Chuá, chuá, chuá … três, quatro, cinco, até doze vezes em um único jogo, em mudanças este é o segredo!!
Vivo o mundo corporativo há mais de 19 anos, e já me deparei com diferentes cenários de mercado, presenciei ciclos de crescimento, passei por fases de estagnação e hoje estou inserido no atual desafio de retomada (será?).
O que presenciei nestes diferentes momentos é que existem sempre oportunidades nestas constantes mudanças. Cada uma delas somos convidados a nos adaptar, a nos transformar, a nos mudar, a nos desenvolver e, a saber, priorizar novos comportamentos.
Outro dia ouvi um palestrante brincar com a palavra mudança em um evento, dizendo que o mundo está tão dinâmico que quem não Muda, Dança. Darwin se estivesse neste mesmo evento diria a mesma coisa explicando a sua famosa seleção natural.
Acredito que estar em um momento de crise é difícil, mas a mesma nos coloca na zona de desconforto, zona que mais aprendemos, seja novos conhecimentos ou ainda na pratica habitual de novos comportamentos, e isso nos faz sair da “matrix” (realidade virtual).
Brinco com a palavra “matrix” para fazer alusão ao filme que leva o nome dela. No filme, “matrix” é controle, “matrix” é o mundo irreal, que existe para nos manter sobre controle.
A brincadeira que faço de sair da “matrix”, na verdade é uma provocação para aumentarmos nosso nível de consciência (maturidade), e com isso conseguiremos solucionar nossos novos problemas decorrentes dos diferentes momentos que passamos, principalmente em virtude da elevação dos níveis de consciência.
Falando em elevar os níveis de consciência, abaixo cito as orientações que Richard Barrett destaca em seu livro “A organização dirigida por valores”:
- Educação (Família e ensino de base);
- Aprendizagem contínua (ganhos de novos conhecimentos);
- Viajando (tendo contato com diferentes culturas que nos fazem repensar verdades absolutas para nós).
Por isso, fica o recado aos leitores que são pais ou líderes de equipes, se quiserem elevar o nível de consciência dos seus querido(a)s ou seus pupilo(a)s, foquem no desenvolvimento dos três pontos acima relatados.
Acima destaco o modelo de Richard Barrett que trata dos sete níveis de consciência.
Quando reflito quais seriam os principais comportamentos que o momento de crise nos exige a praticar para transformar dificuldades em oportunidades, chego a três que “ilumino” abaixo:
- Simplicidade: Esta para mim é a principal “arma” para um momento de mudança, pois vivemos num mundo de alta complexidade, e nós seres humanos somos muito complexos, simplificar é o caminho. E para simplificar a melhor saída está no estoque de conhecimento que está nas pessoas e que são estoques que existem por não serem utilizados no dia a dia. Simplicidade não são escolhas miseráveis, são escolham de não desperdícios, de não inutilidade, de eliminar hábitos. Para Leonardo da Vinci, “simplicidade é o último grau de sofisticação”. Já para Mies Van Der Rohe simplicidade é quando “menos é mais”. Para pensar e agir simples temos que ser humildes.
- Humildade: Ter consciência que nós não nascemos prontos. E saber que na verdade não viemos nos gastando quando ficamos mais velhos e sim nascemos não prontos e vamos nos fazendo / vamos nos construindo. Ser humilde para ser simples é saber ouvir, é escutar de forma genuína e ativa. Humildade existe na convivência, no trabalho e no conhecimento. Humildade também é saber que as outras pessoas sabem o que ele não sabe, é aprendermos o quanto somos pequenos. Gente grande sabe que é pequena e por isso cresce. Sendo simples e humildade surge à oportunidade para sermos corajosos.
- Coragem: Segundo o colega Mário Sérgio Cortella, “gente que não tem medo, não é corajosa, é inconsequente, porque coragem não é ausência de medo, coragem é a capacidade de enfrentar o medo”.
“Coragem é a capacidade de enfrentar o medo” – Cortella
E tenho crenças de que pessoas e organizações, que passam por momentos de crise (mas o que tratarei não serve apenas para estes momentos difíceis), praticam a simplicidade, são humildes e corajosas, e com isso são felizes, e como só temos felicidade pela carência, ela não é contínua, o ser feliz é uma busca.
Stephen Curry do Golden State Warriors
E para conectar o título deste artigo “Chuá, chuá, chuá … três, quatro, cinco, até doze vezes em um único jogo, na crise este é o segredo”, com tudo que tratamos acima, compartilho com vocês abaixo um “case” de sucesso, que é a história de sucesso de time da NBA (liga profissional de basquete Americano) cujo nome é Golden State Warriors, e que possui Stephen Curry como o seu principal jogador.
Warriors se tornou campeão da NBA há poucos anos após uma espera de 40 anos. Talvez dentro deste período certamente eles viveram duros e longos momentos desafiadores (até crises … hoje estão em mais uma delas depois ciclos de bonança), e foi através da mudança de padrões de comportamentos, que eles se tornaram um dos maiores times da história desta competição.
Eles souberam ser simples, humildes e corajosos, mudaram estratégias e táticas de jogos fazendo às vezes o básico (não inventaram a “roda”), não chegaram prontos e ganharam maturidade jogo a jogo, e foram humildes para chegar onde estão hoje. Por fim são corajosos em arriscar e por tudo isso felizes em grupo.
Mas o que para mim mais se destaca neste “case”, é que em momentos difíceis eles arriscam e este arriscar se tornou algum tão comum, que virou rotina, e com isso eles arriscam a todo o momento.
Este arriscar está atrelado a arremessar e acertar uma média de bolas de três pontos acima dos outros. Isso leva a uma maior pontuação num jogo de basquete, em uma frequência maior que seus adversários, a distâncias não convencionais e em momentos não comuns.
Outro ponto marcante, é que nos momentos mais difíceis ou desafiadores das partidas, como os que vivemos em crises, a bola no Warriors é passada para o maior talento do time, Stephen Curry, para ele fazer a diferença da forma mais corajosa, ou seja, arriscando no que traz maior diferencial competitivo à equipe, que no basquete são os arremessos de três pontos nos segundos finais.
Curry já chegou a marcar 36 pontos em uma só partida com arremessos de 3 pontos, e na temporada de 2016 ele fez mais de 400 pontos com bolas de 3. Para se ter uma ideia o segundo colocado na história deste quesito na NBA, fez um pouco mais de 300 pontos, mas somando todas as cestas de 3 da carreira dele.
Concluo o artigo compartilhando que acredito que as mudanças de comportamento dos profissionais de uma organização, que prioriza simplicidade, humildade e coragem, e que alicerça estas mudanças na maior exposição e elevação da autonomia dos seus principais talentos em arremessos das bolas de três (projetos e ações que trazem maiores impactos organizacionais), são a que traz os resultados mais extraordinários.
Gustavo Mançanares Leme, executivo de RH com experiências em processos de transformações culturais e turn around de negócios. É um dos colunistas do Rh Pra Você. Foto: Divulgação. O conteúdo dessa coluna representa a opinião do colunista. Foto: Divulgação.