Conforme a pandemia foi melhorando e a quantidade de pessoas vacinadas foi aumentando, as rotinas começaram a se normalizar e voltar ao que eram antes da chegada da Covid-19. Porém, para muitas empresas e profissionais existe um aspecto do cotidiano corporativo que vai permanecer igual: o trabalho remoto.
Um levantamento realizado pela empresa de consultoria BMI, com 56 companhias, aponta que em 80% delas o esquema híbrido já está sendo ou será adotado nesse novo momento. Além disso, a produtividade alcançada com o home office foi indicada por 66,1% dos gestores como o principal fator para a permanência desse modelo, ainda que seja complementado por alguns dias de idas ao escritório.
O que pudemos observar nos últimos dois anos é que a experiência com o trabalho remoto foi e deve continuar sendo majoritariamente positiva. Segundo o relatório “Grandes Expectativas: permitindo que o trabalho híbrido funcione”, divulgado recentemente pela Microsoft, que aborda as tendências de trabalho para 2022, 58% dos profissionais brasileiros gostariam de trabalhar em esquema híbrido ou remoto ao longo desse ano.
A pesquisa também mostra que para 53% dos colaboradores entrevistados as preocupações com questões relacionadas à saúde e ao bem-estar estão sendo mais priorizadas do que antes da crise sanitária. Quando analisamos apenas os dados do Brasil, esse valor é ainda maior: 71%.
Outro estudo produzido pela FIA (Fundação Instituto de Administração), em parceria com a Faculdade de Economia, Administração, Contabilidade e Atuária da USP, mostra que 78% dos respondentes desejam continuar com o teletrabalho mesmo com a volta total das atividades presenciais.
É inegável que o período pandêmico causou diversas transformações na forma como enxergamos o ofício e nos relacionamos com ele. Como já comentei anteriormente nessa coluna, vivemos um momento no qual as prioridades se alteraram e o papel do trabalho na vida das pessoas mudou completamente.
E é devido a isso que, agora, existem outras questões que estão sendo levadas em consideração na hora de escolher um novo emprego ou se manter no mesmo, como localização, possibilidade de trabalhar remotamente de qualquer lugar do mundo, flexibilidade nas jornadas, sistema de metas, o quanto determinada empresa se preocupa com a saúde mental dos times e outras questões relacionadas ao lado mais pessoal e humano.
Além disso, um outro ponto que merece destaque é a capacitação dos times no teletrabalho. Há ainda uma certa dificuldade por parte das empresas de fazer com que os colaboradores realmente se engajem com os cursos e outras ações promovidas. Porém, já pudemos observar que as companhias que investem em uma boa universidade corporativa, que utilizam vídeos e ferramentas de gamificação para melhorar a interação, motivação e a qualificação das equipes, estão tendo mais êxito nesse processo.
Daqui para frente, o grande desafio a ser enfrentado pelas corporações é entender o real significado das mudanças de pensamento e comportamento das pessoas, como elas podem afetar as rotinas de trabalho e de que forma as empresas podem se organizar para atender essas novas demandas e expectativas, ao mesmo tempo em que mantêm, traz e qualifica bons profissionais, mas sem deixar de lado a busca por melhores resultados e sucesso dos negócios.
Gustavo Caetano é CEO da Samba Tech, embaixador da Reserva e autor do best seller “Pense Simples”. É um dos colunistas do RH Pra Você. O conteúdo dessa coluna representa a opinião do colunista. Foto: Divulgação.