede pelo tempo de execução, por quão ocupado alguém está, nem sequer pela realização de tarefas. O valor do trabalho de cada um de nós depende da contribuição que ele traz para o cliente. É isso o que determina o quanto as pessoas estão dispostas a pagar por ele, independentemente de quanto tempo alguém levou para gerar aquela contribuição. Quanto antes as pessoas entenderem isso, mais chances terão de se realizarem profissionalmente, de contribuírem e ganharem mais e de inovarem mais – buscando formas de serem mais produtivas e com isso produzir e ganhar mais ou ter mais tempo para outras coisas.

Mas e a minoria que não cumprirá suas obrigações? Mais cedo ou mais tarde, será demitida. O home office requer mais responsabilidade. Para quem tiver, ele trará flexibilidade, liberdade, qualidade de vida e melhor remuneração.

Aliás, mais confiança na relação entre patrões e empregados pode ser outro legado fundamental da expansão do home office. Tomara.

Ricardo Amorim, autor do bestseller Depois da Tempestade, apresentador do Manhattan Connection, economista mais influente do Brasil segundo a Forbes e Influenciador nº 1 no LinkedIn. É um dos colunistas do RH Pra Você. O conteúdo dessa coluna representa a opinião do colunista. Foto: Divulgação.