A Síndrome do Impostor é um fenômeno psicológico no qual indivíduos, mesmo estando frequentemente cercados por evidências de suas competências e realizações, sentem uma intensa insegurança sobre suas habilidades e têm medo constante de serem desmascarados como “fraudes”. Embora não seja uma desordem clínica oficial, é um padrão de comportamento que pode afetar qualquer pessoa, independentemente de seu sucesso e posição. Profissionais de RH, que frequentemente lidam com avaliações de desempenho e progressão de carreira, podem observar essa síndrome em colaboradores que, apesar de altamente qualificados e competentes, duvidam de suas capacidades e atribuem seus sucessos à sorte ou a fatores externos. Essa sensação pode ser debilitante e impactar negativamente tanto a vida profissional quanto a pessoal.
Traumas passados podem estar intimamente ligados à Síndrome do Impostor. Experiências de vida não processadas adequadamente como experiências de não atender às expectativas dos pais, excesso de julgamento e críticas severas, história de bullying ou assédio moral no trabalho, exposição e constrangimento em ambientes acadêmicos e profissionais altamente competitivos, entre outros, podem estar na base dessa síndrome. Essas experiências influenciam a percepção que a pessoa tem de si mesma, levando-a a desenvolver crenças negativas sobre suas capacidades e valor, fazendo com que o sucesso seja visto como algo não merecido ou acidental. Então, mesmo que racionalmente haja consciência de suas capacidades, a pessoa sente e reage de acordo com essas crenças irracionais (como “eu não tenho valor”, “eu sou incapaz”, “eu sou burra”, “eu sou um fracasso/ uma vergonha”). Isso pode ser muito angustiante, pois ela tem dificuldade de compreender e controlar seus próprios comportamentos e sentimentos.
A psicoterapia EMDR (Dessensibilização e Reprocessamento por Movimentos Oculares) é uma abordagem terapêutica que tem se mostrado eficaz no tratamento de traumas e pode ser particularmente benéfica para indivíduos que sofrem da Síndrome do Impostor. Através de uma série de sessões, o EMDR ajuda a reprocessar as memórias traumáticas que ficam congeladas no cérebro, diminuindo o poder que essas experiências têm (de forma inconsciente) sobre o presente e integrando internamente essas experiências de uma maneira mais saudável e construtiva. Isso pode resultar em uma maior confiança em suas habilidades e realizações, reduzindo os sentimentos de fraude e inadequação.
Se você se identificou com este artigo, experimente perceber os seus medos e inseguranças, as crenças irracionais que carrega dentro de você e buscar nas suas memórias do passado as situações em que sentiu algo semelhante. Tudo isso são pistas valiosas que irão ampliar o conhecimento do seu mundo interno e te conduzir na direção da reparação do passado e da cura.
Para os profissionais de RH, é importante reconhecer os sinais da Síndrome do Impostor e entender como ajudar os colaboradores. Promover um ambiente de trabalho que valorize a transparência, o reconhecimento e o apoio e fomentar uma cultura onde os erros são vistos como oportunidades de aprendizado e não como falhas definitivas, podem diminuir a pressão sentida por muitos profissionais. Além disso, encorajar e facilitar o acesso a terapias como a EMDR pode ser uma estratégia valiosa para ajudar os colaboradores a superarem essas barreiras psicológicas, se libertarem do passado e alcançarem o seu pleno potencial!
Rosalina Moura é Psicóloga Clínica, Organizacional e Coach. Sócio fundadora da Rumo Saudável, empresa que atua no segmento de bem-estar, saúde mental e gerenciamento do estresse em Organizações. É um das Colunistas do RH Pra Você. Foto: Divulgação.