O título é polêmico mesmo. E foi proposital, para chamar sua atenção para um assunto que aflige muitos!
Mas, de antemão, já quero logo adiantar 3 coisas….
Primeiro: Diferente do que muitos pregam por aí, eu não quero te convencer a ficar em um ambiente tóxico, em um emprego que você julga ser ruim e ainda por cima ser feliz e agradecer por estar empregado – afinal temos um elevado número de desempregados no Brasil e muitos com certeza gostariam de estar no seu lugar, isso é fato, é real!
Segundo: Também não vou incentivar que você tome qualquer decisão intempestiva, emocional e jogue tudo a perder e depois se arrependa por não ter tido uma reflexão mais profunda.
E terceiro e último: sem utopia.
Vou relatar 2 casos para facilitar o que quero transmitir.
Há cerca de uns 2 anos, acompanhei a história de um executivo comercial, que tinha uma carreira sólida e de muito sucesso em uma multinacional. Ele que simplesmente largou tudo para se dedicar a startup de um amigo.
Foi um choque para a empresa e para a família!
A excelente remuneração e todos os demais benefícios que muitos almejam não foram suficientes para que ele quisesse seguir adiante. O ambiente interno, altamente competitivo, e o modus operandi de alguns colegas o fizeram decidir por esse outro caminho.
Para esse executivo, o ambiente era tóxico, não estava lhe fazendo bem. Mas não foi uma decisão fácil… Ainda mais para quem tem 3 filhos em idade escolar e sabe que no curto prazo a perda de renda impactaria diretamente no padrão e estilo de vida da família.
Mas saiba que essa não é uma história isolada, tão incomum. Eu poderia relatar umas dezenas de casos semelhantes, que ocorrem tanto em multinacionais quanto em empresas pequenas.
Aliás, importante que saiba, que o caso que acabo de relatar, aconteceu em uma multinacional, que figura já há alguns anos, e de forma consistente, dentre as melhoras empresas para se trabalhar.
Por conta do meu convívio com profissionais de diversas empresas ao longo dos anos, sei que realmente essa multinacional é aspiracional para muita gente. E que grande parte dos colaboradores querem ou pretendem seguir carreira nela – crescer, prosperar.
Ou seja, para alguns a decisão desse executivo foi descabida, irracional… para outros foi acertada.
O ponto é que as pessoas usam critérios e vertentes muito diferentes para definir se um emprego é bom ou ruim. É uma percepção muito pessoal. O que é bom para um, pode ser ruim para outro e vice-versa.
O importante é você ter clareza sobre as suas expectativas com relação a empresa onde trabalha, e mais do que isso, ter clareza sobre a sua relação com o trabalho em si.
Digo isso, pois quando você tem essa clareza, pode gerenciar melhor as situações e tomar decisões mais acertadas. Foi por exemplo, o que aconteceu com uma profissional de tecnologia que recusou uma oferta de emprego.
Sabíamos que o ambiente da empresa onde ela estava empregada atualmente não era dos melhores. Mas ela disse o seguinte: “As decisões dentro da empresa são muito politizadas mesmo. Há um conflito entre duas diretorias. Mas eu lido bem com isso. Desenvolvo bem o meu trabalho, tenho boa sinergia com meu chefe e não trocaria o certo pelo duvidoso”.
E eu, como sempre tentando “instigar” e entender um pouco mais, perguntei se isso não gerava muito desperdício, retrabalho, perda de energia. Se a falta de espaço para novas ideias não a incomodava.
Foi quando ela respondeu de forma categórica: “Aprendi a gerenciar isso de forma saudável em minha vida quando entendi os meus motivadores. A estabilidade financeira (ganho 25% a mais que a média do mercado) e a localização me permite outros ganhos. Estou super contente aqui”
Note, apesar daquele ambiente “turbulento”, ela estava bem, feliz. As expectativas estavam sendo atendidas!
O que para alguns seria um emprego ruim, para ela era o emprego ideal!
Poderia relatar inúmeros outros casos!
O primeiro caso, que para muitos pode ser o emprego dos sonhos, não atendeu as expectativas daquele executivo. E o segundo, que muito diriam ser ruim, atendia plenamente as expectativas da profissional de tecnologia.
Quer colocar um pouco mais de “pimenta’ nessa reflexão? Quem nunca ouviu alguém dizer que adora o que faz, que adora a empresa, mas que irá buscar outras oportunidades por conta da remuneração? Você já deve ter visto pessoas mudarem de profissão por conta disso também – “Eu sou formado nisso, mas atuo fora da área devido a remuneração”.
Note quantas vaiáveis existem!
Para mim, o emprego ideal é aquele compatível com suas expectativas. Mas, atenção, cuidado para não criar expectativas utópicas, pois neste caso a frustração será real!
Para concluir, se me permite uma sugestão…
Busque o seu emprego ideal, afinal o que não dá é para ficar em um emprego desalinhado com suas expectativas. Ficar infeliz e improdutivo.
Mas, atenção, antes de iniciar a busca, reflita e reflita bem, pois talvez você já esteja no seu emprego ideal!
Seja feliz, Sucesso e até a próxima oportunidade!
Por Milton Camargo, sócio co-fundador do Grupo Empreenda, consultor & palestrante. É um dos colunistas do RH Pra Você. Foto: Divulgação. O conteúdo dessa coluna representa a opinião do colunista.