Sou profissional muito ativo no desenvolvimento de projetos estratégicos que transformam organizações por meio da ressignificação da geração de valor da área de RH para os negócios e para as pessoas.

Em função disso, frequentemente recebo convites para participar de eventos, trocas de percepções em redes sociais e pesquisas sobre tendências em Gestão de Pessoas.

Há tempos atrás (antes da pandemia) participei de um maravilhoso e produtivo encontro com os principais executivos de RH no Brasil e América Latina, que durante alguns dias compartilharam reflexões, realizaram debates, apresentaram cases. Foram dias intensos e os principais temas debatidos seguem abaixo:

  • Panorama atual e futuro da economia brasileira e mundial;
  • Valores, cultura, engajamento e clima organizacional;
  • Liderança, identidade, vínculo e sucessão;
  • Produtividade e saúde;
  • Novos indicadores de performance;

Estes eventos sempre me dão a oportunidade de aprender a aprender, de conhecer novos caminhos (quebrando paradigmas), de enxergar novas perspectivas do cenário futuro e de fortalecer meu networking.

Além disso, diante de um grupo seleto de “bãos” profissionais, pesquisadores e fornecedores de RH, é quase impossível sairmos destes encontros sem ter tido inúmeros insights para colocar em prática rapidamente e, por isso, resolvi dar o título desta coluna, me apropriando da famosa frase de Guimarães Rosa “É junto dos bão que cê fica mió”, citada em um evento por um dos CEOs participantes, que refletiu em sua palestra que nos momentos de crise e de dificuldade são os talentos juntos que farão a diferença.

Em um mundo de constante mutação, momentos de crise fazem com que as empresas e seus profissionais tentem fazer coisas que nunca tentaram antes. São estes movimentos que geram a sua recuperação.

Daí a importância das empresas em momentos difíceis não “esgotarem” seus estoques de talentos nos desligamentos, pois sem eles as empresas terão maiores desafios para superar as crises e, na sequência, de uma recuperação de crise vem sempre um ciclo de expansão e é aí que temos que estar muito preparados para surfar a nova “onda” de sucesso (isso também nos ciclos da carreira profissional das pessoas).

Vários estudos mostram os ciclos mais comuns das economias mundiais são:

1) Esgotamento

2) Crise

3) Recuperação

4) Expansão

Com isso, uma provocação é recorrentemente feita as empresas no seu dia a dia, que é “pensar no longo prazo, mas agirmos no curto prazo”, pois acreditamos que somos um país do futuro, mas que não somos um país do presente. Isso faz com que muitas empresas não dê valor que a área estratégica de RH / Gestão de Pessoas mereça.

Outro panorama importante debatido no decorrer do evento são as diferentes mudanças que estão acontecendo e acontecerão no mundo, e que, por consequência, mudarão a força de trabalho e os negócios nos próximos anos, dentre elas destaco:

  • Energia dirigida;
  • Inteligência artificial;
  • Neuroergonomia;
  • Destruição criativa;
  • Revolução da produtividade (Manufatura, Intelectualidade e Saúde).

Estudos mostram que daqui há alguns anos os EUA deverão repatriar as fábricas (manufaturas) que eles direcionaram para outros países, em função da mão de obra destas outras nações mais baratas, e agora este movimento de retorno se viabilizará pois eles estão avançando em ações de elevação da produtividade da sua mão de obra, que poderá chegar a 27% de melhoria, ou seja, um funcionário americano fará o que três fazem em outros países menos desenvolvidos.

Em função destes avanços tecnológicos, teremos significativos impactos nas carreiras, nos vínculos organizacionais e na transformação do ser humano (já se fala dos transumanos).

Em virtude deste cenário de extrema mudança, grandes inquietações surgiram em forma de perguntas com relação aos impactos na área de RH / Gestão de Pessoas, dentre elas destaco:

  1. Quais serão ou é/são o(s) novo(s) papéis do RH / Gestão de Pessoas no presente / futuro?
  2. Quais de fato são / serão os maiores desafios do RH para gerar valor aos negócios e as pessoas?
  3. O que já devemos começar a fazer para estarmos mais prontos para apoiar ainda mais este processo de transformação?
  4. Como atuar com os antigos paradigmas da área de Recursos Humanos versus a introdução de novas iniciativas / necessidade de Recursos Autônomos?

Não tenho dúvidas que as organizações deveriam começar a atuar cada vez mais próximo dos centros de estudos e pesquisas e que por isso deveríamos ampliar os seus investimentos em pesquisa & desenvolvimento (P&D) em diferentes áreas de conhecimento em gestão empresarial.

Abaixo destaco o gráfico de P&D no mundo e vejam que é a posição do Brasil é preocupante.

 

Empresas arcam com até 75% dos investimentos em P&D no mundo

 

Neste mundo de constantes mudanças, os empregos irão “pivotar” e os que sobreviverão deverão ser aquela(e)s profissionais que gerem as suas próprias carreiras e que se destacam / destacarão por ter as seguintes competências:

1) Saber lidar com gente

2) Resolver problemas atuais e futuros (antecipar)

3) Ter criatividade

4) Autodidatismo

5) Controle emocional

6) Determinação

7) Lidar com pessoas diversas

8) Trabalho em equipe

9) Lógica argumentativa

“Bem vindo ao choque, onde o sistema de educação vai evaporar” – Paulo Vicente (Fundação Dom Cabral – FDC)

E, com estas discussões, pesquisas e reflexões, que penso no novo papel dos líderes do amanhã, pois eles também passarão (estão passando) por estas TRANSFORMAÇÕES.

Não conheço líder sem repertório e, com todas essas mudanças, o repertório dos líderes do futuro será outro.

Ao final desta coluna, queria trazer algumas contribuições da querida e competente professora Elizabeth Rezende Fernandes (Beth), da Fundação Dom Cabral (FDC), que nos apresentou em relação aos avanços da sua pesquisa e análises sobre identidade versus vínculo versus gerações, e deixou que claro que a coragem, a cooperação e a perseverança no presente e futuro serão atitudes que a cada dia serão mais vivenciadas.

Dentre inúmeros e importantes pontos que a professora Beth nos trouxe neste evento, a profundidade no entendimento de como se sustenta a identificação cultural dos profissionais em suas organizações, em se tratando da atuação dos líderes, ficou claro que entramos na Era da Colaboração.

Por isso reforço que é realmente junto dos bão que ocê fica mió, ou seja, a soma das colaborações dos ótimos profissionais, pesquisadores e parceiros ao nosso lado que de fato fazem a diferença no mundo e nas organizações que estão sempre em constante transformação e que colhem resultados extraordinários.

Obrigado pela leitura e grande abraço.

Gustavo Mançanares Leme – Executivo de RH, Conselheiro e Mentor de Startups, com experiências em processos de transformações culturais e turn around de modelo de negócios. Estrategista e especialista em práticas de excelência em desenvolvimento e performance organizacional. É um dos colunistas do Rh Pra Você. Foto: Divulgação. O conteúdo dessa coluna representa a opinião do colunista. Foto: Divulgação.