O fato do mundo do trabalho estar em constante transformação, impulsionado por uma onda de inovação que atinge todos os segmentos, não exige apenas uma adaptação por parte dos profissionais e empresas, mas também uma nova mentalidade. No coração dessa mudança, digitalizar o setor de Recursos Humanos (RH), movimento que podemos chamar de RH Tech, traz esse mindset para a área de gestão de pessoas.

Alguns dados já demonstram essa tendência. A Accenture, por exemplo, revela que a digitalização pode diminuir em até 50% os custos operacionais do segmento. Já a Deloitte aponta que as companhias que adotaram ferramentas digitais para o seu RH reduziram em até 40% o tempo gasto para cumprir demandas administrativas.

Ou seja, por meio de tecnologias de dados, automação e Inteligência Artificial (IA), os profissionais que atuam no setor deixam as burocracias de lado para serem estratégicos, data-driven e focados na experiência do colaborador. Essa transformação impacta toda a organização, humanizando o trabalho e liberando tempo para que a área se dedique ao que realmente importa: as pessoas.

Como estruturar um RH Tech?

Ao contrário do que muitos podem pensar, o RH Tech não é restrito a grandes corporações, uma vez que há tecnologias acessíveis para companhias de todos os portes. Independentemente da área, uma organização com poucos recursos pode incorporar, por exemplo, plataformas online para recrutamento e seleção, ferramentas de gestão de desempenho e plataformas de comunicação interna.

No entanto, mais do que simplesmente aderir a digitalização, o RH tem a oportunidade de liderar essa mudança, impulsionando os programas de desenvolvimento de habilidades digitais (digital skills) em todos os níveis da empresa.

Além disso, investir nesses programas dentro do próprio RH pode ser o primeiro passo para transformar a organização em uma verdadeira empresa data-driven, onde a tecnologia e as pessoas caminham juntas. Afinal, quem usa tecnologia precisa se empoderar dela.

Com essas competências, os profissionais do setor poderão trazer mais eficiência às suas rotinas, além de focar na criação de estratégias relacionais e humanas, e atuar de maneira menos operacional. Imagine, por exemplo, um sistema que identifica colaboradores em risco de burnout e sugere ações para melhorar seu bem-estar. Ou outro que personaliza treinamentos de acordo com as necessidades e objetivos de cada pessoa colaboradora. Ferramentas que otimizam rotinas, fornecem dados valiosos e respaldam a área de RH na tomada de decisões.

No evento RH Tech, que realizamos em maio, percebemos que muitos profissionais de RH já estão se adaptando a essa nova realidade. Esse pode ser um impulso para a área se tornar ainda mais estratégica dentro das empresas: entender que a tecnologia fornece dados e insights poderosos e, que aliada ao olhar humano, pode transformar essas informações em ações que realmente funcionem e beneficiem os colaboradores.

Afinal, o futuro se constrói no presente, e o momento de unir o melhor dos dois mundos – a eficiência da tecnologia e a sensibilidade humana – é agora.

Perspectivas para o RH Tech

O avanço tecnológico impulsiona a inovação em todas as áreas, incluindo o desenvolvimento de talentos e a criação de novas oportunidades de carreira. Por isso, o RH Tech deve exercer um papel cada vez mais importante para que as empresas se adaptem às demandas do mercado e se tornem mais competitivas.

A digitalização deste setor abre portas para novas funções, como analista de dados em RH, especialista em Employee Experience, consultor de tecnologia para RH, entre muitas outras responsabilidades que são chave para trazer essa mentalidade para dentro do setor. Portanto, as organizações que abraçarem essa tendência e investirem em capacitação para seus colaboradores estarão um passo à frente da concorrência, potencializando a produtividade e o sucesso a longo prazo.

É claro que a aderência das companhias a essa nova maneira de realizar a gestão de pessoas não deixa de fora algumas considerações éticas. Normas como a Lei Geral de Proteção de Dados Pessoais (LGPD) e legislações que abordam informações sensíveis das equipes, como gênero, raça e religião, devem ser respeitadas, garantindo que não haja um vazamento indevido de informações ou mesmo enviesamentos da base de dados.

Entendendo todos os elementos dessa equação, com certeza o RH Tech trará resultados significativos no mercado de trabalho. Como porta de entrada de talentos de uma empresa, o RH precisa estar pronto para lidar com as demandas do futuro. Afinal, como atrair os melhores profissionais, cada vez mais imersos em tecnologia, sem que a área esteja igualmente preparada para lidar com esse novo perfil?

Em um mundo cada vez mais digital, o RH não pode ser a exceção, mas sim a referência.

Adriano Almeida, é líder da Alura Para Empresas, unidade de negócios da Alura, maior ecossistema de aprendizado em tecnologia do Brasil, que apoia e impulsiona organizações com soluções de desenvolvimento de pessoas em tecnologia. É um dos colunistas do RH Pra Você. O conteúdo dessa coluna representa a opinião do colunista. Foto: Divulgação.