Falar sobre inovação no RH se tornou uma discussão frequente. Porém, o que, efetivamente, é inovar na área de Recursos Humanos? O assunto foi colocado em pauta no primeiro RH Premium Debates de 2020, realizado no dia 11 de fevereiro, na Saint Paul Escola de Negócios, em São Paulo. Sob o comando do Diretor de Conteúdo do Grupo TopRH, Daniel Consani, especialistas em gestão de pessoas e empreendedorismo se reuniram para falar sobre as práticas de inovação promovidas nas organizações, em especial nos Recursos Humanos.
Kátia de Boer, Sócia e Diretora Comercial da Safe Care, ressalta, primeiramente, que hoje estamos cercados por um excesso de informações, no qual o grande desafio é saber quais são as de maior relevância e o que fazer com elas. “A tecnologia tem o papel de ajudar. Mas, é preciso saber: o que a gente faz com todos os dados que temos acesso? É uma dificuldade enfrentada por muitas empresas, seja qual for o seu porte. Ao ter a tecnologia, é importante o RH traçar caminhos para utilizá-la de uma forma eficaz”.
Para Carolina Dassie, CEO e Fundadora da Hisnek, é crucial que a tecnologia seja utilizada como um recurso a favor da humanização. A empresária pontua que, “no final do dia, o que você busca é proporcionar engajamento”. “Hoje, o diretor, o presidente da empresa, enxergam a importância do RH. Começou a ser percebido que se não cuidar das pessoas, cai a produtividade e os resultados diminuem. O RH passou a ganhar espaço e ter apoio para inovar”.
Consultora de Diversidade da Talento Incuir, Eliane Ranieri, reforça que o ser humano deve estar sempre em primeiro lugar, independentemente de qual for a tecnologia aplicada. “Tão importante quanto se modernizar é desenvolver um trabalho em prol da diversidade. O RH, por muitos anos, se ‘isolou’ do negócio. Por isso ainda se há uma dificuldade na abordagem com as pessoas e na construção de um RH mais diverso e inclusivo. A diversidade proporciona um leque de visões diferentes nos Recursos Humanos, o que é positivo para o negócio.
Além disso, a consultora explica que a postura do profissional moderno mudou. Nesse cenário, inovar também está na forma a qual a organização se adapta às transformações do mercado. “Antigamente, as pessoas aceitavam as regras da empresa. Hoje, o colaborador se colocou em uma posição de protagonismo. A organização que quer prosperar precisa encarar essa realidade, de que hoje é o profissional quem escolhe onde quer trabalhar. O indivíduo não quer ser mais um, ele quer ser único, fazer a diferença, e a empresa que oferece isso a ele tem para si um diferencial competitivo muito forte.
De acordo com uma pesquisa realizada pela Liga Insigths, plataforma de inovação, e a Gupy, empresa de recrutamento e seleção com base em inteligência artificial, para 49% das empresas com mais de 10 mil colaboradores, investir em ações e recursos inovadores faz parte da estratégia do negócio. Em contrapartida, em organizações menores, que contam com até 50 funcionários, somente 24% têm a mesma visão.
O levantamento mostra também que 31% das empresas planejam inovar em sua área de Recursos Humanos, mas ainda não colocaram as ideias em prática. Enquanto isso, 21% já começaram a modernizar o setor, enquanto 23% sequer abordam a inovação no RH.
Segundo Telma Figueiredo, Country Manager da eSolidar, é necessário que o RH, à medida que assume um perfil estratégico e não só operacional nos negócios, esteja disposto a aceitar os desafios que virão junto com a inovação. “É fundamental que o RH assuma uma nova postura e busque desmistificar junto à liderança a visão que sempre se teve dele. O RH, hoje, não deve ser isolado da liderança, mas sim trabalhar ao lado dela”, diz.
André Nardy, Vice Diretor Geral Acadêmico e COO da Saint Paul, diz que a mudança de imagem e de atuação dos Recursos Humanos é crucial para trazer profissionais qualificados para a área. “Quando você pergunta para uma criança o que ela quer ser quando crescer, ela nunca vai dizer ‘quero trabalhar com RH’. Mais do que nunca, o papel do RH é de ajudar as pessoas a encontrarem propósito, ter a sensibilidade de criar soluções de inovação que atendam a sociedade. Não somente de se moldar para trabalhar com inteligência artificial.
Ainda de acordo com a pesquisa da Liga Insights com a Gupy, os profissionais de RH que participaram do levantamento elencaram, em ordem de importância, os seguintes aspectos como prioritários para inovar:
- 52% - Avaliação de Performance;
- 49% - Engajamento dos colaboradores;
- 42% - Recrutamento e Seleção;
- 41% - People Analytics;
- 39% - Cursos e Treinamentos.
“Vivemos um período em que o RH está em uma curva de evolução que chegou à sua plenitude. O foco não deve somente em criar processos, mas sim em algo tangível e humanizado. A inovação vem do cuidado com o ser humano”, finaliza Eluard Moraes, Diretor de Recursos Humanos da Prudential Brasil.