Saúde das organizações, porque considero as organizações como humanas.

1 - Assim sendo, elas também adoecem

Se formos buscar imagens representativas para pessoas 50+ felizes no trabalho, veremos o habitual: pessoas alegres, confraternizando, cuidando da sua qualidade de vida, mas não é sobre isso que queremos falar, pois o que nos é mostrado é o que está a tona.

Se buscarmos uma representação interseccional, pessoas 50, 60, 70+ , de todas as características identitárias, no trabalho, ativas e contributivas, não encontraremos. Não municiamos a IA com essas informações.

A IA nos indica como conteúdos e produtos para esse público:

  • Saúde e Bem-Estar: Artigos ou serviços relacionados à alimentação saudável, exercícios adaptados e cuidados preventivos.
  • Tecnologia e Conectividade: Tutoriais simples sobre smartphones, redes sociais e aplicativos úteis.
  • Educação e Hobbies: Cursos de idiomas, culinária, fotografia, ou música.
  • Turismo e Cultura: Viagens organizadas e eventos que combinem lazer e aprendizado.
  • Planejamento e Finanças.

Essas recomendações são para manter esse público no cercadinho da mesmice, puro etarismo! Quem disse que as pessoas 50+ querem isso para serem felizes? Elas também querem realização pelo trabalho.

Pessoas 50, 60, 70+, estão sendo incentivadas a crer no final de sua utilidade para o trabalho, com recomendações tais como: “Você precisa descansar, gozar a vida!”

Esse pressuposto nada mais é que um álibi para a “oxigenação” do quadro de funcionários, trocando o público 50+, pelos jovens. Esse não é o caminho para a convergência intergeracional e sim, para o desrespeito, desvalorização dos idosos pelos mais jovens.

2 - Violência institucional contra os 50+

Com certeza, quem assim age, está vendo o sucesso de Fernanda Montenegro aos 95 anos como algo excepcional, só possível de ser alcançado por artistas.

Não estão considerando a contradição entre o discurso de qualidade de vida no trabalho, bem-estar, e o sofrimento no trabalho decorrente da desvalorização, afastamento social, impostos a essas pessoas, apenas por causa da idade, que todos os seres vivos lutarão para alcançar, a não ser que optem pela saída da vida.

Temos centenas de exemplos de pessoas 50, 60, 70+ nos diversos segmentos da sociedade, incrivelmente contributivas.

Exemplos, tais como:

Alguém teria coragem de afastar Ester de suas atividades?

O mesmo pergunto com relação a Sueli Carneiro.

3 - Futuro do Trabalho 2025

“Pessoas 50+ Ainda Estão Aqui” e permanecerão úteis, contributivas, porque a longevidade está cada vez mais estendida e a tecnologia aplicada à saúde, cada vez mais acessível e também, oferecendo conhecimento em tempo real, para todos.

O Relatório “O Futuro do Trabalho 2025”, elaborado pelo Fórum Econômico Mundial (WEF), com a participação de 50 países, incluindo o Brasil, que contou com a participação da Fundação Dom Cabral, traz a informação das 15 funções com maior crescimento no período 2025-2030, alertando que a demanda por tecnologia levará à criação de 170 milhões de novos postos de trabalho, 14% do que é oferecido atualmente no mundo.

Big Data, Inteligência Artificial e Cibersegurança devem pautar o futuro do trabalho

Muitos pensarão: não haverá espaço para os 50+... Digo que estão subestimando, preconceituando essas pessoas. Cada caso é um caso.

O Relatório aponta também “Habilidades mais relevantes”, no qual destacam-se: resiliência (67%), flexibilidade (67%), empatia (50%) e escuta ativa (50%), o que nos remete à identificação das características dos profissionais de RH, que atuam em saúde emocional e saúde mental.

Nesta era, em que o imperativo é a tecnologia, temos este alerta:

1 a cada 5 profissionais vivencia o burnout e 95% afirmam que o bem-estar emocional afeta sua produtividade. (Fonte)

Já os especialistas da USP apontam que o Brasil está entre os países que mais apresentam pessoas ansiosas (63%) e depressivas (59%).

Assim sendo, podemos inferir:

  • Se resiliência não se aprende, adquire-se com a vivência, ao longo da vida;
  • Empatia e capacidade de escuta demandam respeito, paciência, características encontradas na maioria das pessoas 50+, por isso têm sucesso nas atividades de acolhimento e cuidado social,
  • Quanto mais avançamos em tecnologia mais precisaremos ter quem goste e cuide de gente.

BGE projeta :

2046, a população 60+ será a maior faixa etária do país, mais de 1 em cada 3 brasileiros será idoso.

Em novembro de 2024, Mórris Litvak, Jorgete Lemos, Maurício Pestana e Sueli Nascimento, apresentaram o tema “Brasil um pais de idosos - o desafio da empregabilidade e da inclusão no trabalho no presente e no futuro”, no Fórum Brasil Diverso, em painel que destacou a importância da inclusão de trabalhadores 50+ e os desafios da empregabilidade para essa faixa etária, desafios demonstrados pela quantidade ainda pouco expressiva de práticas efetivas de empresas em nosso país.

Mas, para os profissionais de RH/Gestão de Pessoas, indico uma fonte de qualidade para sua preparação em Letramento Geracional; basta ler, refletir e aderir a esse “Manifesto” da autoria da Maturi.

A Revolução da Longevidade já começou

“Nosso Manifesto

Somos a nova comunidade 50+ mostrando a sua cara. Conectar é o que nos move. Ressignificar é o que nos define.

Todos os dias talentos são banidos do mercado de trabalho por conta da idade e, de uma hora para outra, pessoas completamente ativas perdem o seu espaço... Foi justamente para mudar essa realidade que a MaturiJobs, atualmente Maturi, nasceu.

Contamos com você para construir um futuro cheio de possibilidades, no qual a idade não seja mais vista como um rótulo de validade e sim como um índice de experiência de vida. Um futuro onde o trabalho transcende qualquer outro fator que não seja a capacidade, a vontade de fazer e o propósito.

Acreditamos em um futuro onde ninguém mais decida por nós quando é hora de parar e onde todos valorizem a riqueza da troca entre as diferentes gerações. E vamos lutar por isso”. 

Agradeço a Mórris Litvak, fundador e CEO da Maturi, por autorizar o compartilhamento deste Manifesto.

Por Jorgete Lemos, CEO da Jorgete Lemos Pesquisas e Serviços – Consultoria Organizacional. É uma das Colunistas do RH Pra Você. O conteúdo desta coluna representa a opinião do colunista. Foto: Divulgação.